A cada intervalo inferior a 10 minutos, uma criança brasileira é vítima de estupro ou abuso sexual. Em 2023, o país registrou 63.430 ocorrências desse tipo de crimes entre menores e adolescentes de até 19 anos. Os dados foram apresentados pelo relatório “Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil”, no dia 13 de agosto. A pesquisa foi realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com a UNICEF. Nos últimos três anos, foram contabilizados mais de 164 mil casos.
No mundo, um em cada cinco meninos ou meninas é vítima de abusos semelhantes. A informação foi divulgada pela pedagoga Vitória Reis durante o podcast Conversa Paralela, da Brasil Paralelo.
Na entrevista, ela comentou as situações que são consideradas abuso sexual contra crianças e adolescentes. Acompanhada da pedagoga e mestra em liderança educacional Victoria Marconi, ela explicou que um abuso também pode ser:
Marconi contou que é difícil precisar a quantidade de abusos uma vez que há uma lacuna tanto na conscientização sobre o que é ou não abuso. Além disso, também existe subnotificação quanto na subnotificação. Os números disponíveis representam cerca de 10% das estimativas reais de casos.
“É uma prisão na mente. As consequências são muito graves. Até que a pessoa [abusada] consiga denunciar, agir de alguma forma”.
Apesar disso, os números apresentados são alarmantes.
Outro ponto abordado na entrevista é onde os abusos acontecem. Antes do advento da internet, o aliciamento dependia da aproximação do abusador com a criança e sua família.
“Num jogo online não se pode comprovar a identidade de quem está do outro lado. Alguém que diga ser uma menina de 7 anos pode ser um homem de 56”.
Reis também citou a negligência de alguns responsáveis ao deixar as crianças e adolescentes com acesso irrestrito às telas.
“Hoje as crianças vivem abandonadas às telas. Muitas vezes elas estão jogando dentro do quarto e os pais não sabem o que está acontecendo. Às vezes ela está trocando fotos, mensagens com desconhecidos”.
A situação é tão grave que o poder público está tomando medidas para proteger os menores. No final de abril, as polícias Civis do Distrito Federal e de Santa Catarina prenderam em flagrante um homem acusado de vender pornografia infantil na internet.
O caso fez parte da operação Athene, nome que faz analogia à uma espécie de coruja conhecida por defender seu ninho de ameaças.
Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão de HDs internos e outros dispositivos de informática, a fim de encontrar mais abusadores.
Victória Marconi acredita que o tema não recebe a devida atenção porque é financeiramente rentável.
“A raiz do problema é algo que a grande mídia promove. Então fica difícil para eles denunciarem um problema como esse se, por exemplo, a erotização precoce, se a adultização das crianças é algo que é promovido pela grande mídia”.
Ela diz que os casos que recebem atenção são os extremos:
“Eventualmente são publicados casos muito grandiosos que, digamos, não tem como passar despercebidos, mas no geral é um problema muito abafado”.
Vitória Reis contou que as redes de pedofilia são organizadas.
“Eles tinham grupos onde combinavam como o crime iria acontecer, no banheiro de qual shopping”.
Você pode conferir a entrevista completa hoje, 20 de agosto, no canal da Brasil Paralelo no Youtube. O Conversa Paralela é apresentado por Arthur Morrison e Lara Brenner e vai ao ar todas às terças-feiras às 20h.
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