História do Brasil
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A Batalha dos Guararapes marcou o surgimento da nacionalidade brasileira, explica o historiador Flávio Lemos

Brancos, negros e índios se unem para combater o invasor holandês, deste episódio surge a identidade brasileira. Conheça a Batalha dos Guararapes.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
16/8/2022 15:07

Nos Montes Guararapes, brancos, negros e índios, irmanados por um só ideal, a saber, de defender a pátria contra o invasor holandês, derrotaram por duas vezes a poderosa força do exército inimigo, que era muito superior em efetivo, armamento e equipamento.

Este evento marcou o surgimento do exército e da identidade brasileira. Conheça a Batalha dos Guararapes.

O que você vai encontrar neste artigo?

Qual foi o motivo da Batalha dos Guararapes?

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O motivo da batalha dos guararapes foi a libertação dos brasileiros contra os invasores holandeses.

A Batalha dos Guararapes envolve dois grandes conflitos armados entre holandeses, portugueses, negros e indígenas, entre 1648 e 1649, nos Montes Guararapes, em Pernambuco. O evento se insere no conjunto dos acontecimentos relacionados à Insurreição Pernambucana, desencadeada entre os anos 1645 e 1654.

As motivações para a Insurreição e para a Batalha dos Guararapes foram: 

  • a expulsão dos holandeses;
  • a devolução do nordeste ao controle do Rei de Portugal;
  • a retomada do culto católico;
  • o fim dos impostos abusivos dos holandeses.

O que foram as Batalhas dos Guararapes qual o desfecho delas?

A Batalha dos Guararapes foi o conflito entre luso-brasileiros contra os invasores holandeses no nordeste do Brasil. O desfecho delas foi a vitória dos luso-brasileiros e o fortalecimento do sentimento patriótico brasileiro.

Na Batalha dos Guararapes, portugueses, africanos e indígenas trabalharam juntos, criando o sentimento de união entre os povos que formariam o povo brasileiro.

Para entender porque os holandeses invadiram o Brasil e desentenderam-se com os colonos e portugueses, é necessário voltar ao período da União Ibérica.

União Ibérica

Uma crise de sucessão do trono português gerou forte interferência em terras além-mar. Em 1578, o rei português Dom Sebastião desapareceu enquanto lutava contra muçulmanos no Norte da África.

Não havia herdeiro para sucedê-lo no trono português. Assim, em 1580 o rei de Castela (Espanha) foi declarado rei de Portugal, iniciando a União Ibérica

  • O que foi a União Ibérica? Como isso interferiu na colonização da América portuguesa? Entenda como foi a colonização do Brasil.

A partir daquele ano, começaram as décadas em que Portugal estava dissolvido na Espanha. Isso trouxe complicações.

A Holanda, por exemplo, tinha boas relações com os portugueses, mas estava em guerra contra a Espanha. Durante o período da União Ibérica, ela fechou os portos para as relações comerciais e atacou o nordeste brasileiro para ter controle sobre o açúcar.

O interesse dos holandeses era mercantil, escolheram o lugar mais rico do Brasil na época: Pernambuco. Além dele, escolheram Recife e Olinda, porque o processo civilizatório já se havia consolidado nesses lugares.

Foram os portugueses que civilizaram um Brasil que tinha características bárbaras e pré-históricas; e depois, os holandeses quiseram tirar proveito. Eles roubaram e bloquearam a produção de açúcar no Brasil e os pontos de comércio de escravos no continente africano.

  • Uma das estratégias de colonização do Brasil foi a implementação das chamadas capitanias hereditárias. Entenda o funcionamento deste sistema.

O domínio holandês pareceu algo positivo para alguns colonos passado o período da guerra de conquista, especialmente para os proprietários de terra que receberam empréstimos e outras facilidades.

Porém, aos poucos, a dominação holandesa foi cerceando a liberdade religiosa, impondo o calvinismo e aumentando os impostos de modo abusivo.

Era questão de tempo até que os colonos insurgissem.

Insurreição Pernambucana

Após a conquista de Pernambuco, entre 1630-1654, os holandeses passaram a dominar os territórios pertencentes, respectivamente, à capitania da Paraíba (1634-1654), ao Rio Grande do Norte (1634-1654), à Capitania Real do Ceará (1637-1644/1649-1654) e à capital do Estado do Maranhão, São Luís (1641-1644).

Sob a administração do Conde Maurício de Nassau, entre 1637-1644, a expansão holandesa no litoral atlântico norte alcançava projeções cada vez maiores, especialmente por conta da ajuda que receberam dos indígenas.

Transcorridos alguns anos sob o jugo holandês, muitos indígenas passaram a ter problemas com eles, porque, apesar dos acordos que firmaram, muitos nativos eram escravizados.

  • A escravidão no Brasil atingiu indígenas e negros, e durou até o final do século XIX. Entenda o regime escravocrata desde sua origem até a abolição.

Disso decorreram uma série de movimentos indígenas de caráter militar que passaram a atentar contra o domínio holandês em seus territórios.

A partir de 1644, tais reações iniciaram um processo de enfraquecimento do poderio holandês.

Em São Luís, eclodiram revoltas, envolvendo portugueses e indígenas Tupis, que levaram à expulsão dos holandeses. Os indígenas do Ceará, percebendo o enfraquecimento holandês, também iniciaram um levante que terminou com a reconquista daquela capitania.

Foi iniciada a Insurreição Pernambucana, que ocorreu no XVII, entre 1645 e 1649.

Os portugueses enfrentaram o exército da Holanda na tentativa de expulsá-los do território brasileiro. 

Grande parte dos holandeses era protestante, mas os portugueses professavam o catolicismo. 

A luta pela libertação do Brasil uniu os indígenas do grupo potiguar e negros recém-libertos aos luso-brasileiros.

O principal enfrentamento aconteceu no Monte Tabocas, atual cidade de Vitória de Santo Antão, em Pernambuco. Os luso-brasileiros saíram vitoriosos desse conflito, mas as disputas territoriais entre brasileiros e holandeses estavam apenas começando.

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Quem lutou na Batalha dos Guararapes?

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A Batalha dos Guararapes foi um confronto entre holandeses e brasileiros; estes eram representados pela união das três raças: o branco português, o negro africano e o indígena nativo.

As tropas holandesas eram comandadas pelo comandante Von Schkoppe. E as tropas brasileiras, ou tropas patrióticas, eram comandadas por Francisco Barreto de Menezes.

Além de Francisco Barreto, havia os contingentes indígenas e negros: o primeiro liderado por Filipe Camarão, e o segundo por Henrique Dias.

  • Até os dias de hoje diversos povos indígenas preservam suas tradições e cultos. Para isso, recebem apoio do Governo Federal que é responsável por demarcar suas terras. Entenda o que é terra indígena.

Na segunda Batalha dos Guararapes, as tropas brasileiras mantiveram seus comandos e organizações, enquanto as tropas holandesas passaram a ser lideradas pelo Coronel Van den Brinck.

Entenda como foram as etapas do conflito.

Resumo da Batalha dos Guararapes

“O que aconteceu em Guararapes foi a reunião de portugueses instalados no Brasil, indígenas, como Filipe Camarão, e negros como Henrique Dias, em torno de um projeto: expulsar os calvinistas, permitir a prática da religião católica e devolver o Brasil ao rei de Portugal”. Flávio Alencar
  • O historiador Flávio Alencar explica as motivações da Batalha dos Guararapes. Veja esse trecho retirado de nossa série “Brasil — A Última Cruzada”:

Primeira Batalha dos Guararapes

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