O que está acontecendo com os cristãos na Nigéria?
Mais de 4.400 pessoas foram mortas pela fé apenas em 2024, segundo a ONG Portas Abertas. A organização classifica o país como o sétimo mais perigoso para os cristãos.
Os métodos utilizados pelos terroristas são variados. Ataques a vilarejos, muitas vezes noturnos, envolvem o assassinato indiscriminado de homens, mulheres e crianças.
Homens e meninos cristãos são alvos frequentes, em uma tentativa de eliminar lideranças e impedir o crescimento futuro das famílias associadas à religião.
Mulheres e meninas são vítimas de sequestros, estupros sistemáticos, casamentos forçados e escravidão sexual, afirma a Anistia Internacional.
Centenas de igrejas foram destruídas, assim como casas, escolas, clínicas e plantações, aniquilando os meios de subsistência e forçando um êxodo em massa.
A devastação tem feito com que milhões se desloquem dentro do próprio país, vivendo condições precárias em acampamentos superlotados ameaçados pela violência.
Além da violência física direta, nos estados do Norte onde a lei islâmica da Sharia vigora, os cristãos são submetidos a uma discriminação legal e social severa, sendo tratados como cidadãos de segunda classe.
País se tornou o mais letal para cristãos no mundo
Na Páscoa de 2025, uma série de ataques coordenados contra comunidades cristãs na região de Plateau terminaram com pelo menos 126 pessoas mortas.
O governador do estado, Caleb Mutfwang, chegou a usar o termo "genocídio" para descrever a situação.
Um dos maiores ataques aconteceu na aldeia de Zike, durante o Domingo de Ramos. Mais de 50 fiéis foram assassinados enquanto dormiam ou participavam de celebrações.
Quem está matando os cristãos na Nigéria?
Os responsáveis por essa campanha de terror são extremistas islâmicos que atuam na região.
Os mais poderosos são as milícias formadas pelo povo Fulani, o Boko Haram e sua facção afiliada ao Estado Islâmico, ISWAP.
“Cristãos no norte e centro da Nigéria enfrentam violência extrema do Boko Haram, ISWAP e militantes armados Fulani, que já mataram milhares de fiéis, destruíram centenas de igrejas e deslocaram comunidades cristãs inteiras”, contou Ryan Brown, CEO da Open Doors US, à Fox News.
O objetivo não é apenas infligir perdas, mas erradicar completamente a presença e a influência cristã nessas áreas.
O Dr. John Eibner, da Christian Solidarity International (CSI) aponta para uma combinação de fundamentalismo islâmico com objetivos de expansão territorial e controle de recursos.
Há uma intenção de tomar as terras tradicionalmente ocupadas por comunidades cristãs, muitas delas agrícolas, e impor uma visão radical do Islã.
Além disso, disputas por terra e água entre pastores nômades Fulani e agricultores cristãos, são frequentemente o estopim para a violência.
Muitas vezes esses embates são instrumentalizados pelos grupos extremistas para recrutar novos membros.
Governo não consegue impedir genocídio
O assessor sênior para a Nigéria no International Crisis Group, Nnamdi Obasi, afirma que houve um aumento no orçamento de defesa, "mas isso não se traduziu em melhores resultados na prática."
Em entrevista ao Financial Times ele afirmou que a falta de ação do governo nigeriano criou um cenário difícil e perigoso:
"Há uma inércia contínua na Nigéria e uma falta de ação que está se acumulando, e estamos tendo situações explosivas".
No passado, o ex-presidente Muhammadu Buhari foi acusado pela organização Genocide Watch de não ter feito nada para impedir o genocídio por fazer parte da etinia Fulani.