O feriado de 9 de julho é muito importante para São Paulo. A data remete ao dia em que os paulistas se levantaram contra o governo provisório de Getúlio Vargas em um conflito que ficou conhecido como Revolução Constitucionalista de 1932. Até os dias atuais, o estado carrega a lembrança do movimento.
Os eventos que aconteceram no estado de São Paulo em 1932 se relacionam diretamente com os acontecimentos que se desenrolaram dois anos antes.
Em 1930, um movimento militar, liderado por Getúlio Vargas, depôs o presidente Washington Luís e seu sucessor eleito Júlio Prestes, ambos paulistas, pondo fim à República Velha.
Com a desculpa de combater as oligarquias locais, Getúlio dissolveu os legislativos estaduais e derrubou os governadores, indicando interventores para comandar os estados.
Os interventores não conheciam os contextos sociais e políticos locais, o que levava a um aumento considerável da insatisfação popular.
Vargas contrariou as expectativas dos paulistas e indicou o pernambucano João Alberto Lins de Barros em vez do paulista Francisco Morato, líder do Partido Democrático.
O Partido Democrático (PD) surgiu em 1926, como resultado de uma divisão interna do Partido Republicano Paulista (PRP), sigla que respondia aos interesses dos grandes fazendeiros da época.
Os dois grupos eram grandes rivais, apesar do PRP ter mais poder político e indicar o presidente da República.
Quando Vargas derrubou Washington Luís, filiado ao partido dos cafeicultores, e acabou com o governo de SP, os membros do PD acreditaram que teriam influência no governo federal e estadual.
Após Vargas indicar interventores de outro estado e sem nenhum vínculo com o partido que o apoiou, o grupo se afastou do governo federal e formou junto com o PRP a Frente Única Paulista (FUP).
A coalizão passou a pedir o estabelecimento de uma nova Constituição, já que Getúlio havia estabelecido um governo provisório sem uma carta magna.
Também solicitava a nomeação de um interventor civil e paulista, além de mais autonomia para o estado.
Em resposta à articulação, o governo federal marcou eleições constituintes para 1933 e indicou um civil paulista, Pedro Toledo, como interventor no estado.
A insatisfação popular e as tensões políticas da época mantiveram a FUP na oposição ao regime, apesar de algumas exigências terem sido cumpridas.
Em 23 de maio de 1932, durante um protesto realizado por estudantes em frente à sede do Partido Popular Paulista (PPP), grupo aliado ao governo, houve um confronto entre manifestantes e membros do partido.
Os apoiadores de Vargas dispararam contra os estudantes, assassinando quatro jovens: Mário Martins de Almeida, Euclides Bueno Miragaia, Dráusio Marcondes de Souza e Antônio Américo Camargo de Andrade.
Os jovens se tornaram símbolo da luta contra o governo e suas iniciais deram origem a um movimento armado anti-Vargas, o MMDC.
O movimento passou a se articular para fortalecer as tropas estaduais, com campanhas de doações, como a que levou as pessoas a doarem seus bens pela causa com o slogan: "doe ouro para o bem de São Paulo".
No dia 9 de julho começou uma revolta armada que contrapôs as tropas paulistas ao governo federal.
O conflito foi a última guerra civil da história do país e mobilizou artilharia pesada, combates aéreos e navais.
Os constitucionalistas movimentaram cerca de 35 mil homens, apesar de terem mais voluntários, enquanto as tropas do governo somaram mais de 100 mil soldados.
O estado não recebeu o apoio que esperava. Mesmo assim, conseguiu resistir sozinho durante três meses aos ataques do governo federal, até se render em 2 de outubro de 1932.
Apesar da rendição, a memória de São Paulo sobre os acontecimentos e os homens que entregaram suas vidas na luta pela democracia no Brasil segue forte.
Na capital, por exemplo, todos os anos há uma cerimônia em homenagem à revolução.
Além disso, algumas das avenidas mais importantes são nomeadas com as datas 23 de maio e 9 de julho. O nome do palácio que abriga o legislativo estadual faz referência ao 9 de julho.
Monumentos simbólicos da principal capital econômica do Brasil também remetem a esse episódio histórico, como o obelisco em frente ao parque Ibirapuera e o mausoléu que se encontra embaixo dele.
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