Menos de um mês após assumir, o primeiro-ministro Sébastien Lecornu renunciou ao cargo nesta segunda-feira (6). O presidente Emmanuel Macron aceitou o pedido.
Em discurso no Matignon, Lecornu disse que “não encontrou as condições necessárias para ser primeiro-ministro”.
Ele destacou que nenhum dos partidos que compõem o parlamento francês estava disposto a negociar seus programas:
“Os partidos políticos continuam a adotar uma postura como se cada um deles tivesse maioria absoluta na Assembleia Nacional. Eu me vi em uma posição em que estava disposto a fazer concessões, mas cada partido quer que o outro adote todo o seu programa.”
Lecornu não conseguiu costurar apoio estável, a nova composição ministerial irritou aliados e adversários.
Ele havia sido nomeado por Macron no dia 9 de setembro e anunciou uma composição ministerial parecida com seu antecessor, François Bayrou.
O ministro da Defesa, Bruno Le Maire, havia sinalizado que Lecornu já havia perdido o apoio até mesmo dentro de seu próprio partido, Renascimento.
Lecornu é o quinto primeiro-ministro a deixar o posto em menos de dois anos, seu mandato é o mais curto na história da quinta República Francesa, instaurada em 1958.
A crise política acontece em meio a uma queda na popularidade do governo Macron, que conta com apenas 17% de aprovação, segundo pesquisa do Instituto Ipsos.
Entre os motivos para o baixo apoio da população estão medidas polêmicas, como a mudança nas leis de aposentadoria que aumentou a idade mínima de 62 para 64 anos.
Além disso, a França vêm registrando indicadores econômicos negativos, como uma dívida pública de € 3,3 trilhões, cerca de R$20,8 trilhões, o equivalente a 114% do Produto Interno Bruto.
Conheça a trajetória de Emmanuel Macron com o especial de Face Oculta. Assista completo abaixo:
Líderes da esquerda francesa aumentaram a pressão e pediram que Macron renuncie à presidência.
A deputada Mathilde Panot, líder do partido França Insubmissa na câmara, chegou a falar em em “contagem regressiva” para a queda do presidente.
O principal líder do partido, Jean-Luc Mélenchon, pediu um andamento mais rápido de uma moção de impeachment:
“Após a renúncia de Sébastien Lecornu, pedimos a consideração imediata da moção apresentada por 104 deputados para o impeachment de Emmanuel Macron”
O partido Rassemblement National (RN), principal sigla da direita francesa, pressiona para que o presidente convoque uma nova eleição parlamentar.
Jordan Bardella, um dos principais nomes dentro da sigla, afirmou que a França não terá estabilidade sem novas eleições:
“Não pode haver retorno à estabilidade sem o retorno às urnas e a dissolução da Assembleia Nacional”
Marine Le Pen chamou a dissolução de “absolutamente necessária” durante entrevista para o canal de televisão BFM:
“Eu conclamo o presidente da República a dissolver a Assembleia Nacional (...) chegamos ao fim da piada, a farsa já durou tempo demais”.
Ano passado, Macron dissolveu a Assembléia Geral e convocou novas eleições após uma vitória do RN na disputa pelo Parlamento Europeu.
O partido conseguiu ganhar no primeiro turno das eleições legislativas, mas foi derrotado no segundo após uma aliança entre Macron e o bloco de esquerda Nova Frente Popular, liderado por Melenchon.
Uma vitória do RN no parlamento representaria mais um avanço importante da direita nos países membros da União Europeia.
Em 2024, o espectro político conseguiu maioria no Parlamento Europeu e avançou em diversos países do bloco, incluindo:
Este anos, países como Portugal, Alemanha e Polônia também foram marcados por um aumento significativo da direita e seus parlamentos.
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