O cantor Hungria Hip Hop, de 34 anos, está internado em Brasília com suspeita de intoxicação por metanol após consumir bebida alcoólica adulterada.
O artista foi internado nesta quinta-feira (2) no Hospital DF Star com sintomas como dor de cabeça, enjoo, vômito, visão embaçada e alteração no sangue.
Em nota, a equipe médica informou que Hungria está “fora de risco iminente”, mas segue em tratamento. Seus shows do fim de semana foram cancelados.
Não há confirmação se o consumo da bebida ocorreu no Distrito Federal, que até o momento não tem casos oficiais registrados.
O Ministério da Saúde já contabiliza 43 notificações em todo o país. Os estados mais afetados são São Paulo e Pernambuco:
Em São Paulo, a polícia e a Vigilância Sanitária interditaram estabelecimentos que vendiam bebidas suspeitas. O caso mais notório foi o do Bar Ministrão, nos Jardins, região nobre da capital.
O dono, José Rodrigues, admitiu ter comprado bebidas quentes, como vodca, de vendedores de rua sem nota fiscal. Ele alegou não saber se os produtos são falsificados.
“Não sei se a vodka é falsa”.
Outro episódio ocorreu em uma adega na Cidade Dutra, zona sul de São Paulo, onde um jovem foi internado após consumir gin importado adulterado.
Três amigos também passaram mal, e exames confirmaram a presença de metanol. As garrafas, mesmo lacradas e aparentemente originais, foram apreendidas.
As bebidas mais adulteradas até agora são gin, vodca e uísque, geralmente falsificados a partir de marcas conhecidas.
Diante da gravidade, o Ministério da Saúde criou uma sala de situação para monitorar os casos. A equipe reúne órgãos federais, estaduais e municipais de saúde, além da Anvisa e da Polícia Federal.
Segundo o ministro da saúde Alexandre Padilha: “Estamos diante de uma situação anormal e diferente de tudo o que consta na nossa série histórica em relação à intoxicação por metanol no país. A entrada da Polícia Federal no plano se deve à suspeita de envolvimento de uma organização criminosa.”
Além disso, 50 mil garrafas adulteradas já foram apreendidas em São Paulo em operações recentes.
O metanol é um álcool simples, incolor, inflamável e volátil, produzido a partir de gás natural ou carvão. Diferente do etanol, usado em bebidas e combustíveis, o metanol é altamente tóxico.
A substância tem uso legítimo na indústria é aplicada na produção de formol, ácido acético, tintas, solventes e plásticos, além de estar presente em anticongelantes e removedores de tinta.
A ingestão de 60 a 240 mililitros pode ser fatal para um adulto. O equivalente a um copo plástico.
Os sintomas surgem entre seis e doze horas após o consumo e podem incluir náuseas, vômitos, dor abdominal, convulsões, dor de cabeça intensa, visão turva e ataxia, uma degeneração neurológica que prejudica a coordenação motora.
O perigo está no processo de metabolização. O fígado transforma o metanol em subprodutos tóxicos que atacam órgãos e nervos, provocando cegueira, insuficiência pulmonar, falência renal, coma e morte.
O envenenamento é uma emergência médica e exige atendimento hospitalar imediato, com uso de medicamentos e diálise para limpeza do sangue.
O uso criminoso do metanol se deve ao custo baixo: chega a custar até 70% menos que o etanol.
A substância imita o sabor alcoólico sem alterar o aroma, facilitando a falsificação de bebidas. Ainda não há consenso sobre a origem do produto usado nas adulterações.
Associações ligadas ao setor levantam a hipótese de que o metanol tenha sido importado ilegalmente por facções criminosas.
Segundo Rodolpho Ramazzini, diretor da Associação Brasileira de Combate à Falsificação, o esquema pode repetir práticas já vistas em cigarros e combustíveis:
“O PCC e outras facções entraram na falsificação de bebidas para maximizar seus lucros. Eles fazem isso para ganhar escala e não se preocupam com a saúde de ninguém.”
Uma megaoperação recente contra fraudes no setor de combustíveis revelou que a importação irregular de metanol ocorria pelo Porto de Paranaguá. A Polícia Federal investiga se o mesmo produto foi desviado para bebidas.
O secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, nega o envolvimento direto do PCC no caso. Já o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, afirma que a facção é investigada por conexões entre contrabando e adulteração.
O governador Tarcísio de Freitas reforçou que, até o momento, não há indícios concretos de ligação.
A Polícia Civil investiga bares e adegas suspeitas. Em operação realizada na última segunda-feira, 117 garrafas foram apreendidas em diferentes pontos da capital.
Enquanto isso, o Ministério da Saúde reforçou o alerta: bebidas muito baratas, com lacres danificados, erros de impressão no rótulo ou odor semelhante a solvente devem ser consideradas suspeitas. Em caso de sintomas, é essencial procurar atendimento médico imediato.
O ministro Alexandre Padilha alertou ainda sobre os sintomas iniciais, como dor abdominal intensa, alterações visuais e confusão mental.
“A dor encólica chama muito a atenção nesses casos. Qualquer percepção de alteração visual também deve ser considerada suspeita”, destacou.
Segundo Padilha, o Brasil conta hoje com 32 centros de referência em intoxicação toxicológica pelo SUS, nove deles em São Paulo.
O Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo atende todo o Brasil pelo número 0800 771 3733.
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