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Ana Campagnolo X 20 Feministas: “feto não é uma vida”, diz participante

Trecho de episódio viraliza e reacende discussão sobre quando começa a vida humana.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
4/11/2025 14:15
Redação

Um vídeo divulgado voltou a colocar o tema do aborto no centro das redes sociais.

A gravação mostra a deputada estadual Ana Campagnolo debatendo com um grupo de vinte feministas durante a gravação de um programa do canal Spectrum. O episódio foi ao ar no último dia 31 de outubro.

Durante o debate, Campagnolo perguntou se “o feto não é uma vida humana”. Uma das participantes respondeu negativamente.

 “Não, eu não acho.”

A deputada insiste: “É uma vida de que espécie?”. A feminista retruca: “Não é uma vida”. Campagnolo rebate: “Então não precisa matar, porque ele já está morto.”

O diálogo avança com novas perguntas sobre a definição de vida. A feminista afirma não considerar o feto uma vida humana, apenas “um ser vivo”. Campagnolo volta a questionar: “Ser vivo de que espécie?”. A resposta: “A espécie não importa”.

A parlamentar conclui ironizando: “Um ser vivo tem que ter vida para estar vivo, senão ele é um ser morto”. A participante encerra dizendo: “Ele está vivo, mas ele não é uma vida”.

O vídeo rapidamente viralizou e reacendeu um dos debates mais antigos da humanidade: quando começa a vida?

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O impasse entre ciência, filosofia e fé

A discussão ultrapassa o campo ideológico e chega à ciência, à ética e à religião. A NASA define vida como “um sistema químico autossustentável capaz de evolução darwiniana”, mas essa definição não resolve a questão de quando a vida humana se inicia.

Há múltiplas teorias. Parte dos cientistas afirma que a vida começa na fecundação, quando o espermatozoide encontra o óvulo e forma o zigoto. O Dr. Morris Krieger, em O Sistema Humano Reprodutivo (1969), escreveu:

“Todos os organismos, por maiores e mais complexos que sejam, começam a vida como uma única célula. O ser humano, por exemplo, começa como um óvulo fertilizado.”

O bioeticista Elio Sgreccia complementa:

“No momento da fertilização, os gametas formam uma nova entidade biológica com um novo programa individualizado, uma nova vida.”

Outros cientistas apontam marcos diferentes:

  • Nidação: quando o embrião se fixa na parede do útero, cerca de seis dias após a fecundação.
  • Atividade cardíaca: início da pulsação, por volta da terceira semana.
  • Atividade cerebral: em torno da oitava semana.

A defesa do aborto costuma adotar esse último critério, argumentando que se a morte cerebral define o fim da vida, a ausência de atividade cerebral justificaria não considerar o feto vivo em seus estágios iniciais.

Há ainda quem defenda que a vida começa apenas com a viabilidade fetal, quando o bebê pode sobreviver fora do útero, hoje possível a partir da 25ª semana, ou mesmo no nascimento, como defendem correntes filosóficas mais radicais.

Em 2012, os filósofos Alberto Giubilini e Francesca Minerva publicaram no Journal of Medical Ethics o artigo “After-birth abortion: why should the baby live?”, defendendo que não há diferenças éticas relevantes entre o feto e o recém-nascido.

Posição da Igreja e da medicina

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apoia o PL 1904/2024, que equipara o aborto acima de 22 semanas ao crime de homicídio simples.
Em nota, os bispos questionaram:

“Por que matá-los? Por que este desejo de morte? Por que não evitar o trauma do aborto e, no nascimento, se a mãe assim desejar, entregar legalmente a criança à adoção?”

Para a Igreja, a vida deve ser defendida desde a concepção, sem exceções.

Do ponto de vista médico, estudos também reforçam essa tese.

Em 2016, cientistas publicaram na revista Scientific Reports a descoberta de um clarão de luz no momento da fecundação, causado por uma descarga de zinco, um fenômeno descrito como sinal bioquímico do início da vida.

O Centro de Bioética da Universidade Católica do Sagrado Coração, na Itália, define o zigoto como “um novo sistema, biologicamente humano, que conserva sua individualidade e se desenvolve de forma coordenada e contínua”.

Os médicos J. e B. Willke, em Why Not Love Them Both? (1997), concluíram:

“O filho não é diferente antes e depois do nascimento, exceto no método de alimentação e oxigenação.”

O embate entre Ana Campagnolo e a participante do programa reflete um dilema que atravessa a ciência, o direito e a moral.

Entre quem defende a vida desde a fecundação e quem só a reconhece após o nascimento, há uma linha tênue que nenhuma área conseguiu definir com unanimidade.

E enquanto o consenso não vem, o debate sobre quando começa a vida humana continua a dividir opiniões nas universidades, nas igrejas e agora também nas redes sociais.

Aprofunde-se no debate sobre o aborto e na importância da defesa da vida com o original BP Duas Vidas: do que estamos falando quando falamos sobre aborto. Assista gratuitamente abaixo.

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