Alexandre Roger Lopes havia aberto um ponto de venda de espetinhos no bairro Santa Rita, em Itapajé, interior do Ceará.
Pouco após começar o negócio, ele virou alvo de criminosos do Comando Vermelho, que passaram a cobrar uma mensalidade de R$400 por mês.
No início de agosto, a facção aumentou o valor para R$1.000, mas Alexandre não conseguiu arcar com a diferença.
Apesar da mudança, ele enviou os R$400 de costume, achando que seria o suficiente para trabalhar na região.
Dois dias depois, um homem identificado o abordou enquanto ele vendia seus espetinhos e disse que tinha uma ligação para Alexandre.
No momento em que o comerciante pegou o telefone foi atingido por disparos. O atirador foi identificado como Lucas Mateus dos Santos.
Testemunhas o reconheceram e câmeras registraram sua fuga. Preso dias depois, confessou ter executado a mando da facção.
Segundo a investigação, o caso faz parte de uma onda de extorsões que tem levado comerciantes de Itapajé a fechar seus negócios ou abandonar a cidade.
O mesmo esquema já se expandiu para Fortaleza, onde vendedores de água de coco na Beira-Mar foram coagidos a pagar pedágio ao crime.
A morte de Alexandre Roger Lopes não foi um caso isolado. Um estudo divulgado na Cambridge University Press aponta que um número entre 50,6 e 61,6 milhões de brasileiros vivem em áreas controladas pelo crime organizado.
Isso significa que aproximadamente 26% do país tem que obedecer leis impostas por facções.
O Brasil é o país mais afetado por essa situação na América Latina, com o dobro da porcentagem no segundo colocado, a Costa Rica que aparece com 13% da população.
Entenda a crise de segurança pública no Brasil com o documentário original Entre Lobos.
A produção está disponível na plataforma de streaming da Brasil Paralelo, juntamente com todos os filmes originais.
A pesquisa foi conduzida por quatro professores de universidades americanas em 18 países da América Latina.
Segundo investigadores da Polícia Civil ouvidos pelo jornal O Globo, criminosos na favela da Rocinha possuem uma receita mensal de até R$12 milhões e apenas 25% desse valor provém da venda de drogas.
Com os 2.120 mototáxis da favela da Rocinha pagando R$150 por semana, o tráfico arrecada R$318 mil, quase R$1,3 milhão por mês.
As 60 vans da cooperativa pagam R$930 semanais cada, gerando R$223.200 mensais.
A essa se somam a exploração de sinais clandestinos de TV e internet, além do monopólio em itens essenciais, como gás e até água mineral.
Um botijão de gás custa R$140 na Rocinha, R$40 a mais do que em outros bairros, e o gatonet, usado por 70% das casas, sai a R$100 por mês no plano mais barato.
O Secretário da Polícia Civil do RJ, Felipe Curi, chegou a dizer que a narrativa de guerra às drogas já não se aplica ao Brasil.
“As pessoas ainda insistem em falar em guerra às drogas, não existe guerra às drogas. Essa questão de guerra às drogas já acabou há muito tempo.”
O comentário foi feito em uma entrevista exclusiva para o documentário Rio de Janeiro: Paraíso em Chamas.
A Brasil Paralelo investigou como a cidade maravilhosa foi tomada pelo crime organizado e o que pode ser feito para evitar que o mesmo aconteça ao redor do país.
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