Após a derrubada dos vetos presidenciais ao Marco da Energia Offshore pelo Congresso, o deputado André Janones (Avante-MG) publicou um vídeo nas redes sociais. Nele, acusou a oposição — com destaque para Nikolas Ferreira (PL-MG) — de ser responsável por um possível aumento nas contas de luz até 2050.
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Janones, conhecido por seu ativismo digital e forte presença nas redes, publicou um vídeo no X (antigo Twitter) logo após a votação no plenário da Câmara dos Deputados. Em tom alarmista, afirmou:
“Pessoal, confirmado: energia elétrica mais cara para todos os brasileiros. Saindo aqui agora do plenário da Câmara dos Deputados, e agora é oficial: o deputado Nikolas Ferreira, junto com a oposição, conseguiu articular um aumento na conta de energia para todo o povo brasileiro.”
A publicação teve rápida repercussão e dividiu opiniões. No entanto, os registros da votação no Congresso desmentem a tese central do vídeo.
Diferentemente do que sugere a acusação, Janones votou a favor da derrubada dos vetos — o que, na prática, viabiliza o aumento de tarifas — enquanto Nikolas Ferreira votou contra.
Após a divulgação dos fatos, Nikolas Ferreira alegou, por meio de nota oficial, que seu voto contrário à derrubada foi registrado por engano. Segundo ele, houve uma “falha material no preenchimento da cédula”, e seu posicionamento seria, na verdade, favorável à manutenção dos vetos — ou seja, contra a proposta que pode elevar o custo da energia.
Já Janones, pressionado a explicar sua própria incoerência, justificou o voto pró-governo com o argumento de que precisava preservar vetos considerados estratégicos:
“Votei pela derrubada para preservar outros vetos importantes para o governo e, infelizmente, algumas concessões tiveram que ser feitas devido às articulações perpetradas pela oposição para derrubar todos os vetos do presidente".
Na avaliação do parlamentar, a votação fez parte de um acordo maior, no qual a base governista precisou ceder em determinados pontos para garantir a manutenção de vetos considerados prioritários.
A matéria votada altera significativamente o marco legal da geração de energia elétrica em alto-mar. Embora o texto tenha sido defendido por setores interessados na expansão das energias renováveis, como a eólica offshore, entidades como a Frente Nacional dos Consumidores de Energia (FNCE) alertam para os riscos econômicos embutidos na proposta.
Segundo estimativas da FNCE, a derrubada dos vetos pode representar um aumento de até 3,5% na conta de luz até o ano de 2050, gerando um impacto acumulado de R$ 197 bilhões para os consumidores brasileiros.
A entidade classificou a decisão do Congresso como “um retrocesso” e alertou que os incentivos concedidos às empresas do setor podem acabar sendo repassados para a população.
O episódio expõe, mais uma vez, a complexidade das negociações no Congresso Nacional e a dificuldade de separar estratégia política de responsabilidade legislativa.
No pano de fundo está um tema sensível para milhões de brasileiros: o custo da energia elétrica, que já pesa no orçamento das famílias e tende a se tornar um dos eixos centrais do debate político nos próximos meses.
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