O Brasil é conhecido mundialmente por suas belezas naturais e sua cultura, mas a genialidade de seus inventores muitas vezes passa despercebida.
De componentes que estão em carros no mundo todo a aparelhos que revolucionaram a comunicação, a criatividade brasileira deixou marcas profundas na tecnologia.
Conheça cinco dessas grandes invenções e as histórias dos brasileiros por trás delas.
A primeira pessoa a transmitir a voz humana por ondas de rádio, sem o uso de fios, foi o padre e cientista brasileiro, Roberto Landell de Moura.
Em uma demonstração pública em São Paulo, no dia 16 de julho de 1899, ele transmitiu áudio.
Sua voz disse "toquem o hino nacional!" e sons musicais começaram a ser transmitidos do Colégio Santana até a Ponte das Bandeiras, a cerca de 4 quilômetros.
O feito aconteceu 15 anos antes do italiano Guglielmo Marconi conseguir o mesmo e ocorreu 23 anos antes da primeira transmissão oficial de rádio no Brasil.
A invenção do rádio é frequentemente atribuída a Marconi. No entanto, sua invenção de 1895 era um telégrafo sem fio, que transmitia apenas sinais em código Morse.
Landell de Moura foi o pioneiro na transmissão da voz humana, o que de fato é o rádio como o conhecemos. Ele também projetou, de forma inédita, a televisão e o telex.
Infelizmente, a história de Landell de Moura é frequentemente esquecida. Ele buscou recursos para industrializar seus inventos, mas foi ignorado.
Chegou a patentear o rádio no Brasil e nos Estados Unidos, onde ficou endividado após uma viagem de três anos e meio.
No caso, o Brasil perdeu a chance de estar na vanguarda da industrialização do aparelho.
O padre morreu de tuberculose em 1928, no ostracismo, e sua contribuição pioneira para as telecomunicações só foi resgatada décadas depois.
O conforto do câmbio automático, hoje presente em milhões de carros em todo o mundo, teve participação decisiva dos engenheiros brasileiros: José Braz Araripe e Fernando Iehly de Lemos.
Eles foram os responsáveis por desenvolver o primeiro sistema de transmissão automática com fluido hidráulico, que se tornaria a base para o câmbio "hidramático".
A história foi redescoberta pelo jornalista Fernando Morais, enquanto escrevia a biografia do escritor Paulo Coelho.
Araripe era tio-avô do autor, e a família acreditava que a história era apenas uma "invenção" do parente.
No entanto, era verdade. Araripe e Lemos se mudaram para os EUA nos anos 1920 e, após mais de uma década de trabalho em oficinas, apresentaram seu invento à General Motors em 1932.
A GM se interessou pelo projeto e comprou a patente por R$54,5 mil na época, aproximadamente R$872 mil hoje.
Eles poderiam ter escolhido receber US$1 por cada carro vendido com a tecnologia, mas optaram pelo pagamento único.
Em 1939, a GM lançou a tecnologia no modelo Oldsmobile com o nome de "Hydra-Matic".
O termo "hidramático" se tornou sinônimo de câmbio automático no Brasil por muitos anos.
A mais famosa e polêmica das invenções com selo brasileiro foi o avião, projetado por Alberto Santos Dumont.
Em 23 de outubro de 1906, no campo de Bagatelle, em Paris, ele realizou o primeiro voo confirmado da história.
Diante de uma multidão e de uma comissão julgadora da Federação Aeronáutica Internacional, o 14-Bis decolou, voou por 60 metros e pousou utilizando apenas a potência de seu próprio motor.
No entanto, a invenção está ligada a uma controvérsia internacional envolvendo os Estados Unidos.
Lá a criação da aviação é atribuída aos irmãos Wilbur e Orville Wright, que teriam realizado um voo em 17 de dezembro de 1903.
O feito dos americanos não foi público, apenas cinco pessoas teriam testemunhado.
Além disso, o avião dos irmãos, o Flyer, precisou de um sistema de trilhos e uma catapulta para decolar.
Para especialistas como Rodrigo Visoni, entrevistado pela BBC Brasil, a invenção dos irmãos “não é um avião, é um planador motorizado, um motoplanador".
O curador emérito do Museu Nacional do Ar e Espaço, Tom Crouch, afirma em entrevista para a BBC que a catapulta existia por causa do terreno acidentado em que os irmãos testavam as máquinas.
Santos Dumont, filho de um rico cafeicultor que se mudou para Paris para estudar engenharia, já era uma celebridade na Europa antes mesmo do 14-Bis.
Em 1901, ele ganhou um prêmio por ter contornado a Torre Eiffel com seu dirigível nº 6, movido a gasolina.
Além disso, ele criou o Demoiselle, o primeiro ultraleve do mundo a ser produzido em série, e publicou os planos da aeronave para que qualquer um pudesse replicá-la.
A descoberta que revolucionou o tratamento contra picadas de cobras e salvou milhões de vidas em todo o mundo foi feita pelo médico e cientista brasileiro Vital Brazil.
Em seus estudos no início do século XX, ele foi o primeiro a comprovar a especificidade do veneno das serpentes.
Antes de Vital Brazil, o tratamento para picadas de cobras era genérico e ineficaz, cerca de 5.000 pessoas morriam todos os anos só no estado de São Paulo.
O cientista francês Albert Calmette havia criado um soro genérico, mas Vital Brazil provou que era necessário um soro específico para neutralizar o veneno de cada gênero de serpente.
Sua tese se provou correta e se tornou o padrão mundial de tratamento. Vital Brazil doou a patente de seus soros antiofídicos específicos ao governo brasileiro.
Isso permitiu que a inovação fosse replicada sem custos e se tornasse acessível a toda a população.
Presente na maioria dos lares do país, o chuveiro elétrico é uma invenção genuinamente brasileira, criada pelo engenheiro Francisco Canho na década de 1940.
Na época, o aquecimento de água para o banho dependia de métodos caros e muitas vezes perigosos, como aquecedores a gás ou a lenha.
O Brasil passava por um processo de urbanização e a expansão da rede elétrica.
O engenheiro da empresa de eletricidade do Rio de Janeiro, Francisco Canho, projetou e patenteou o primeiro chuveiro elétrico.
A máquina utilizava uma resistência para aquecer a água instantaneamente à medida que ela passava pelo aparelho.
A invenção foi um sucesso imediato. A Light começou a comercializar os chuveiros elétricos em 1950, e eles rapidamente se tornaram um item popular em todo o país.
Cerca de 30 anos depois, os chuveiros de plástico surgiram, tornando o produto ainda mais acessível.
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