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Atualidades
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COP30: luxo nos cruzeiros, abandono à beira-mar

Navios de até R$48 mil a diária contrastam com praias sem infraestrutura e moradores que cobram investimentos.

Por
Leandro Narloch
Publicado em
10/11/2025 13:27
Brasil Paralelo
Artigo de opinião

O contraste é difícil de ignorar. A poucos metros de dois transatlânticos de luxo contratados pelo governo federal para hospedar delegações da COP30, a Praia da Brasília, em Outeiro, mostra outro cenário.

Lixo espalhado, escadarias precárias e banheiros públicos em ruínas compõem a paisagem. A região metropolitana de Belém nunca havia recebido tanta atenção.

Desde a chegada dos navios MSC Seaview e Costa Diadema, vindos da Itália, centenas de moradores passaram a frequentar o local para observar os “hotéis flutuantes” com até 24 andares de altura.

Praia da Brasília. Imagem: Brasil Paralelo.

Segundo quem vive ali, o movimento expôs o que há muito tempo não se resolvia: a falta de estrutura básica.

“A descida até a praia ainda é precária. Falta acessibilidade pra cadeirante, pra ciclista. Essa movimentação toda só está acontecendo por causa dos barcos da COP30. Normalmente é tudo parado”, contou o morador Pablo Luiz Monteiro a Brasil Paralelo.
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R$ 200 milhões no porto, nada nas praias

Para receber os navios, o governo investiu mais de R$250 milhões em obras de dragagem, reforço no cais e melhorias no porto de Outeiro.

O investimento criou estrutura de desembarque, controle de segurança e transporte até a chamada Blue Zone, o centro oficial da conferência.

Os moradores, porém, dizem que o dinheiro poderia ter sido melhor distribuído.

“Foi gasto mais de duzentos milhões aqui, nessa parte do cruzeiro. Foi um dinheiro bem gasto em parte, mas deixaram Outeiro abandonado. As praias estão horríveis, a descida é um transtorno. A orla da Praia Grande está toda acabada”, reclamou Damião de Paula Araújo.
Praia da Brasilia. Imagem: Brasil Paralelo.

A Praia da Brasília, que se tornou o ponto mais próximo dos cruzeiros, simboliza o contraste entre o discurso global de sustentabilidade e a realidade local de descuido.

Os hotéis flutuantes

Os navios contratados pela Embratur somam 3.900 cabines, com capacidade para até 6 mil hóspedes. As diárias variam entre R$7.900 e R$48.562.

O MSC Seaview e o Costa Diadema foram trazidos da Itália exclusivamente para a COP30. O primeiro tem 20 andares e 323 metros de comprimento; o segundo, 19 andares e 306 metros. Juntos, pesam mais de 280 mil toneladas.

Costa Diadema. Imagem: Taymã Carneiro / g1
MSC Seaview. Imagem: Divulgação.

De acordo com o governo federal, até o dia 5 de novembro, 1.700 leitos foram reservados, com prioridade para delegações de países em desenvolvimento. A diária média para as delegações subsidiadas é de até US$200, dentro dos limites estabelecidos pela ONU.

A operação dos navios integra o plano emergencial de hospedagem, já que Belém precisou dobrar a oferta de leitos para receber os cerca de 50 mil participantes do evento.

Críticas e custos

O custo total da operação dos navios é de R$260 milhões, com parte do valor já repassado à Embratur e à operadora Qualitours, responsável pela gestão das embarcações.

Além da hospedagem, o governo destinou R$259 milhões adicionais para cobrir eventuais prejuízos caso as cabines não sejam totalmente ocupadas.

A contratação foi feita em meio a uma crise de credibilidade sobre os gastos da COP30. Países como Suécia, Holanda e Canadá protestaram oficialmente contra os altos preços da rede hoteleira local, em alguns casos, até 15 vezes acima do valor de mercado.

O Tribunal de Contas da União também identificou indícios de superfaturamento em contratos de infraestrutura e serviços para a conferência, com itens básicos cobrados a preços até 10 vezes maiores.

A COP vista da areia

Enquanto delegações internacionais desembarcam dos cruzeiros, os moradores de Outeiro seguem convivendo com o abandono.

“Essa movimentação toda é bonita de ver, mas quando os navios forem embora, quem fica somos nós”, disse Pablo Monteiro.

O cenário da Praia da Brasília resume um sentimento que cresce entre os moradores: a distância entre o discurso de inclusão global da COP30 e a realidade cotidiana de quem vive à beira do evento, mas longe dos benefícios dele.

O que a COP realmente representa hoje? Um evento para salvar o planeta ou um grande palco político para discursos vazios? Entenda no canal da Brasil Paralelo.

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