Vídeos e interceptações telefônicas obtidas pela polícia revelam que facções como o Terceiro Comando Puro (TCP) estão usando drones com bombas, como no começo da guerra na Ucrânia.
Os primeiros sinais dessa adaptação surgiram em meados de 2024. Policiais conseguiram interceptar uma troca de mensagens entre o armeiro Everson Vieira Francesquet e Álvaro Malaquias Rosa, líder do TCP conhecido como “Peixão”.
Segundo informações do jornal O Globo, os dois falaram sobre usarem os drones para executar Edgar Alves de Andrade, conhecido como “Doca”, um dos membros da cúpula do Comando Vermelho (CV):
"Irmão, com esse drone, o senhor vai conseguir explodir o Doca, paizão. Ninguém vai entender nada".
Um vídeo identificado pela polícia pouco tempo depois mostra um drone do TCP lançando uma granada contra traficantes do CV no Quitungo, na Baixada Fluminense.
Mensagens do Peixão divulgadas pela polícia indicam que o criminoso foi responsável pelo ataque:
"Explodi ele lá também essa noite, joguei três bombas. Conseguimos acertar dois, machucou dois. Na verdade, joguei quatro, uma não explodiu e três explodiram. Que bagulho maneiro".
O ataque foi feito com drones comuns, comprados legalmente e adaptados com granadas de mão presas em copos descartáveis, uma técnica vista na Ucrânia em 2022.
O antropólogo e ex-capitão do Bope, Paulo Storani, afirmou em entrevista à Gazeta do Povo que as facções buscaram esse tipo de recurso após verem vídeos da guerra no leste europeu:
“Esse modelo foi copiado do que está acontecendo no conflito entre Rússia e Ucrânia. Vídeos foram compartilhados e ainda são compartilhados de militares nesse conflito, sendo atingidos por lançamento de dispositivos explosivos que detonam por percussão, mas são liberados a comando de controle remoto”.
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