A operação rapidamente dividiu a Câmara dos Deputados, expondo posições antagônicas entre colegas de partido e adversários políticos. Parlamentares governistas não perderam a oportunidade de alfinetar o deputado.
A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) ironizou o episódio, afirmando que “todo dia um bolsonarista” está “ nas páginas policiais”. A parlamentar ainda destacou que, no seu entendimento, se trataria de mais um caso de suposta conduta duvidosa por parte de aliados do ex-presidente.
“Hoje quem acordou com o ‘bom dia’ da Polícia Federal foi Gayer, suspeito de desvio de cota parlamentar. Mais um para a lista dos ‘cidadãos de bem’”, comentou Melchionna, em tom crítico.
Para Rogério Correia (PT-MG), a operação demonstra que os apoiadores de Jair Bolsonaro estão sendo responsabilizados pelas ações suspeitas. Correia disse que “já já começa o chororô” e que Gayer e seus aliados irão alegar “perseguição” e criticar o STF por “ditadura”.
O mineiro também defendeu a ação da PF, sustentando que casos de suspeita de desvios de verba pública precisam ser investigados com rigor e que a ação policial é um reflexo da necessidade de transparência e probidade na administração dos recursos públicos.
Enquanto isso, aliados de Gayer se mobilizaram para prestar solidariedade e, em muitos casos, manifestaram forte indignação com a operação. O deputado Coronel Meira (PL-PE) qualificou o episódio como um “absurdo”, afirmando que a ordem judicial representa uma escalada na suposta perseguição contra parlamentares conservadores.
“O Brasil, cada vez mais, vai se assemelhando às piores ditaduras do mundo. Orem por nosso país”, declarou Meira, que vê a situação como um reflexo de uma agenda antidemocrática.
O deputado Rodrigo Valadares (União-SE) foi ainda mais direto em sua crítica, afirmando que o caso é um sinal de que o Judiciário estaria extrapolando suas funções ao agir de maneira que ele considerou como “politicamente motivada”. O sergipano também questionou o Senado, principalmente seu presidente, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pela falta de uma resposta institucional frente ao que chamou de “perseguição judicial”. Valadares concluiu dizendo que está “ao lado” de Gayer nessa “trincheira pela liberdade”.
Com a operação e a subsequente polarização dentro do Legislativo, o episódio lança luz sobre os crescentes atritos entre o Judiciário e os setores conservadores no Parlamento, tensionando o cenário político.
Em meio a essas disputas, a pressão sobre o Senado para se posicionar vem aumentando, ao passo que a PF e o STF mantêm o silêncio sobre os desdobramentos do caso, que segue sob sigilo.