O que a arte deve comunicar? Duas correntes principais tentam definir qual é o conceito de “Arte”
Para entender definitivamente o conceito de arte, é necessário entender o debate filosófico por trás da ideia. Atualmente, 2 correntes opostas disputam.
A arte esteve presente na história da humanidade desde sempre. Os primeiros registros remontam aos tempos das cavernas. O homem sempre buscou representar seu cotidiano e toda a realidade que está ao seu redor. Mas qual é o verdadeiro conceito de arte?
Com a modernidade, diferentes ideias e tendências foram surgindo. Como a arte passou de representações da realidade, do belo e do divino a formas abstratas e muitas vezes chocantes? Entenda o Conceito de Arte.
Para se chegar a um conceito de arte, é necessário recorrer à filosofia. A sua definição não é tão simples como um verbete de dicionário, pois existem diferentes ideias. Neste artigo serão abordadas as duas principais:
arte transgressora;
arte do belo.
Arte transgressora
Obra Comedian, do italiano Maurizio Cattelan.
A arte é feita para incomodar? As atuais expressões artísticas priorizam a polêmica, o espanto e por vezes incentivam um rompimento com padrões estéticos e de beleza. Para os defensores desta arte, o papel do artista é:
chocar;
transgredir;
confrontar.
Denunciar a sociedade, causar a ruptura, desvendar os seres humanos para a realidade concreta, empurrando seus próprios limites. Estes são os parâmetros das artes modernas.
Para os artistas desta corrente, tudo pode ser considerado arte. Qualquer expressão que promova tais sentimentos, pode ser uma peça artística.
Alguns artistas desse grupo chegam até a propor que não acreditam em arte. Outros exemplos que consideram artísticos são: latas empilhadas, pessoas despidas que se tocam em uma roda, pichações, etc.
As obras citadas são reais e, normalmente, chocam o espectador. Mas o desconforto é justamente o objetivo destes artistas que querem desconstruir conceitos e padrões.
Um dos grandes responsáveis por valorizar a arte transgressora foram as teorias da Escola de Frankfurt. Entenda a teoria crítica e o papel da indústria cultural.
Essas ideias representam um polo oposto à arte do belo.
Arte do belo
O Nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli.
A arte enquanto representação do que é bom e belo foi o que conduziu a humanidade por séculos. Aos poucos, estes conceitos de beleza foram sendo abandonados.
Platão formulou o conceito de arte do belo. Ela serve para conectar o ser humano com o seu eu mais profundo, com sua alma. Nela, o artista deve:
retratar a realidade à luz do que ela seria idealmente;
consolar os anseios humanos com a representação do ideal;
buscar representar a beleza na técnica e na forma de sua mensagem;
conectar a humanidade com a transcendência.
De alguma forma, o transcendente e o sublime aparecem na vida das pessoas enquanto elas escutam determinadas músicas ou veem certas obras de arte.
A beleza das obras de arte pode ser tão chocantes que levam pessoas a desenvolver uma curiosa doença. Conheça a síndrome de Stendhal.
Para a corrente da arte do belo, a beleza é um valor real, concreto e indispensável. Quando na história perdeu-se este parâmetro?
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A arte na história da humanidade
Arte Rupestre em parede de caverna.
A designação do termo “arte” vem do latim ars, que significa habilidade. O primeiro uso conhecido da palavra vem de manuscritos do século XIII. No entanto, a palavra e suas muitas variantes provavelmente existem desde a fundação de Roma (753 a.C).
O Conceito de Arte na antiguidade deriva das teorias platônicas. O filósofo, e boa parte dos teóricos da antiguidade, só concebiam a arte a partir da ideia de beleza.
Quem foi Platão? Conheça a biografia e o legado de um dos maiores filósofos da humanidade.
Segundo os filósofos clássicos a beleza é acompanhada da bondade e da verdade. Só é verdadeiramente belo o que é ao mesmo tempo bom e verdadeiro. Por isso a beleza atrai.
A ideia clássica de arte e beleza apóia-se na harmonia, no equilíbrio e na proporção. Todos estes conceitos eram aplicados na imitação da natureza.
Com o advento do cristianismo, a idade média introduziu novos elementos nos conceitos greco-romanos de arte.
A medida do belo, do bom e do verdadeiro é o próprio Deus. A natureza e o homem são vistos como reflexo da criação. Por isso são bons e belos e devem ser retratados na arte.
Na mentalidade medieval, o belo está nas coisas e não na mente das pessoas.
Todos os símbolos, os traços, a luz e a proporção das obras refletem o contato do homem com o divino. São uma ponte entre o ser humano e o além.
A beleza e a arte servem como ponto de contato dos homens com o divino. O imanente com o transcendente.
Mas toda esta tradição clássica é rompida na modernidade. As novas ciências, o progresso material e as novas ideias políticas consolidaram uma visão crítica do passado. Em troca da tradição, ofereceram o desejo de criar uma nova sociedade e uma nova ordem.
A modernidade não é um conjunto de ideias fechadas. Ao longo dos últimos cinco séculos ela comportou diferentes tendências e ideias. Apesar desta dissonância, há um fator comum: a ideia de beleza e arte moderna comporta uma nova concepção.
O espírito revolucionário da modernidade envolveu também a arte. O desejo de descartar tradições e criar uma nova sociedade passou à arte e ao conceito de belo.
Desse modo, a transgressão, o desejo de romper moldes, formas, categorias, hierarquias, apossou-se das artes.