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Morre Arlindo Cruz, ícone do samba brasileiro, aos 66 anos. Rememore a carreira

Ex-vocalista do grupo Fundo de Quintal, o cantor estava fora dos palcos desde 2017, quando sofreu um AVC.

atualidades
O Globo
Redação Brasil Paralelo
Comunicação Brasil Paralelo

O samba perdeu um de seus maiores representantes. Arlindo Cruz morreu nesta sexta-feira, 8 de agosto de 2025, no Hospital Barra D'Or, no Rio de Janeiro. Compositor, cantor e cronista do cotidiano carioca, ele tinha 66 anos. 

Desde 2017, Arlindo vivia longe dos palcos em razão de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico. A doença interrompeu sua trajetória artística de modo abrupto e impôs uma rotina intensa de cuidados, internações e tratamentos.
Foram mais de trinta pneumonias, dezenas de internações, cirurgias e sessões de fisioterapia que marcaram seus últimos anos. 

Em abril deste ano, ele voltou a ser internado com um quadro de pneumonia, e embora tenha recebido alta em junho, precisou voltar ao hospital dias depois, já sem responder a estímulos. A luta chegou ao fim nesta manhã.

Quando Arlindo Cruz foi vítima de AVC?

O AVC que tirou Arlindo de cena aconteceu em 17 de março de 2017, quando ele se preparava para uma viagem a São Paulo para um show ao lado do filho. Durante o banho, caiu sobre a banheira, foi levado às pressas à Casa de Saúde São José e passou os 15 meses seguintes internado, parte deles na UTI. Durante esse período, foram realizadas 14 cirurgias — cinco delas no crânio — além de uma embolia pulmonar e perda parcial dos movimentos e da fala.

Mesmo diante do quadro severo, o cantor resistiu. Chegou a voltar a falar algumas palavras e demonstrou melhora em certos momentos. No carnaval de 2023, foi homenageado pela escola Império Serrano, e desfilou no último carro alegórico, cercado pela família e amigos. O momento comoveu o público na Marquês de Sapucaí, mas a escola acabou rebaixada.

Desde o AVC, coube à esposa, Babi Cruz, e aos filhos Arlindinho e Flora, compartilhar com o público os boletins de saúde do cantor. Em alguns momentos, o tom era de esperança; em outros, de cautela. Em maio de 2025, Babi revelou que Arlindo lutava contra uma bactéria resistente e não estava mais reagindo a estímulos. Apesar do histórico de recuperação e da fé da família, Arlindo não resistiu.

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O começo: um cavaquinho, um bairro, uma missão

Criado em Madureira, bairro que mais tarde homenagearia na canção "Meu Lugar", Arlindo Cruz cresceu cercado por música. 

Filho de Aracy Marques e Arlindo Domingos da Cruz, herdou do pai o cavaquinho, da mãe o pandeiro e de um tio o violão. Aos sete anos, ganhou seu primeiro cavaquinho e nunca mais largou. Aprendeu a tocar de ouvido e, mais tarde, estudou teoria musical e violão clássico na escola Flor do Méier.

Adolescente, foi para Barbacena (MG), onde estudou na Escola Preparatória de Cadetes do Ar. Mesmo longe do Rio, formou coral e venceu festivais estudantis — mas o samba o chamava de volta. No início dos anos 1980, passou a frequentar as rodas do Cacique de Ramos, ao lado de Jorge Aragão, Beto Sem Braço, Almir Guineto, Neoci, Ubirany e Beth Carvalho.

Foi ali que nasceu o movimento que transformaria o pagode e revitalizaria o samba carioca. Arlindo logo se destacou como compositor: só no primeiro ano, teve 12 músicas gravadas. A estreia foi com “Lição de Malandragem”, seguida por sucessos como “Grande Erro” (com Beth Carvalho) e “Novo Amor” (com Alcione). O talento o levou ao grupo Fundo de Quintal, onde entrou para substituir Jorge Aragão.

Fundo de Quintal: a revolução do samba

Durante doze anos, Arlindo integrou o Fundo de Quintal, grupo que foi um divisor de águas na história do samba. Junto a Sombrinha, Ubirany, Bira Presidente, Sereno e outros, reinventou o pagode com letras sofisticadas e arranjos inovadores. No período, gravou sucessos como "Só pra Contrariar", "Castelo de Cera" e "O Mapa da Mina". O cavaquinho de Arlindo se tornou uma assinatura.

Ao lado do parceiro Sombrinha compôs canções emblemáticas como "O Show Tem Que Continuar" e "Alto Lá" (com Zeca Pagodinho e Luiz Carlos da Vila). A parceria rendeu cinco álbuns entre 1996 e 2002. O primeiro, Da Música, vendeu 60 mil cópias e confirmou o sucesso da dupla.

Em 1993, Arlindo decidiu seguir carreira solo. Lançou seu primeiro disco individual, Arlindinho, e consolidou sua posição como um dos maiores nomes do samba. O ponto alto dessa fase foi o lançamento do DVD MTV ao Vivo: Arlindo Cruz, em 2009. O projeto vendeu mais de 100 mil cópias e contou com participações de Maria Rita, Zeca Pagodinho e outros nomes do samba.

Cruz deixou um dos maiores legados do samba brasileiro

Arlindo Cruz, mais que intérprete, foi um compositor superprodutivo. Escreveu mais de 700 músicas, gravadas por nomes como Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Alcione, Elza Soares e Maria Rita.
Esta última incluiu seis canções dele no álbum Samba Meu (2007), entre elas “Tá Perdoado” e “Saudade Louca”. Arlindo também brilhou nos sambas de enredo. Venceu eliminatórias em escolas como Império Serrano e Grande Rio. Em 2001, conquistou o Estandarte de Ouro pelo samba do Império Serrano.

A força popular

Entre 2011 e 2017, Arlindo Cruz ganhou projeção nacional ao participar do programa Esquenta!, da TV Globo, apresentado por Regina Casé. A atração reunia artistas populares em uma roda de samba semanal e teve forte impacto na popularização do gênero entre o público jovem.

Arlindo também era figura frequente em festas, premiações e homenagens. Recebeu o Prêmio da Música Brasileira em 2015 na categoria Melhor Músico de Samba. Foi indicado cinco vezes ao Grammy Latino, incluindo a categoria de Melhor Álbum de Samba/Pagode e Melhor Canção em Língua Portuguesa. Venceu quatro vezes o Estandarte de Ouro.

Seu último projeto foi o álbum Pagode 2 Arlindos, lançado em 2017, ao lado do filho Arlindinho. O disco inclui faixas como "Nega Samambaia", "Bom Aprendiz" e "Pais e Filhos".

Vida pessoal e bastidores

Arlindo era casado com Babi Cruz desde 1996. Em 2012, oficializaram a união e, dez anos depois, renovaram os votos. 

O casal teve dois filhos: Arlindinho e Flora. Após o AVC, Babi assumiu os cuidados do marido e passou a ser sua principal porta-voz.

No entanto, a vida pessoal de Arlindo foi marcada por desafios e polêmicas. Ele enfrentou um longo vício em cocaína, iniciado na adolescência e intensificado nos anos 1980, quando a droga se tornou prevalente no meio artístico, conforme relatado na biografia O Sambista Perfeito (2025), escrita por Marcos Salles.

Arlindo tentou parar várias vezes, incluindo internações, e, segundo Arlindinho, estava quase livre da droga antes do AVC. Babi também revelou ter experimentado cocaína em um momento de vulnerabilidade, mas não continuou. Além disso, Arlindo teve um filho fora do casamento, Kauan Felipe Cruz, confirmado por teste de DNA, o que gerou conflitos familiares.

Em 2023, Babi anunciou publicamente um novo relacionamento, mesmo ainda casada com Arlindo. A decisão gerou controvérsia nas redes, mas ela afirmou que isso não a impediria de cuidar do sambista com amor e dedicação. Outra polêmica veio à tona em 2024, conforme noticiado pelo O Globo (29/10/2024), quando uma testemunha alegou que a procuração assinada por Babi e Arlindinho, datada de 6 de abril de 2017, seria fraudulenta, pois Arlindo estava em coma na época. Kauan questionou a validade do documento e a curatela gerida por Babi, prometendo investigar o caso. Em junho de 2025, a biografia O Sambista Perfeito - Arlindo Cruz, escrita por Marcos Salles, foi lançada na Bienal do Livro do Rio. A obra reúne depoimentos e documentos inéditos da vida do músico. À época, Babi comemorou: "É emocionante entregar esse livro nesse momento em que ele está se recuperando de mais um problema de saúde".

O legado

Arlindo Cruz redefiniu o samba moderno. Seus versos equilibravam lirismo e malandragem, amor e crítica social, fé e festa. Como poucos, soube preservar a essência do samba sem abrir mão da inovação. Foi a ponte entre o morro e o mercado, entre a tradição e a juventude.

Mesmo longe dos palcos desde 2017, sua presença nunca deixou de ser sentida. Suas composições continuaram sendo tocadas, estudadas e homenageadas. Sua ausência, agora definitiva, deixa um vazio no samba. Mas também um legado imortal.

Como disse ele próprio, certa vez: "Enquanto houver um tantinho de amor, o samba vive". E se depender de Arlindo Cruz, viverá para sempre.

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