Santa Dulce dos pobres: conheça a primeira santa brasileira celebrada no dia 13 de agosto

Conheça a vida da primeira santa brasileira

Dulce Maria, cresceu em Salvador e perdeu a mãe aos seis anos. Ainda na adolescência, ela recolhia adultos e idosos pobres em um abrigo improvisado no porão de casa.

Alguns familiares e vizinhos enviavam alimentos, roupas, remédios e dinheiro para que ela pudesse ajudar os necessitados.

Ela se formou professora na Escola Normal da Bahia, atualmente conhecida como Instituto Central de Educação Isaías Alves (ICEIA).

Um ano depois, juntou-se à Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, onde lecionava geografia e história para um colégio da congregação.

Irmã Dulce criou a União Operária São Francisco, um grupo criado para evangelizar e prestar apoio aos trabalhadores da Bahia.

Depois ela participou da criação do Círculo Operário da Bahia, junto com Frei Hildebrando Kruthaup.

A organização estava ligada a causas de trabalhadores locais, trazendo apoio jurídico e social.

A estrutura do grupo era mantida pela renda arrecadada por cinemas populares construídos por meio de doações. 

No final da década de 1930, a santa inaugurou o Colégio Santo Antônio, voltado para filhos de trabalhadores.

Em 1939, ela passou a acolher doentes carentes em prédios abandonados na capital baiana.

Dez anos depois, a santa conseguiu autorização para acolher cerca de 70 doentes em um galinheiro próximo à casa de sua congregação.

Em 1960, esse espaço improvisado se tornou o Hospital Santo Antônio, com 150 leitos. 

A instituição cresceu, chegando a mais de 800 leitos na década de 1980. Atualmente o local é conhecido como Hospital Irmã Dulce e mantém 954 leitos, atendendo milhares de pacientes pelo sistema público.

Em 1959, ela criou uma entidade sem fins lucrativos chamada Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), composta por 21 núcleos que oferecem serviços nas áreas de saúde, assistência social, educação, pesquisa científica e ensino em saúde.

A irmã chegou a ser indicada ao prêmio Nobel da Paz em 1988, contando com o apoio do presidente José Sarney e da Rainha Silvia, da Suécia.

No entanto, ela perdeu a premiação para as Forças de Manutenção da Paz da ONU.

Papa João Paulo II visitou a santa duas vezes

Em 1980 o papa João Paulo II visitou Salvador. Durante uma missa especial, o líder da Igreja Católica chamou Irmã Dulce para subir no altar e receber uma benção especial.

"Continue, Irmã Dulce, continue", incentivou.

Os dois se encontrariam mais uma vez 11 anos depois, quando o papa teve outra passagem na Bahia.

A saúde da irmã começou a piorar de maneira drástica em 1990, por conta de um enfisema pulmonar e bronquiectasia crônica.

No ano seguinte ela estava internada e não conseguia falar ou se mexer. Vivia ligada a aparelhos de ventilação artificiais.

Apesar dessa situação, o papa fez questão de mudar sua agenda para se encontrar com a irmã no hospital.

Segundo relato do cardeal Lucas Moriera Neves, João Paulo II disse várias vezes que “este é o sofrimento dos inocentes, igual ao de Jesus”, ao saber da situação pela qual a santa passava.

O papa passou cerca de 10 minutos no hospital, segurou a mão da irmã e rezou, terminando o encontro com uma bênção especial.

A irmã passou o encontro inteiro olhando para o papa e chorando. Sua família recebeu um terço e uma coroa de flores.

João paulo II teve um dos papados mais marcantes dos tempos modernos e manteve uma relação especial com o Brasil, onde foi apelidado de “João de Deus’’.

A Brasil Paralelo conta a história do religioso em seu primeiro filme biográfico chamado, O Papa que Venceu o Comunismo.

Não perca o evento de estreia intitulado Não tenhas medo, que será transmitido ao vivo às 20 horas de amanhã, 14 de agosto.

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Milagres

A irmã morreu em 13 de março de 1992, cercada de amigos e religiosos. Ela só foi reconhecida oficialmente como santa após a confirmação de dois milagres. 

O primeiro aconteceu em 2001, em Sergipe. Uma mulher teve uma hemorragia grave durante o parto. Ela só parou de sangrar depois de pedir a intercessão de Irmã Dulce. 

O segundo milagre aconteceu em 2014 e envolveu o maestro José Maurício Moreira, que estava cego por causa de um glaucoma após 14 anos.

Ele pediu pela intercessão da santa durante uma crise de conjuntivite e recuperou sua visão no dia seguinte.

Durante entrevista para o G1, o oftalmologista Rodrigo Oliveira explicou que o glaucoma danifica o nervo que liga o olho ao cérebro. 

"O nervo ótico é como um cabo de eletricidade que leva as informações para o cérebro processar. O aumento da pressão ocular lesiona o nervo progressivamente até impedir a visão".

Ele comentou que é cientificamente impossível que uma pessoa volte a enxergar sem o nervo ótico saudável.

Conheça a oração à santa Dulce dos Pobres

"Senhor nosso Deus,

lembrados de vossa filha,

a santa Dulce dos Pobres,

cujo coração ardia de amor por vós e pelos irmãos,

particularmente os pobres e excluídos,

nós vos pedimos:

dai-nos idêntico amor pelos necessitados;

renovai nossa fé e nossa esperança

e concedei-nos, a exemplo desta vossa filha,

viver como irmãos,

buscando diariamente a santidade,

para sermos autênticos discípulos missionários

de vosso filho Jesus.

Amém".