O administrador de empresas Breno Emiliano, de 43 anos, desmaiou na empresa de logística onde trabalhava, em São Paulo, sendo hospitalizado às pressas. O "apagão" em meio ao expediente alertou o então gerente de operações para um mal decorrente da carga excessiva de trabalho: a síndrome de burnout ou do esgotamento profissional.
Neste mês de janeiro, completa um ano que a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu o burnout como uma doença crônica, devido à alta do número de diagnósticos.
Em inglês, o termo “burn out” significa “queimar por completo" ou "consumir-se". Foi criado pelo psicanalista Herbert Freudenberger (1926-1999).
Ele descreveu o problema ocupacional como um "sentimento de fracasso e exaustão causado por um excessivo desgaste de energia".
Os sintomas mais comuns são:
Estresse, depressão, diminuição da autoestima, ansiedade e falta de produtividade, sempre relacionados ao trabalho.
De acordo com o International Stress Management Association, o Brasil é o segundo país com mais casos de burnout. Três em cada dez trabalhadores sofrem desse mal.
Para entrar nessa estatística, Breno Emiliano trabalhou, por um longo período, até 18 horas por dia.
"Eu não descansava nem no fim de semana, porque tinham ligações, mensagens de whatsapp e emails para responder. Minhas férias eram sempre assinadas e pagas, mas dificilmente gozadas", relembra o administrador.
Ele conta que o desgaste não era apenas físico e psicológico, mas também em suas relações sociais e familiares:
"Não me sobrava tempo ou disposição para momentos de lazer com as pessoas que amo. Isso repercutiu em minha saúde mental, e minha produtividade na empresa caiu a ponto de eu ser demitido".
Há dois anos em tratamento com terapeuta e psiquiatra, o administrador encontrou um emprego que lhe possibilitou uma melhor qualidade de vida.
"Aprendi a priorizar minha saúde, a cuidar de mim mesmo, e disso eu não abro mão".
Alguns profissionais são mais propensos a adquirir burnout, segundo a perita médica previdenciária Betyna Saldanha Corbal.
São eles: bancários, policiais, bombeiros, agentes penitenciários, recepcionistas, gerentes, atendentes de telemarketing, motoristas de ônibus, enfermeiros, médicos, assistentes sociais e professores.
A perita relata entre esses profissionais situações de sobrecarga ou de frustração no trabalho.
"O entusiasmo do início é substituído por uma vivência de tédio, irritação e mau humor", descreveu a médica, em manual do Ministério da Saúde.
Sintomas da Síndrome de Burnout
O quadro clínico da síndrome de esgotamento profissional pode incluir, conforme o Ministério da Saúde:
- insônia, fadiga e inquietação, caracterizando síndrome depressiva ou ansiosa
- perda do autocontrole emocional
- irritabilidade e agressividade
- perturbação do sono
- perda da disposição e interesse pelo trabalho
- intolerância ao contato com aqueles que eram alvo da dedicação do profissional
Campanha do Janeiro Branco foca na saúde mental
O tema do Movimento Janeiro Branco em 2023 é "A vida pede equilíbrio". O Janeiro Branco é um movimento social que chama atenção para o cuidado com a saúde mental da população.
Neste mês dedicado à questão, a Brasil Paralelo irá lançar A Fantástica Fábrica da Sanidade, uma série Original BP que aborda assuntos como:
- o abuso no uso medicamentos ansiolíticos e antidepressivos
- o incentivo da indústria farmacêutica para o consumo desses remédios
- a cultura da automedicação para evitar a tristeza das frustrações
- a falta de fiscalização na venda dos psicofármacos
- a imprecisão no diagnóstico de doenças mentais
Fantástica Fábrica da Sanidade será lançada no dia 23 de janeiro, no streaming da Brasil Paralelo.




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