Era 2010. Jovem, cheia de planos, mãe há pouco tempo. Ela foi vista pela última vez entrando no carro de um goleiro famoso, um homem com quem tinha um passado conturbado e uma promessa de acordo.
Dias depois, silêncio.
Nenhum telefonema. Nenhuma mensagem. Nenhum corpo.
Quinze anos se passaram. O caso chocou o país, dividiu opiniões, virou série, reportagem. E mesmo com condenações na Justiça, o mistério permanece:
Neste artigo, você vai entender os principais pontos do caso que escancarou os limites da fama, da impunidade e do medo. E por que, mesmo depois de tudo, ainda restam perguntas sem resposta.
Segundo o inquérito e os depoimentos colhidos, Eliza foi sequestrada no início de junho de 2010 por Sérgio Rosa Sales (primo de Bruno, então menor de idade) e Luiz Henrique Romão (o "Macarrão", amigo de infância e assessor do goleiro).
Ela foi levada ao Rio de Janeiro e depois ao sítio de Bruno em Esmeraldas (MG), onde ficou em cárcere com o filho.
Dias depois, foi entregue a Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola", ex-policial militar acusado de ser o executor.
De acordo com o primo de Bruno, Eliza teria sido morta por estrangulamento, esquartejada e os restos dados a cães rottweilers.
Parte dos ossos, segundo o mesmo depoimento, teria sido concretada em um canil.
Nascida em Foz do Iguaçu, Eliza conheceu o ex goleiro do Flamengo em 2009, durante uma festa no Rio de Janeiro. Eles teriam se envolvido, mas, segundo Bruno, o encontro foi casual.
Eliza engravidou e afirmou que o filho era do jogador. Bruno negou a paternidade e teria pressionado pela realização de um aborto. Ela se recusou a fazer:
“Essa mulher é maluca. Não está grávida de mim”.
Mesmo sem laços formais, o relacionamento se tornou conflituoso.
Eliza Samudio relatou ter sido agredida por Bruno, seu amigo Luiz Henrique Romão, conhecido como “Macarrão”, e outros dois homens.
Segundo seu depoimento, ela foi levada ao apartamento do goleiro, onde teria sido mantida em cativeiro, ameaçada de morte caso não abortasse. Ela foi forçada a ingerir substâncias abortivas e agredida fisicamente.
Após cerca de 12 horas sob efeito das substâncias, foi liberada no dia seguinte.
Em outubro de 2009, procurou uma delegacia da mulher e denunciou Bruno e seus comparsas:
“Ele falou ‘Se você for à delegacia ou a qualquer lugar, eu vou atrás de você. Mato você, mato sua família, mato suas amigas — porque eu sei onde está cada uma.’”
A Justiça negou o pedido de medida protetiva, alegando que não havia vínculo formal entre os dois.
Mesmo sob risco, Eliza manteve a gestação. Em fevereiro de 2010, nasceu Bruno Samudio, fruto da relação com o goleiro. Com o nascimento, a pressão aumentou. Ela buscava o reconhecimento legal da paternidade e o direito à pensão alimentícia.
Bruno, por sua vez, passou a enfrentar desgaste público, especialmente com o Flamengo e patrocinadores.
Foi nesse contexto que Bruno fez uma proposta: ofereceu-se para reconhecer o filho, comprar um apartamento e estabilizar a situação. Para isso, pediu que Eliza viajasse para se encontrarem pessoalmente. Ela aceitou. E nunca mais foi vista.
Eliza foi sequestrada pelo primo do goleiro Bruno, então menor de idade, com a ajuda do Macarrão.
Após ser levada ao apartamento do jogador no Rio de Janeiro, onde também estavam Bruno e sua amante, Fernanda Gomes. Enquanto Eliza era mantida em cativeiro, Fernanda cuidava do bebê do casal.
Após algumas horas, o grupo viajou para um motel em Contagem (MG) e, em seguida, seguiu para o sítio de Bruno no município de Esmeraldas.
Lá, o goleiro teria feito um churrasco, enquanto Eliza e o filho permaneciam trancados em um dos quartos. Eles ficaram no local por alguns dias.
No dia 10 de junho, Eliza foi levada ao encontro de Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, apontado como o executor do crime.
Segundo depoimentos colhidos durante as investigações, ela foi levada para o sítio de Bola, onde teria sido assassinada.
Testemunhas relataram que Eliza foi estrangulada, esquartejada e teve os restos jogados para cães rottweilers. Parte do que sobrou teria sido concretada, impedindo a localização do corpo até hoje.
Para apagar os vestígios do crime, Bruno teria mandado queimar os pertences de Eliza que estavam em seu sítio.
O corpo de Eliza Samudio nunca foi encontrado. Até hoje, os restos mortais permanecem desaparecidos, o que gerou dúvidas sobre a possibilidade de condenação sem cadáver.
A Justiça, porém, baseou-se em depoimentos, provas circunstanciais, escutas e laudos periciais para concluir o homicídio.
Apesar da ausência de corpo, os réus foram condenados com base no conjunto de provas apresentado.
A principal testemunha, o primo de Bruno, detalhou todo o crime, mas acabou morto pouco antes do julgamento. Ele foi baleado em 2012, em uma possível queima de arquivo.
Bruno Samudio foi criado pela avó materna, Sônia Moura. Viveu sob tutela da família de Eliza, e teve a paternidade reconhecida judicialmente após exame de DNA.
Hoje, o jovem atua como goleiro nas categorias de base do Botafogo e, recentemente, foi convocado para a Seleção Brasileira de Futebol Sub-15.
O julgamento ocorreu em etapas. Em novembro de 2012, “Macarrão” e Fernanda Gomes (amante do goleiro) foram condenados.
Em março de 2013, foi a vez de Bruno:
No mês seguinte, Bola foi condenado a 22 anos. Segundo os autos, ele teria sido pago para executar o crime e ocultar os vestígios.
A frieza dos depoimentos e o desprezo pela vida humana impressionaram o júri.
Bruno Fernandes foi condenado em 2013 a 22 anos e 3 meses de prisão pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, sequestro, cárcere privado e ocultação de cadáver.
Em 2019, obteve progressão para o regime semiaberto.
Desde então, passou por diversos clubes do interior, o que sempre gerou polêmica e protestos.
Em liberdade condicional desde 2022, Bruno chegou a abrir uma escolinha de futebol, tentou carreira como influencer e hoje joga em um time do Rio de Janeiro, o Azul e Branco Futebol Clube.
Sua presença no esporte segue dividindo opiniões. Muitos o veem como símbolo de impunidade. Outros, como alguém que cumpriu sua pena.
O caso Eliza Samudio não se encerrou com a condenação dos envolvidos. O corpo não foi encontrado. O Brasil não esqueceu. Essa busca por respostas inspirou a produção de documentários e séries sobre o caso, que segue vivo no imaginário dos brasileiros.
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