História do Brasil
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As visitas de João Paulo II ao Brasil: um legado de celebrações e luta contra o marxismo

Conheça o legado de celebrações e luta contra o marxismo no Brasil.

Por
Lucas Brandão Pelucio
Publicado em
13/8/2025 15:30
Foto: Reuters.

São João Paulo II marcou a Igreja Católica com suas viagens apostólicas. O Brasil – o país com mais católicos do mundo – foi um dos destinos mais frequentes. 

Entre 1980 e 1997, ele realizou quatro visitas ao país, percorrendo milhares de quilômetros, reunindo milhões de fiéis e deixando mensagens que ecoam até hoje. 

Para conhecer profundamente a atuação e importância do Papa, no dia 14 de agosto estreia o "Especial João Paulo II", marcando o lançamento do documentário biográfico "O Papa que Venceu o Comunismo", produzido pela Brasil Paralelo.

O que você vai encontrar neste artigo?

1980: a primeira visita de um papa ao Brasil

Em 30 de junho a 12 de julho de 1980, o Papa fez sua primeira visita ao país, a primeira de um papa no Brasil. Foi um evento histórico que mobilizou cerca de 12 milhões de pessoas presencialmente e 50 milhões pela televisão, com audiências recordes de até 90%.

Alguns dos principais momentos foram:

  • Beijo no Solo Brasileiro: ao desembarcar em Brasília, João Paulo II ajoelhou-se e beijou o chão, um gesto simbólico de amor pelo Brasil que se repetiu em cada cidade. Ele declarou: “Abraço neste momento – ao menos em espírito – cada pessoa que vive nesta pátria brasileira”.
  • Visita à Favela do Vidigal: no Rio de Janeiro, o Papa surpreendeu ao visitar a favela do Vidigal, onde doou seu anel episcopal à comunidade, dizendo: “A Igreja quer ser a Igreja dos pobres”. A missa no Aterro do Flamengo reuniu 2,5 milhões de pessoas.
  • Encontro com Irmã Dulce: em Salvador, João Paulo II abençoou Irmã Dulce (hoje Santa Dulce dos Pobres), chamando-a ao altar durante uma missa sob chuva, um momento que simbolizou a santidade viva do Brasil.
  • Defesa da Justiça Social: em São Paulo, diante de 100 mil trabalhadores, ele gritou “Solidarnosc!”, referindo-se ao movimento polonês anti-comunista, e criticou sistemas que protegem interesses de poucos: “O poder nunca deve ser usado para proteger os interesses de um grupo contra outro”. Em Recife, ele pediu melhores condições para os homens do campo, afirmando: “É inaceitável que o desenvolvimento de uma sociedade exclua homens e mulheres do campo”.
  • Crítica à Teologia da Libertação: Em discurso ao Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) no Rio, ele alertou contra a politização da fé, rejeitando interpretações marxistas que transformavam Cristo em um revolucionário político.

A visita de 1980 foi um divisor de águas. Coberta intensamente pela Rede Globo, com uma infraestrutura que incluiu cinco câmeras estratégicas e flashes diários no Jornal Nacional, ela reacendeu a fé católica e trouxe visibilidade às questões sociais. 

O papa percorreu cerca de 30.000 km em 13 dias, falando com chefes de Estado, operários, indígenas, jovens e presos, reforçando a missão evangelizadora da Igreja.

Sua mensagem contra a Teologia da Libertação, porém, gerou tensões com setores progressistas, como Leonardo Boff, que já começavam a sentir a pressão do Vaticano.

1982: uma passagem breve em meio à guerra

Em meio à Guerra das Malvinas, em 11 de junho de 1982 João Paulo II fez uma breve parada no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão.

Em um discurso curto no aeroporto, o Papa pediu reconciliação entre Argentina e Reino Unido, enfatizando a fraternidade cristã e a necessidade de diálogo em tempos de conflito.

Embora breve, a parada reforçou a imagem de João Paulo II como um mediador global, conectando o Brasil a sua missão universal de paz. A visita, sem grandes eventos, foi um prelúdio para suas mensagens sociais mais amplas nas viagens seguintes.

1991: fé, progresso e desafios sociais

Em 1991, o Brasil vivia a redemocratização após a ditadura, mas enfrentava uma crise econômica com inflação de quase 500% e desigualdades crescentes. A Igreja Católica perdia fiéis para o protestantismo, e a Teologia da Libertação continuava sob escrutínio do Vaticano.

A visita foi marcada por:

  • Crítica às Desigualdades: Em Natal, João Paulo II denunciou as “perversas desigualdades econômicas” que geravam “discriminações sociais intoleráveis”. Em São Luís, ele defendeu a reforma agrária: “Ainda há um longo caminho para uma distribuição justa da terra neste país”.
  • Beatificação de Madre Paulina: Em Florianópolis, o Papa beatificou Madre Paulina, futura santa, destacando a necessidade de santidade: “Que o exemplo de Madre Paulina inspire uma resposta decidida ao chamado de Cristo!”.
  • Visita a Irmã Dulce: Em Salvador, ele alterou o roteiro para visitar Irmã Dulce, gravemente enferma, em um gesto de carinho que marcou a cidade.
  • Combate ao Protestantismo: Em Natal, ele criticou denominações evangélicas por oferecerem “falsas miragens” e “simplificações distorcidas”, defendendo a formação de mais padres para conter a perda de fiéis.
  • Apoio aos Indígenas: Em Cuiabá, ele pediu perdão pelas “fraquezas e defeitos” de missionários católicos, mas defendeu o legado da Igreja na América do Sul.

Impacto

A visita de 1991 reforçou a mensagem de João Paulo II sobre a fé como base para enfrentar crises sociais, sem ceder a ideologias como o marxismo. Suas críticas à Teologia da Libertação foram indiretas, mas evidentes, especialmente em discursos que enfatizavam a evangelização pura. 

A viagem também teve um impacto inesperado: estudos sugerem que os discursos sobre família e moralidade reduziram o uso de contraceptivos, gerando um pequeno “baby boom”. A beatificação de Madre Paulina fortaleceu a identidade católica brasileira.

1997: A última visita – um chamado à família

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