Mais da metade não sabe usar uma régua
O relatório indica que 51% das crianças brasileiras do 4º ano, que tem na faixa dos 9 anos, não dominam habilidades como:
- multiplicações básicas;
- medir com uma régua.
Essas competências são necessárias para alcançar o nível básico de conhecimento. Deste grupo:
- Só 21% alcançaram o padrão intermediário. Na prática, quer dizer que 79% sequer consegue medir comprimentos com régua e realizar operações com números de até três dígitos.
- Apenas 5% chegaram ao nível alto, no qual conseguem subtrair e adicionar decimais e converter minutos em horas;
- Somente 1% estão no nível avançado, sendo capazes de resolver equações e representar dados em gráficos.
Adolescentes que não entendem fração
A situação piora no 8º ano. Os alunos na faixa dos 13 anos ficaram em penúltimo lugar na classificação geral, vencendo apenas os do Marrocos.
Apenas 38% conseguiram fazer contas com números negativos e medir polígonos, o que é considerado nível básico. Desses:
- só 14% foram capazes de interpretar frações e porcentagens para resolver problemas, o chamado nível intermediário;
- somente 4% sabem usar o Teorema de Pitágoras e determinar probabilidades, atingindo o nível alto;
- e só 1% resolveram corretamente equações com raiz quadrada, expoente e fração, o nível avançado.
- dos 62% que não chegaram ao padrão mínimo, 5% não acertaram nada.
Crianças não sabem o que é a lei da gravidade
Em ciências, a situação foi um pouco melhor. No 4º ano, o Brasil ficou em 51º lugar entre 58 países.
Os resultados indicam uma percepção melhor em do desempenho em ciências do que em matemática. 61% alcançaram o nível básico, demonstrando conhecimento sobre plantas, animais e o meio ambiente.
Além disso, sabem que turbinas geram eletricidade.
Desses, só 31% chegaram ao nível intermediário. Isso significa que 69% não sabem:
- os tipos de alimentos necessários para uma dieta equilibrada;
- como funcionam circuitos elétricos simples;
- que a gravidade faz com que os objetos caiam.
Dos 22.130 avaliados, apenas 1.991 chegaram ao nível alto, somando 9% do total. Esse nível exige a compreensão de como os germes se espalham e qual a quantidade de água existente no planeta Terra.
Apenas 1% está no nível avançado, sendo capaz de:
- identificar características hereditárias e não hereditárias,
- compreender o impacto da poluição nas colheitas e
- prever resultados de experimentos.
Adolescentes não sabem que o mar tem sal
No caso dos estudantes do 8º ano, o déficit também impressiona. Dos 22.770 avaliados, 58% não sabem que a água do oceano contém sal e o Sol fornece luz e calor, o que corresponde ao nível básico.
Ademais:
- Apenas 27% dos adolescentes estão no nível intermediário. Isso indica a incapacidade de reconhecer uma reação química como produtora de gases e dificuldade em afirmar que o movimento da Terra é responsável pelo dia e pela noite.
- 8% alcançaram o nível alto, no qual conseguem identificar os principais órgãos do corpo humano. Além disso, entendem que o desmatamento e a liberação de gases de efeito estufa podem impactar o clima da Terra.
- Apenas 1% atingiu o nível avançado, reconhecendo que a composição de um objeto influencia a quantidade de ferrugem que ele produz. Também identificam se substâncias são ácidas ou básicas com base no seu valor de pH.
Meninos vão melhor em matemática
O Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciência (TIMSS) avalia:
- o conhecimento dos estudantes nas disciplinas conforme o esperado para a faixa etária;
- se eles conseguem entender fenômenos naturais e matemáticos no cotidiano.
Os alunos são classificados em níveis de dificuldade: baixo, intermediário, alto e avançado, dependendo do número de acertos.
Cerca de 650 mil estudantes de escolas públicas e privadas ao redor do mundo participaram das provas online, que abordaram números, medição, geometria e resolução de problemas.
O TIMSS também comparou o desempenho entre meninos e meninas, além das condições de casa e escola que afetam os resultados.
Em geral, estudantes que faltaram menos à escola se saíram melhor nas duas avaliações. Aqueles cujas famílias têm melhores condições financeiras também tiveram nota mais alta.
Os meninos desempenharam de modo superior às meninas em matemática, no 4º ano na maioria dos países, e na metade deles no 8º ano. Em Ciência, na maioria dos países avaliados, não há diferença de desempenho entre gêneros.
O levantamento é feito a partir de uma prova aplicada mundialmente desde 1995 em alunos do 4º e do 8º ano do ensino fundamental.
Como estão os melhores países
Os estudantes asiáticos foram o destaque no ranking. Cingapura liderou ambas as disciplinas e faixas etárias, seguida por China, Hong Kong, Japão e Coreia do Sul.
A Lituânia foi a nação fora da Ásia mais bem classificada, alcançando a sétima posição no ranking de Matemática do 4º ano.
Na lista dos dez melhores, além dos asiáticos, estão a Inglaterra em 6º lugar, seguida por Irlanda, República Checa, Suécia e novamente a Lituânia. A Turquia também se destacou, e os Estados Unidos ficaram em 27º lugar.
Uma nova forma de avaliar a educação brasileira
Até então, o nível dos alunos brasileiros só era comparado com o de estrangeiros através do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), que avalia jovens de 15 anos.
A inclusão no Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (TIMSS) marca um passo importante para entender os desafios educacionais do Brasil desde os primeiros anos escolares.
Além disso, é importante a participação dos responsáveis nesse processo. Pensando nisso, a Brasil Paralelo desenvolveu a Travessia. Trata-se de uma jornada de estudos autêntica, com início, meio e fim bem definidos.
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Diante desses resultados preocupantes, será possível ao poder público traçar formas para melhorar o aprendizado desde cedo.
Participar do Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (TIMSS) ajuda a entender onde estão as falhas e como podemos melhorá-las. Além disso, o engajamento da família no processo é fundamental para resolver a questão.