Pedidos feitos ao MP
Entre os pedidos feitos ao MP constam o valor que seria usado para realizar campanhas contra o racismo religioso. Além disso, os reclamantes solicitam que Cláudia deixe de cantar “Caranguejo” e, se o fizer, que mantenha a letra original. A canção é de autoria de Alan Moraes, Durval Luz e Luciano Pinto, que trabalham com a artista há muitos anos. Eles não se opuseram à alteração feita pela cantora na letra.
A música foi composta em 2004, antes de a cantora se converter ao cristianismo.
A denúncia partiu do Instituto de Defesa das Religiões Afro-Brasileiras (Afro) e da iyalorixá Jaciara Ribeiro.
No dia 30 de dezembro de 2025, quase um mês depois da acusação, a cantora se pronunciou sobre o caso. Durante uma coletiva de imprensa antes do Festival Virada de Salvador, afirmou:
“Esse é um assunto muito sério. Daqui do meu lugar de privilégio, o racismo é uma pauta que deve ser discutida com a devida seriedade, e não de forma superficial”.
E continuou:
“Prezo muito pelo respeito, pela solidariedade e pela integridade. Não podemos negociar esses valores de jeito nenhum, nem jogá-los ao tribunal da internet. É isso”.
Desentendimento com Ivete Sangalo
Claudia Leitte recentemente deixou de seguir Ivete Sangalo nas redes sociais. Embora tenha se recusado a comentar o motivo, “a rainha do Axé” foi uma das primeiras a apoiar a publicação que deu origem à polêmica. Ao ler a publicação de Pedro Tourinho sobre a mudança em “Caranguejo”, Ivete curtiu e escreveu “sim” nos comentários.
No dia 16 de dezembro, sem mencionar Claudia diretamente, o secretário de cultura de Salvador afirmou que a retirada de nomes de orixás das músicas é um ato de racismo. Ele destacou a importância da cultura negra no axé music e o
protagonismo dos cantores brancos, enquanto artistas negros ficam nos bastidores.
A partir de então, a polêmica ganhou grande repercussão nas redes sociais, a ponto de ir parar na Justiça.
Claudia foi vítima de grande perseguição, mas por outro lado recebeu muito apoio de seus fãs.
Entre os artistas que se posicionaram a favor dela estão Paula Lima e Érika Januzza.
Há racismo no caso Claudia Leitte?
O advogado Hédio Silva Júnior, coordenador do Instituto que entrou com a ação classifica como “histórica” a movimentação das entidades junto ao MP da Bahia. Ele afirmou que o inquérito em curso está “investigando aqui crime de dano ao sentimento dos afro-religiosos”.
Em entrevista ao jornal A TARDE, o advogado disse que a investigação pretende “quantificar a extensão e profundidade do dano moral coletivo aos afro-descendentes que, obviamente, sentiram-se ofendidos com essa mudança, até porque ela confessa, obviamente, que mudou [a letra da música] por conta da mudança de religião dela”.
O advogado André Marsiglia afirma que não há racismo na troca feita pela cantora, André explica que racismo religioso é o ato de rebaixar deliberadamente alguém ou grupo em razão de sua fé:
“Claudia não fez isso, apenas reforçou a dela ao cantar “Jesus”. Quem acredita que trocar a letra de uma música em favor de sua fé humilha a do outro entende que sua crença é melhor, mais adequada ou correta.”
Marsiglia destaca que quem está vendo racismo no episódio, ainda que não perceba, é o verdadeiro preconceituoso da história.
A assessoria de imprensa de Claudia Leitte tem se recusado a se manifestar sobre o caso. A cantora tem direito ao devido processo legal.