Entenda o golpe
De acordo com o depoimento, o operador foi abordado por criminosos em março. Após uma proposta feita por WhatsApp, aceitou entregar seu login corporativo por R$5 mil, pagos via motoboy.
Duas semanas depois, recebeu mais R$10 mil para continuar acessando o sistema e executar comandos sob instruções enviadas por uma conta na plataforma Notion. O pagamento, novamente, foi feito em dinheiro por motoboy.
Roque admitiu informalmente à polícia que sabia da fraude e continuou a colaborar com o grupo criminoso mesmo após o primeiro pagamento.
O currículo do operador chamou a atenção. Em seu perfil no LinkedIn, Roque afirma ter apenas “pequena experiência com tecnologia”. Sua trajetória inclui trabalho como eletricista e técnico de TV a cabo, e o início do curso de TI só aconteceu aos 42 anos.
A resposta da empresa
A C&M Software confirmou que o incidente foi causado por engenharia social, quando criminosos enganam pessoas para obter informações, e não por falha técnica nos sistemas.
A empresa disse que vem colaborando com as autoridades desde o início e que todos os seus serviços seguem funcionando normalmente.
“Em respeito ao trabalho das autoridades e ao sigilo necessário às investigações, a empresa manterá discrição e não se pronunciará publicamente enquanto os procedimentos estiverem em andamento. A CMSW reafirma seu compromisso com a integridade, a transparência e a segurança de todo o ecossistema financeiro do qual faz parte princípios que norteiam sua atuação ética e responsável ao longo de 25 anos de história”.
Como o ataque foi possível
A C&M atua como ponte entre bancos menores e o sistema Pix do Banco Central.
Segundo técnicos do BC e da Polícia Federal, os hackers usaram as credenciais vazadas para acessar contas-reserva, usadas na liquidação entre instituições financeiras, sem envolver contas de clientes finais.
A empresa mais atingida foi a BMP, que presta serviços de banking-as-a-service. A invasão permitiu transferências indevidas a partir das contas que as instituições mantêm diretamente no Banco Central.
- Banking as a Service (BaaS) é quando empresas não bancárias oferecem serviços financeiros, como contas, transferências e cartões, usando a estrutura de bancos autorizados pelo Banco Central.
A suspeita é que vários hackers atuaram em rede, aproveitando o acesso privilegiado ao sistema. A operação segue em investigação e pode levar a novas prisões nos próximos dias.