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História
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O Massacre da Praça da Paz Celestial, um dos episódios mais violentos da política chinesa

Entenda agora o contexto do Massacre da Paz Celestial e os principais efeitos na comunidade internacional.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
11/6/2024 18:46
Foto da capa: Catherine Henriette/AFP/Getty Images.

Entre as dez da noite de 3 de junho e o amanhecer do dia 4 de junho de 1989, o exército do Partido Comunista avançou em direção à Praça da Paz Celestial. Havia lá milhares cidadãos comuns, sobretudo estudantes, protestando contra o governo. Pediam um país com mais liberdade individual e menos corrupção estatal.

O exército não exitou: milhares de civis desarmados foram assassinados a sangue frio. Tanques de guerra cercaram a principal Praça da capital da China. Após o ocorrido, jornais foram manipulados para mudar o contexto das manifestações e amenizar a resposta do governo.

Esse episódio ficou conhecido como o Massacre da Praça da Paz Celestial (Tiananmen, em chinês). Segundo a Cruz Vermelha da China, mais de 2.600 pessoas foram assassinadas e 10.000 ficaram feridas, noticiou o jornal investigativo americano Frontline.

O caso foi decisivo para os EUA e a União Europeia barrarem o comércio de armas para a China até os dias de hoje.

Tudo começou devido a morte de Hu Yaobang, o político que queria dar mais liberdade para a população da China. Entenda agora o contexto do Massacre da Paz Celestial e os principais efeitos na comunidade internacional.

O que você vai encontrar neste artigo?

O contexto do Massacre da Praça da Paz Celestial

Em 1981, Hu Yaobang foi elevado à posição de presidente do Partido Comunista da China, tornando-se o líder do país.

Tendo sido elevado no partido por Deng Xiaoping, o político responsável pela abertura econômica da China, Hu era adepto de uma sociedade mais democrática. Suas ações buscavam deixar as finanças do governo mais transparentes e aumentar a liberdade individual.

Com o seu governo, os estudantes universitários passaram a entrar em contato com a cultura ocidental, gerando apreciação por uma sociedade com mais liberdade individual. 

Hu Yaobang se opunha ao culto à personalidade de Mao Zedong, afirma a Enciclopédia Britânica. Afirmava que o modelo marxista proposto pelo ditador não seria aplicável à realidade moderna da China e que deveriam ser aplicadas medidas para aumentar a transparência do governo.

Protestos de 1986, prelúdio do Massacre da Praça da Paz Celestial

Com a abertura política de Deng Xiaoping e Hu YaYaobang, somadas à redemocratização das Filipinas em 1986, estudantes chineses acreditaram que era a hora de exigir a libertação da ditadura comunista na China, mostra a revista de Harvard.

A partir de dezembro de 1986, estudantes passaram a se manifestar pedindo mais democracia, transparência e justiça. Suas demandas concretas exigiam:

  • Fim da corrupção.
  • Maior participação política.
  • Liberdade de expressão e de imprensa.

Os protestos começaram na Universidade de Ciência e Tecnologia da China (USTC) em Hefei, onde estudantes exigiram o direito de nomear seus próprios candidatos para o Congresso Popular Nacional, em vez de escolher de uma lista pré-selecionada pelo governo, mostra o livro Deng Xiaoping: A Revolutionary Life.

Fang Lizhi, um proeminente físico e intelectual que apoiava as reformas, influenciou muitos estudantes com suas palestras e discursos sobre a necessidade de democratização e reforma política. Fang também atuou como mediador entre os estudantes e o governo durante os protestos em Hefei.

Expansão dos Protestos e Discursos em Shanghai e Beijing

Em cidades como Shanghai e Beijing, os estudantes realizaram grandes manifestações, algumas das quais atraíram até 30.000 participantes, descreveu Julia Kwong no artigo The 1986 Student Demonstrations in China: A Democratic Movement?

Em Shanghai, após a intervenção policial em 19 de dezembro de 1986, os estudantes de Hefei realizaram uma manifestação de solidariedade, exigindo que o governo municipal de Hefei condenasse as ações do governo de Shanghai.

Porém, o governo não acatou nenhum pedido da população, piorando a repressão. 

Início da repressão governamental

A primeira grande ação do governo foi forçar Hu Yaobang a renunciar como secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC) em janeiro de 1987, afirma a Enciclopédia Britânica

Ele foi acusado de permitir a "liberalização burguesa" e ser muito leniente com os estudantes e intelectuais que promoviam ideias reformistas​.

Campanha Anti-Liberalização Burguesa

Após a renúncia de Hu, o Partido Comunista iniciou uma campanha rigorosa contra as críticas ao governo.

As medidas visavam reafirmar a ideologia socialista e reprimir qualquer influência ocidental ou capitalista que pudesse ameaçar o controle do partido, mostram documentos da CIA (Agência Central de Inteligência).

Isso incluiu a intensificação da propaganda contra os ideais liberais e a censura de materiais que promoviam essas ideias​.

  • Para entender a ascensão da China e suas políticas de controle da geopolítica internacional, a Brasil Paralelo produziu o documentário Fim das Nações. Confira o episódio relacionado sobre a China:

Prisão e Intimidação de Manifestantes

Embora não tenha havido uma repressão violenta em larga escala como em 1989, muitos estudantes e líderes de protestos foram detidos e interrogados. 

Alguns foram presos por períodos variados, e a vigilância sobre os estudantes e intelectuais foi intensificada, mostram documentos do governo dos EUA. Aqueles que eram considerados os mais influentes ou problemáticos enfrentaram punições severas​.

Fechamento da imprensa e censura

Segundo documentos da CIA, a mídia que havia mostrado simpatia ou dado cobertura favorável aos protestos enfrentou censura e, em alguns casos, foi fechada. 

O governo aumentou o controle sobre a imprensa para garantir que mensagens dissidentes não se espalhassem e que a narrativa oficial do partido fosse mantida​​.

Mudanças nas Lideranças Acadêmicas

Os mesmos documentos da CIA mostram que muitos líderes universitários que eram vistos como apoiadores das reformas ou que não conseguiram controlar os protestos em seus campus foram substituídos.

O governo implementou políticas mais rígidas nos meios universitários para garantir que a educação permanecesse sob firme controle ideológico do partido. Professores e administradores considerados liberais ou simpatizantes dos estudantes foram especialmente visados.

O início do Massacre da Praça da Paz Celestial de 1989

As medidas repressivas tomadas pelo governo após os protestos de 1986 ajudaram a estabelecer um precedente para a resposta ainda mais severa aos protestos de Tiananmen em 1989. 

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