Em 1794, no período da Revolução Francesa conhecido como Reino do Terror, 16 irmãs carmelitas do Mosteiro de Compiègne foram condenadas à morte na guilhotina. A trágica história foi adaptada às páginas de livros, aos palcos de teatros e às telas, tornando-se filme. A forma como foram decapitadas levou ao nome conhecido hoje: Diálogo das Carmelitas.
Compiègne é uma cidade francesa localizada no norte do país, à beira do Rio Oise. Lá havia um mosteiro de monjas carmelitas, mulheres que livremente optaram por doar completamente suas vidas à religião.
As monjas eram devotadas à oração e à contemplação. Todas viviam enclausuradas, dentro do mosteiro, lugar onde continuariam se não fossem os revolucionários.
Em um de seus aspectos, a Revolução Francesa quis pôr fim à vida religiosa. Foi um período de convulsão política vivido na França entre 1789 e 1815.
A agitação social tomou as ruas em meio a sucessivos governos que revezavam o poder e guerreavam com estrangeiros.
De junho de 1793 a julho de 1794, governou na França a Convenção Montanhesa, liderada pelo grupo político dos Jacobinos. Este era o grupo com as ideias mais radicais, revolucionárias e progressistas.
Maximilien Robespierre tomou o poder e liderou o governo da ala radical da revolução. Ele foi um deputado dos estados gerais, jurista e amante das teorias do Iluminismo. Apesar disso, governou como um autocrata e instaurou o Terror na França.
Em apenas dois anos, cerca de 50.000 franceses foram vítimas do Terror. Nem as freiras de Compiègne foram poupadas.
O governo jacobino criou todo um aparato policial e persecutório para acabar com os inimigos da revolução. Quem não comungasse fielmente a doutrina jacobina, era considerado um inimigo.
As instituições de controle criadas foram:
O Comitê de Salvação Pública de Compiègne acusou o mosteiro carmelita de abrigar mulheres que não se devotaram à revolução.
Para o Comitê, dar a vida pela Religião e não pela ideologia do Estado era um verdadeiro crime.
Os delegados acusam a madre do convento carmelita de manter mulheres presas contra suas vontades. As monjas foram intimadas a abandonar a vida religiosa ou seriam julgadas no tribunal.
Elas se recusaram a abandonar a entrega total a Deus. Depois de receberem várias intimações do governo, optaram por fazer o voto de martírio.
Eram oito horas da noite, mas naquele verão o céu estava claro, fazia muito calor e a praça tinha cheiro de sangue. O carrasco esperava no cadafalso.
A prática de decapitar pessoas já tinha se tornado comum. O povo sedento de sangue esperava os novos condenados. Mas a multidão que gritava fez silêncio ao perceber quem se aproximava: 16 mulheres de capa branca, carmelitas do convento de Compiègne.
Todas foram condenadas à guilhotina sob acusação de fanatismo. Uma delas perguntou o que queria dizer isso. Para o juiz, elas eram fanáticas por pertencerem totalmente à religião.
Uma a uma começaram a se dirigir para o cadafalso. Nenhuma delas gritava ou chorava. Cada uma das carmelitas cantava o Veni Creator Spiritus enquanto caminhava para o próprio fim.
A priora, Madre Teresa de Santo Agostinho, de 78 anos, aproximou-se do carrasco e pediu que as deixassem renovar seus votos. Depois pediu que fosse a última a sofrer a execução para que animasse cada uma de suas filhas. Ele permitiu.
A canção só era interrompida pelo golpe surdo do contrapeso. A lâmina caía e fazia um ruído seco. As cabeças eram recolhidas num saco de couro e o corpo lançado no carroção funerário.
Quando chegou a vez da superiora, os assistentes do carrasco precisaram ajudá-la a vencer os degraus. Enquanto ela subia, dizia que os perdoava. Andar na direção da guilhotina era como atravessar o mundo. Com a sua partida, findou a última voz melodiosa em um cenário terrível.
A história de amor e heroísmo das carmelitas guilhotinadas inspirou diversas adaptações literárias e até uma cinematográfica.
Contribua para que mais artigos como este continuem a ser produzidos e torne-se Membro Patriota da Brasil Paralelo por apenas R$ 10 mensais. Além disso, você acessa materiais exclusivos todos os meses e ajuda na expansão e continuidade deste trabalho.
“A Última ao Cadafalso — Medo e Esperança" é uma novela de autoria da escritora e poetisa alemã Gertrud von le Fort. O livro retrata a história real das freiras guilhotinadas de Compiègne. A história está separada em três partes:
A obra de Gertrud von le Fort foi adaptada para o teatro por Georges Bernanos. Sob o título de Diálogos das Carmelitas, a história conheceu enorme sucesso.
O livro Diálogo das Carmelitas foi escrito por Georges Bernanos. O autor é famoso por escrever literatura com temáticas espirituais. Sua obra mais famosa é o livro Diário de um Pároco de Aldeia.
No livro Diálogo das Carmelitas, o autor adapta a história real a uma peça de teatro. O diálogo das personagens retrata os conflitos espirituais e humanos das irmãs diante da perseguição revolucionária.
Aos pés da guilhotina, elas cantam hinos religiosos e renovam seus votos. Bernanos mostra um retrato comovente de como a fé e a esperança são mais fortes que o furor e a violência revolucionária.
Esta obra é considerada o testamento espiritual de Bernanos: um texto brilhante sobre a renúncia, o sacrifício e o medo, escrito por ele à beira de sua morte e publicado postumamente.
Em 1960, a história foi adaptada para as telas do cinema.
As jovens Blanche du Force e Genoveva são recebidas juntas no mosteiro carmelita de Compiègne. Genoveva irradia alegria diante da nova vida, mas Blanche se mostra indecisa.
Blanche recebe o nome de Irmã Blanche da Agonia de Cristo. Ao entrar em seu novo quarto, ela se depara com um crânio na mesa e não contém o espanto.
O tema da morte está sempre presente na trama do filme. Principalmente quando os eventos da Revolução Francesa impactam na vida das irmãs. O Terror estava instaurado e a vida do claustro ameaçada.
As irmãs recebem visitas cada vez mais frequentes de emissários do governo. Para os funcionários, a madre superiora mantinha as freiras aprisionadas.
As Missas são celebradas de forma escondida, e as monjas passam a ser vistas como inimigas do Estado.
Isso é assim até que o governo francês exige que elas abandonem de vez o mosteiro para abrigar soldados revolucionários.
As Carmelitas são presas e depois levadas a tribunal. São acusadas de fanatismo pelo Comitê de Salvação Pública e têm o destino selado.
As carmelitas se recusam a abandonar a fé e a vida religiosa. São consideradas inimigas da revolução e condenadas à guilhotina.
Elas foram carregadas pelas ruas de Paris em cima de uma carroceria. Por fim, são mortas no cadafalso, aonde se dirigiram entoando o canto Veni Creator Spiritus.
O lema da revolução francesa é liberdade, igualdade e fraternidade. O oposto do que se viu em boa parte do processo. As verdadeiras defensoras da liberdade abraçaram o martírio incólumes.
Como Cristo morreu na cruz por amor, as freiras no cadafalso abraçaram a morte buscando assemelhar-se ao mestre.
Comente e compartilhe. Quem você acha que vai gostar de ler sobre o Diálogo das Carmelitas?
A Brasil Paralelo é uma empresa independente. Conheça nossas produções gratuitas. Todas foram feitas para resgatar os bons valores, ideias e sentimentos no coração de todos os brasileiros.
Cupom aplicado 37% OFF
Cupom aplicado 62% OFF
MAIOR DESCONTO
Cupom aplicado 54% OFF
Assine e tenha 12 meses de acesso a todo o catálogo e aos próximos lançamentos da BP