Quem é Euclydes Marcos Pettersen?
Euclydes Marcos Pettersen Neto nasceu em Governador Valadares (MG) em 1984, em uma família ligada ao comércio e à pecuária.
Formado em Direito, entrou cedo na política: foi eleito vereador aos 22 anos, com uma carreira local marcada por articulação política e por atuação na região do Vale do Rio Doce.
Depois, tentou a Câmara dos Deputados em 2014, ficou na suplência e passou a ocupar funções no Executivo mineiro. Em 2016, assumiu a Superintendência Geral da Saúde de Minas Gerais, período em que direcionou recursos para municípios do estado.
Em 2018, foi eleito deputado federal pela primeira vez e ganhou projeção nacional ao participar da CPI de Brumadinho, na qual atuou como sub-relator.
Foi reeleito em 2022, ampliando sua votação e assumindo, posteriormente, a presidência estadual do Republicanos em Minas Gerais.
Emendas e venda de avião
O nome do deputado começou a aparecer com frequência nos relatórios da PF por causa de sua relação com o Instituto Terra e Trabalho (ITT) e com a Conafer, entidades que receberam emendas parlamentares enviadas por ele, R$1,5 milhão em 2022 e R$1 milhão em 2023.
No mesmo período das emendas, Pettersen vendeu uma aeronave ao presidente do ITT, Vinícius Ramos da Cruz.
Meses depois, o avião foi transferido para o nome de um secretário da Conafer, que negou ter comprado o bem. A movimentação reforçou a suspeita de intermediação irregular.
Depoimentos à CPMI do INSS mencionaram o deputado como figura política influente próxima à Conafer.
Um piloto contratado pela entidade relatou voos ligados ao grupo e apontou vínculos entre aeronaves utilizadas pela confederação e figuras envolvidas nas investigações.
Por que virou alvo da PF?
De acordo com a Polícia Federal:
- repasses financeiros ligados ao esquema teriam circulado entre empresas e pessoas que orbitam o mesmo núcleo;
- os depósitos coincidiam com liberações de valores do INSS para convênios;
- as planilhas apreendidas descrevem Pettersen como o parlamentar mais bem remunerado pelo esquema, apelidado de “herói” em documentos internos;
- o valor total recebido poderia superar R$14 milhões, segundo a análise dos investigadores.
A PF afirma que os pagamentos teriam como objetivo garantir proteção política à Conafer, influenciando decisões e evitando fiscalizações.
O ministro André Mendonça, do STF, chegou a avaliar pedidos da PF para impor tornozeleira eletrônica e fiança milionária, mas rejeitou as medidas por falta de indícios de obstrução.
Ele manteve, porém, outras cautelares e permitiu que a investigação siga em andamento.
O que diz o deputado?
Pettersen afirma que “recebe a ação com serenidade”, diz não ter qualquer ligação com o INSS ou participação na gestão da Conafer e declara que apoia as investigações.
Ele também relembra que já foi alvo de outras duas operações, em uma foi absolvido, e na outra a denúncia nem chegou a ser aceita.
“Acredito na Justiça, na verdade e na importância das investigações sérias”, afirmou em nota.
Com a operação em curso, a PF ainda analisa novas quebras de sigilo, movimentações financeiras e depoimentos. Caberá ao Ministério Público decidir se apresenta denúncia formal ao STF.
Até lá, Euclydes Pettersen segue no exercício do mandato e se defende das acusações que o colocaram no centro do escândalo previdenciário.