O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou nesta segunda-feira (22) em uma reunião da Organização das Nações Unidas sobre a criação do Estado palestino.
O encontro foi promovido pela França e pela Arábia Saudita em Nova York e contou com a participação de delegações de mais de 190 países.
Em seu discurso, Lula afirmou que a situação em Gaza não é apenas um conflito, mas “uma tentativa de aniquilar o sonho de nação” do povo palestino.
“O que está acontecendo em Gaza não é só o extermínio do povo palestino, mas uma tentativa de aniquilamento de seu sonho de nação. Tanto Israel quanto Palestina têm o direito de existir”, afirmou.
O presidente também usou o termo “genocídio” para se referir às ações em curso na Faixa de Gaza.
“Não há palavra mais apropriada para descrever o que está ocorrendo em Gaza do que genocídio.”
Ao comentar a atuação do Conselho de Segurança, Lula criticou o uso recorrente do veto de resoluções por parte dos países-membros permanentes.
Na ONU, o veto permite que qualquer um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (China, EUA, França, Reino Unido e Rússia) bloqueie uma resolução, mesmo com apoio da maioria.
“O conflito entre Israel e Palestina é símbolo maior dos obstáculos enfrentados pelo multilateralismo. Ele mostra que a tirania do veto sabota a própria razão de ser da ONU, de evitar que atrocidades como as que motivaram sua fundação se repitam.”
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O governo brasileiro já havia se posicionado sobre o tema. Em 17 de setembro, o Itamaraty entregou à Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, a adesão formal do Brasil à ação movida pela África do Sul que acusa Israel de genocídio nos territórios palestinos.
Lula reafirmou que o País continuará com a suspensão de exportações de material de defesa para Israel. Ele também disse que serão reforçados os controles sobre produtos vindos de assentamentos ilegais na Cisjordânia.
“O Brasil se compromete a reforçar o controle sobre importações de assentamentos ilegais na Cisjordânia e manter suspensas as exportações de material de defesa, inclusive de uso dual, que possam ser usadas em crimes contra a humanidade e genocídio”.
O presidente defendeu ainda a criação de um órgão internacional inspirado no Comitê contra o Apartheid da África do Sul, voltado para acompanhar a situação palestina.
Lula encerrou seu discurso pedindo a retomada dos esforços internacionais para a criação de um Estado palestino como condição para a paz na região.
“Assegurar o direito de autodeterminação da Palestina é um ato de justiça e um passo essencial para restituir a força do multilateralismo e recobrar nosso sentido coletivo de humanidade”.
No plenário da ONU, a delegação de Israel não esteve presente.
Já a França anunciou oficialmente o reconhecimento do Estado da Palestina, movimento seguido também por países como Reino Unido, Canadá, Portugal, Bélgica e Luxemburgo.
O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou que a Guerra é “injustificável".
“Não podemos demonstrar fraqueza diante do terrorismo. Mas o direito deve sempre prevalecer sobre o poder. Nada justifica a guerra em Gaza.”
Atualmente, 158 dos 193 membros da ONU já reconheceram a Palestina como Estado. O Brasil adotou essa posição em 2010, durante o segundo mandato de Lula.
O reconhecimento pleno, porém, depende de votação no Conselho de Segurança, onde os Estados Unidos indicaram que devem vetar a proposta.
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) criticou a fala de Lula em nota oficial, classificando suas declarações como “acusações mentirosas contra Israel”.
Segundo a entidade, o presidente desconsiderou “a tradição diplomática brasileira de moderação e busca do diálogo”.
“Nota da Conib
Conib lamenta novo ataque de Lula contra Israel em feriado judaico
A Conib lamenta que, em pleno feriado do Ano Novo judaico, o presidente Lula mais uma vez faça acusações mentirosas contra Israel, agora em foro internacional. Acusar judeus de matar mulheres e crianças deliberadamente é uma das mais antigas acusações antissemitas da história. E Lula faz isso desconsiderando os fatos e a tradição diplomática brasileira de moderação e busca do diálogo. O trágico conflito no Oriente Médio começou há quase dois anos, depois de um ataque bárbaro e genocida de terroristas do Hamas contra civis israelenses, o maior ataque contra judeus desde o Holocausto.
Se o presidente Lula está interessado no fim da guerra, deveria pedir que o Hamas devolva os reféns que mantém nas masmorras de Gaza há quase dois anos e que o grupo terrorista deponha suas armas. Suas manifestações desequilibradas em nada contribuem para a paz na região”.
Não é fácil compreender um conflito com camadas históricas, religiosas, territoriais e políticas.
A maioria dos especialistas do Oriente Médio tem um consenso sobre o conflito entre Israel e Palestina: o ocidente possui uma visão nebulosa sobre o que acontece no Oriente Médio.
A relação entre as sociedades dessa região é complexa e não cabe nas simplificações políticas que são adotadas na visão de franceses, brasileiros ou americanos.
Para analisar o Oriente Médio, é preciso ajustar a lente para a lógica da região. Por esse motivo, a Brasil Paralelo mobilizou a sua equipe para ir até o local e ouvir as pessoas que de fato vivem essa realidade, produzindo o filme From The River To The Sea, Entenda a Guerra em Israel.
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