O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), abriu o segundo semestre do Judiciário com um discurso incisivo nesta sexta-feira (1º).
Foi sua primeira manifestação pública desde que o governo dos Estados Unidos aplicou contra ele, em 29 de julho, a chamada Lei Magnitsky.
Na reabertura dos trabalhos do STF, o ministro acusou investigados pela PF e processados pela PGR de integrar uma “organização criminosa” que tenta submeter a Corte a um “Estado estrangeiro”.
Segundo o ministro, esses “pseudo-patriotas” estão foragidos, articulam de forma “espúria e criminosa” com autoridades estrangeiras e buscam coagir a Corte no julgamento da Ação Penal 2668, ligada aos atos de 8 de Janeiro:
“Gerando presidente, ministra, ministros, gerando com essa maneira covarde, traiçoeira de atuar, gerando reflexos nocivos à economia e a sociedade brasileira. Como disse o ministro Gilmar Mendes, é uma verdadeira traição à pátria, uma traição covarde e traiçoeira.”
Moraes declarou também que irá desconsiderar a aplicação da Lei Magnitsky contra ele. Afirmou também que seguirá atuando como relator da ação penal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Ele acredita que existe uma tentativa de submeter o Estado brasileiro às determinações de outro país, o que configura atentado à soberania.
O ministro afirmou que esse grupo, que ele chama de organização criminosa, busca provocar instabilidade política e social por meio de articulações externas e incentivo a medidas prejudiciais.
“A insistência dessa organização criminosa na implementação de medidas nocivas ao Brasil (...) tem por finalidade a criação de uma grave crise econômica.”
Para o ministro, o objetivo do grupo é gerar pressão política e social sobre o Judiciário e o Legislativo, interferindo em ações penais já em fase final. Ele comparou a estratégia à utilizada antes do 8 de Janeiro, quando ocorreram acampamentos em frente a quartéis e a invasão da Praça dos Três Poderes.
Ele se referiu a essas pessoas de “brasileiros pseudo patriotas” que estariam “foragidos e escondidos” fora do país e que “não tiveram coragem de continuar em território nacional”. Acrescentou:
Moraes acredita que existe um “arquivamento tirânico” da ação, que busca “beneficiar determinadas pessoas que se acham acima da Constituição, da lei e das instituições”:
Moraes comparou as hostilidades contra magistrados, autoridades e familiares nas redes sociais à atuação de “milicianos do submundo do crime” e classificou esses ataques como “claros e expressos atos de traição ao Brasil”.
Sobre o “modus operandi de golpe”, não citou nomes, mas fez referência indireta ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que admitiu ter atuado para viabilizar as sanções com o jornalista Paulo Figueiredo. Disse que há uma tentativa de provocar “grave crise econômica” para criar ambiente favorável a nova ofensiva golpista, mas garantiu:
“Para o desgosto desses brasileiros traidores, não ocorrerá.”
O discurso deixou claro que, para o ministro, existe uma tentativa de coagir o Legislativo, com ameaças aos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), para que aprovem a lei da anistia e um pedido de impeachment contra ele:
“Ameaça aos presidentes das casas congressuais brasileiras sem o menor respeito institucional, sem o menor pudor, sem a menor vergonha, na explícita chantagem para tentar obter uma inconstitucional anistia ou em relação ao presidente do Senado obter o início de procedimento de impeachment contra ministros desta Suprema Corte.”
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