Quem são os Acutis, família do primeiro santo millennial da Igreja Católica

O pai executivo: Andrea Acutis

Na década de 1980, Andrea Acutis buscava trilhar sua própria carreira. Estudou economia em Genebra e logo foi para Londres, onde trabalhou no banco de investimentos Lazard Brothers.

O jovem executivo circulava nos ambientes financeiros, frequentando reuniões e recepções com a elite londrina. Foi nesse período que se casou com Antonia Salzano, uma jovem romana de origem rica.

Nos anos 1990, Andrea voltou à Itália e assumiu os negócios da família. Em 2004, entrou para o conselho da Vittoria Assicurazioni, chegando depois à presidência.

Além da seguradora, Andrea diversificou suas atividades. Tornou-se presidente da imobiliária Immobiliare Bilancia e da gestora de ativos Acacia 2000 S.r.l.

Também atua em holdings como a Yafa S.p.A., que controla a Vittoria, e a Yarpa S.p.A., especializada em private equity na Europa.

A mãe intelectual: Antonia Salzano

Antonia Salzano cresceu em Roma e trabalhou no ramo editorial. A família administrava uma editora de renome, e sua bisavó materna era norte-americana, dona de terras em Nova York.

Nos anos 1980, mudou-se para Londres para acompanhar Andrea e fez mestrado em Economia e Gestão Editorial.

Depois da perda do filho, Antonia passou a se dedicar a uma nova missão. Tornou-se uma das principais vozes na divulgação da devoção de Carlo, autora de livros e presença em conferências católicas.

Ela própria admite que não era praticante até ver no filho uma fé autêntica, que a reconduziu à Igreja.

“Eu tinha ido à Missa três vezes: no dia do meu batismo, no dia da primeira comunhão e no dia do casamento. E assim, de fato, também meu marido, embora diferentemente de mim, tendo os pais mais praticantes, de vez em quando frequentava a Igreja”. Relata em seu livro, O segredo do meu filho.

Os gêmeos da Família Acutis: Francesca e Michele

Antonia relembra que o filho a tranquilizou pouco antes de morrer, aos 15 anos: “Não se preocupe, mãe, vou lhe dar muitos sinais.”

Algum tempo depois, Antonia sonhou com Carlo. No sonho, ele lhe dizia que ela voltaria a ser mãe. Quatro anos após a morte do primogênito, a promessa se confirmou: aos 44 anos, Antonia engravidou de gêmeos, Francesca e Michele.

Os dois nasceram em 2010 e, segundo a mãe, herdaram do irmão mais velho a mesma devoção.

Fizeram a Primeira Comunhão aos seis anos, rezam o Rosário todos os dias, participam da Missa e, quando possível, da adoração eucarística.

São muito devotos de muitos santos, que conhecem por lerem suas biografias”, contou Antonia.

A família esteve unida tanto na beatificação, em 2020, quanto na canonização, em 2025. Nesta última, Michele fez uma das leituras da Missa solene na Praça de São Pedro.

Para Antonia, os gêmeos têm uma missão: dar continuidade ao trabalho espiritual de Carlo.

Os Acutis integravam a elite turinesa. Andrea participava de conselhos ligados ao Grupo Pirelli e manteve proximidade com dinastias como a família Agnelli, da FIAT.

Antonia circulava entre a elite de roma e manteve amizade com figuras como a princesa Alessandra Borghese. Após a beatificação de Carlo, em 2020, o casal passou a interagir também com cardeais e bispos, percorrendo dioceses pelo mundo.

Em Londres, onde Carlo nasceu, o casal seguiu tradições da elite britânica. O nascimento foi anunciado no The Times, gesto comum entre famílias aristocráticas.

Esse contraste entre herança social e escolha pessoal é parte da força da narrativa de Carlo Acutis. Crescido entre círculos financeiros e culturais da Europa, ele preferiu a vida de fé, o uso da tecnologia para evangelizar e a dedicação à Eucaristia.

A fé de Carlo marcou os pais e mudou a rotina da casa. O papa Leão XIV destacou esse aspecto na homilia:

“Carlo encontrou Jesus na família, graças aos seus pais Andrea e Antonia presentes aqui hoje com os irmãos Francesca e Michele, depois também na escola e, sobretudo, nos sacramentos”.

O Padre Paulo Ricardo de Azevedo Jr. afirma no episódio Carlo Acutis e a Mensagem de Fátima, que a família Acutis apesar de ser “rica financeiramente, era pobre espiritualmente”. O exemplo do filho adolescente transformou esse quadro.

Na canonização de 2025, Carlo Acutis foi reconhecido pela Igreja Católica como o primeiro santo da geração millennial. O processo deu visibilidade também ao contexto familiar em que ele viveu.

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