Jennifer Ortiz é uma exilada política nicaraguense e diretora do jornal Nicaragua Investiga. Em entrevista exclusiva à Brasil Paralelo, ela detalha como foram as ameaças que sofreu e a obrigaram a fugir do país.
“Eu trabalhava no primeiro meio de comunicação que Daniel Ortega comprou naquele momento, que foi em 2009. E eu me lembro que o diretor, proprietário desse veículo, chorou e nos confessou que tudo aconteceu por conta da pressão extrema sofrida”.
Disse ainda que Daniel Ortega passou a perseguir e pressionar os meios de comunicação para que estivessem alinhados com o regime sandinista, e criou um conjunto de leis que favoreciam o controle da informação.
Desde 2008, segundo a Associação Internacional de Radiodifusão, mais de 50 meios de comunicação social foram fechados na Nicarágua.
O jornal nicaraguense mais antigo, La Prensa, foi encerrado, e o sinal do canal CNN foi cortado.
Jennifer Ortiz relata como foi obrigada a fugir do país e como o governo sandinista a ameaçava junto de outros jornalistas:
“Rosario Murillo, a vice-presidente do país, tinha enviado uma carta ao corpo diplomático acusando vários diretores de veículos de comunicação de serem terroristas e golpistas. Começamos a receber ameaças. Eram ameaças de morte por telefone, ou pelas redes sociais, ameaças que envolveram até meus filhos.”
Depois das ameaças, a jornalista relata que o grau de intimidação aumentou:
“Desde então, os paramilitares rodeiam nossa casa. Foi um alerta total, não conseguíamos dormir. Nesse momento, decidimos sair do país.”
A diretora e jornalista relata a dificuldade de fugir do país. Ela teve de entregar os filhos para um atravessador ilegal na fronteira:
“Para que mãe é fácil entregar seus filhos a um desconhecido em uma região de fronteira, que todos sabem o quanto é perigoso?”
No caminho, além da insegurança e dos riscos de se cruzar uma fronteira ilegalmente, os planos tiveram de ser mudados:
“Foi um dia terrível, que começou no dia anterior quando fomos até a fronteira para recebê-los.
A pessoa que, a princípio, iria atravessá-los, foi assaltada, eles esperaram por sete horas onde estavam e já estavam desesperados. Tivemos que mudar os planos na última hora, para trazê-los e entregá-los a um coiote que não conhecíamos.”
A tentativa não foi bem sucedida. Uma nova fuga foi planejada cinco meses depois e Jennifer Ortiz conseguiu fugir da Nicarágua com toda a sua família. Na entrevista, ela divide como se sentiu em todo o processo:
“Esse dia foi um dos piores da minha vida, porque eu passava da alegria ao pranto. Eu estava desesperada, assustada, em prantos. Eu tive sorte de poder trazer a minha família, muitos nicaraguenses não conseguiram. E Daniel Ortega é responsável por tudo isso”.
Dia 08 de fevereiro, às 20h, estreia NICARÁGUA: Liberdade Exilada. O primeiro documentário brasileiro a dar voz às pessoas que dizem ser vítimas da ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua Toque no link e saiba mais.
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