Mats Steen é a prova viva de que é possível fazer a diferença mesmo sem conseguir se movimentar direito. O norueguês tinha Distrofia Muscular de Duchenne, uma doença degenerativa que atrofia os músculos e deixa o paciente imóvel aos poucos.
Ele foi diagnosticado ainda criança, gerando em seus pais o medo de que ele tivesse uma vida sem sentido por causa disso.
Sua mãe, em especial, se sentia culpada pela condição de Mat. Isso porque a doença é hereditária e passada pela mãe apenas aos filhos do sexo masculino.
No entanto, seu filho encontrou uma forma de se conectar com as pessoas e deixar um legado de amor.

A tela como solução e preocupação
Mats nasceu em 1989. Era o filho mais velho de Robert e Trude Steen. Depois do diagnóstico, os pais procuraram melhorar sua qualidade de vida da melhor forma possível. Quando ele já não conseguia mais se mover, o casal o autorizou a passar mais tempo jogando videogame.
Apesar da preocupação com o excesso de telas do filho, os dois entendiam que era uma forma de ele passar um tempo de qualidade. Além disso, ele passou a escrever um blog sobre sua vida como portador de uma doença degenerativa.
Nos textos, falava sobre a beleza da vida e como é possível ver positividade mesmo em situações complexas.
O que seus pais não sabiam é que através do jogo, Mats mudou a vida de muitas pessoas e fez amigos ao redor do mundo.
Mats no mundo, Ibelin no jogo
Quando ainda era adolescente, Mats criou um avatar no jogo online e Real Playing Game (Jogo de realidade Jogo de Interpretação Real em português) World of Warcraft.
Lá dentro, tornou-se um detetive carismático que fez amizades e ajudou pessoas ao redor do mundo. Fez amigos, aconselhou pessoas por trás de outros avatares, e até mesmo arrumou namoradas.
Era inclusive conhecido por ser “mulherengo” na comunidade online.

Mats Steen conheceu sua primeira namorada virtualmente aos 17 anos. A moça morava em outro país. Os dois se relacionaram por um tempo, até ele se encantar com outras mulheres. Foto: Netflix - divulgação.
No entanto, sua família não fazia ideia de como ele mudou vidas de dentro de um quarto.
Quando Mats morreu em 2014, seus pais acessaram seu blog para noticiar sua partida. O casal deixou um email de contato, caso alguém quisesse dar-lhes as condolências.
A surpresa veio pouco depois, quando a caixa de entrada ficou lotada de mensagens de amigos virtuais de Mats consternados com sua morte. Uma delas pedia que cinco deles pudessem estar no velório, o que foi atendido pelos pais.
Em seu funeral, seu pai brincou que saber da habilidade do filho com as mulheres “o deixava um pouco orgulhoso”. A fala arrancou risos dos presentes, que lotaram a igreja onde a cerimônia aconteceu.
Uma mãe que reencontrou o filho dentro de casa
Robert, Trude e sua filha mais nova Mia então descobriram o legado de Mats. A história se transformou no documentário “A Extraordinária Vida de Ibelin" do diretor Benjamin Ree.
O filme retrata retrata a vida de Mats e a profundidade das relações que ele cultivou. Uma delas é uma mãe que não sabia como estar mais perto do filho.
Ela entrou no jogo em busca de respostas e encontrou Ibelin, que a aconselhou a usar a plataforma como um primeiro passo. Emocionada, conta como tudo mudou entre ela e seu filho depois disso.
Em suas palavras, os dois se reencontraram. Ela lembra que o primeiro abraço que deu em seu filho em anos foi dentro da realidade virtual. Aos poucos, essa conexão se estendeu para a vida real.
Outro jovem, contou à família como Mats o ajudou a superar a depressão e desejar sair de casa após 4 anos trancado em seu quarto.
“Para nós, era apenas um jogo, mas para Mats, era um espaço onde ele podia se conectar de verdade”, compartilham Robert e Trude Steen durante o filme.



.webp)







.jpg)



.webp)




.webp)







