Conheça o que foi a Revolução de 1930. Um dos eventos políticos mais importantes da história do Brasil
Entenda o que foi a Revolução de 1930, um dos eventos mais importantes do período republicano na história do Brasil. Ela marcou a chegada de Vargas ao poder.
Alguns historiadores afirmam que a Revolução de 1930 foi um golpe militar, outros que foi de fato uma revolução, porque alterou as estruturas políticas e promoveu uma troca nos donos do poder. Este evento deu início ao governo de Vargas e mudou para sempre os rumos da política brasileira.
Seus impactos ainda influenciam a vida de todos os brasileiros. Entenda como foi a revolução, o que estava em jogo e suas consequências.
Os principais motivos que levaram à Revolução de 1930
O Brasil vivia a República Velha, também conhecida como República Oligárquica ou República do Café com Leite. O Partido Republicano Mineiro e o Partido Republicano Paulista revezavam na presidência. A cada ano era escolhido um presidente de cada estado, alternando um presidente mineiro e um paulista.
O poder era dominado pelas duas elites cafeeiras mais poderosas, e manteve a população neste sistema por 20 anos.
Tudo mudou quando o presidente da época, Washington Luís, que o foide 1926 a 1930, indicou um paulista ao governo. Mas ele deveria ter indicado um mineiro. Assim, por não ter feito isso quebrou o acordo das oligarquias republicanas.
A sucessão presidencial a partir das eleições eram armadas. O candidato indicado pelo presidente quase sempre vencia. Essa garantia acontecia porque as eleições da época eram marcadas por fraudes.
Com a aproximação do processo eleitoral, a oligarquia mineira estava à espera de que o presidente escolhesse alguém de seu grupo.
Naquele período, o candidato mineiro que possuía maiores chances de ser nomeado era o presidente do estado de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada.
Mas o presidente Washington Luís surpreendeu ao indicar outro paulista. O ato deu início a uma crise política. Em uma cerimônia organizada a 1928, o presidente informou que seu candidato seria Júlio Prestes, presidente do estado de São Paulo.
A partir desse momento, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada passou a conspirar contra o governo de Washington Luís.
Representantes da oligarquia de Minas Gerais resolveram unir-se aos paraibanos e gaúchos para derrubar os paulistas nas eleições. Esta foi a Aliança Liberal.
Este novo grupo político lançou um candidato que entrou para a história, mudando o rumo das relações políticas no Brasil: Getúlio Vargas.
O que foi a Aliança Liberal?
A articulação política realizada por Antônio Carlos mobilizou as oligarquias do Rio Grande do Sul e da Paraíba contra Júlio Prestes. Os grupos dissidentes uniram-se e lançaram uma chapa eleitoral que ficou conhecida como Aliança Liberal.
Essa chapa lançou Getúlio Vargas como candidato a presidente e João Pessoa como candidato a vice-presidente.
A disputa eleitoral travada por Júlio Prestes e Getúlio Vargas foi bastante acirrada.
A Aliança Liberal, composta por três oligarquias poderosas no quadro político nacional, também contou com a adesão dos tenentistas e apresentou um novo projeto político, que prometia romper definitivamente com a lógica oligárquica.
Getúlio Vargas alegou fraude no processo eleitoral. Apoiado pela Aliança Liberal e pelo Movimento Tenentista, ele se recusou a aceitar o resultado das urnas, dando início ao que foi a Revolução de 1930.
O início do movimento revolucionário
Em reuniões secretas, militares e políticos planejavam a queda de Washington Luís e o impedimento da posse de Júlio Prestes.
Getúlio afirmou numa entrevista à Revista Globo, 20 anos após o Golpe de 1930:
“Em 1930, preparando a Revolução, fui obrigado a fazer um jogo duplo: de dia mantinha a ordem para o governo federal e à noite introduzia os conspiradores no Palácio”.
Dentre os jovens políticos que se uniram em torno do levante, destacavam-se:
Getúlio Vargas;
Oswaldo Aranha;
Flores da Cunha;
Lindolfo Collor;
João Batista Luzardo;
João Neves da Fontoura;
Virgílio de Melo Franco;
Maurício Cardoso;
Francisco Campos.
Dos tenentes que participaram da Revolução de 30, os nomes de maior destaque foram Juarez Távora, João Alberto e Miguel Costa. A meta desse grupo era a introdução de reformas sociais e a centralização do poder.
Havia ainda uma ala dissidente da velha oligarquia, que via no movimento revolucionário um meio de aumentar seu poder pessoal. Era o caso de Artur Bernardes, Venceslau Brás, Afrânio de Melo Franco, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e João Pessoa, entre outros.
O ex-líder da Coluna Prestes, Luís Carlos Prestes, optou por um caminho mais radical. Crítico da união dos jovens políticos com a dissidência oligárquica, Prestes decidiu assim não participar da revolução e lançou seu próprio Manifesto Revolucionário.
Declarou seu apoio ao socialismo e sustentou a tese de que a mera troca de homens no poder não atenderia às reais necessidades da população brasileira.
Antes da derrubada do presidente Washington Luís, o governo vigente tentou negociar com os revoltosos e retardar o levante. Mas, em 26 de julho, um evento inesperado mudou os rumos do país.
O assassinato de João Pessoa
Manchete noticiando o assassinato de João Pessoa.
O inesperado assassinato de João Pessoa, presidente da Paraíba e candidato derrotado à vice-presidência na chapa da Aliança Liberal, estimulou as adesões e acelerou os preparativos para a deflagração da revolução.
João Pessoa era governador da Paraíba e candidato a vice na chapa de Getúlio, quando foi morto a tiros numa confeitaria em Recife.
Ainda hoje, se discute se o caso estava ligado a questões políticas nacionais ou se foi o resultado de uma desavença de João Pessoa com um adversário na política de seu estado, envolvendo até mesmo questões passionais.
Getúlio Vargas e a Aliança Liberal aproveitaram o incidente para justificar uma ação mais enérgica, apressando a mobilização armada de seus partidários.
A culpa da morte era sempre atribuída ao governo de Washington Luís, por meio de discursos inflamados e cheios de comoção.
Alçado à condição de mártir da revolução, João Pessoa foi enterrado no Rio de Janeiro e seu funeral provocou grande comoção popular, levando setores do Exército antes reticentes a apoiar a causa revolucionária.
Por fim, a 3 de outubro, sob a liderança civil do gaúcho Getúlio Vargas e sob a chefia militar do tenente-coronel Góes Monteiro, começaram as diversas ações militares.