O momento da interrupção
A interrupção ocorreu logo nos primeiros minutos do discurso de Trump, em 4 de março de 2025. Quando o presidente afirmou que sua vitória em 5 de novembro de 2024 foi “um mandato não visto em décadas”, Green se levantou, ergueu sua bengala preta e gritou:
“Você não tem mandato para cortar o Medicaid!”
- Medicaid é um programa de saúde social nos EUA que oferece cobertura médica para famílias e indivíduos de baixa renda. A iniciativa é financiada pelo governo federal e estados norte-americanos.
Os republicanos vaiaram e gritaram “USA! USA!”, enquanto Johnson exigiu que Green se sentasse. Após recusar repetidamente, ele foi removido pelo sargento de armas, em um episódio que dominou as manchetes e expôs a polarização no Congresso.
Motivos e apoio bipartidário
A resolução de censura, proposta pelo republicano Dan Newhouse, de Washington, acusou Green de “violação do decoro” e foi vista como necessária para manter a ordem institucional.
Curiosamente, 10 democratas votaram a favor, rompendo com a liderança do partido, que pedia moderação durante o discurso de Trump.
Os deputados democratas que apoiaram a censura foram:
- Henry Cuellar (Texas)
- Jared Golden (Maine)
- Vicente Gonzalez (Texas)
- Don Davis (Carolina do Norte)
- Marie Gluesenkamp Perez (Washington)
- Greg Landsman (Ohio)
- Susie Lee (Nevada)
- Mary Peltola (Alasca)
- Chris Pappas (New Hampshire)
- Kim Schrier (Washington)
Segundo analistas, esse grupo de moderados buscou se distanciar de gestos vistos como desrespeitosos. Críticos progressistas alegam que a censura foi uma reação exagerada, defendendo que Green apenas expressou a voz de seus eleitores.
Consequências e clima político
A censura não traz punições práticas, como multas ou perda de mandato, mas mancha o histórico político de Green.
Ele é o primeiro congressista censurado por interromper um discurso presidencial, diferindo de casos como o de Joe Wilson, que em 2009 enfrentou apenas uma resolução de desaprovação por gritar “Você mente!” a Obama. Após a votação, Green permaneceu no plenário enquanto a resolução era lida, e democratas cantaram “We Shall Overcome” em solidariedade.
O episódio sublinha o ambiente hostil no Congresso desde a posse de Trump em janeiro de 2025.
Enquanto republicanos celebram a disciplina, vozes progressistas lamentam a falta de resistência mais ampla ao presidente, sugerindo que o partido democrata segue dividido em sua estratégia.