A Guerra do Vietnã foi o maior conflito armado da Guerra Fria. Ela dividiu o mundo em dois polos opostos: capitalistas e comunistas. O Vietnã refletia essa polarização: o sul do país estava com os americanos, já o norte estava com os soviéticos. No norte surgiu um movimento chamado Frente Nacional de Libertação, seus membros foram apelidados pelos americanos e sul-vietnamitas de vietcongues. Descubra o significado desse termo.
“Vietcongue” é o nome dado para o movimento de guerrilheiros comunistas do Vietnã do Norte que lutavam contra os vietnamitas do sul, defensores do capitalismo apoiados pelos Estados Unidos da América, afirma o historiador Bernard Fall.
A palavra “vietcongue” vem da abreviação do termo Viet Nam Cong Sam que significa “vietnamita comunista”. Essa era a ideologia política do governo de Ho Chi Minh, líder do Norte. Os sul vietnamitas criaram o termo, que foi adotado pelos americanos.
Da perspectiva dos norte-vietnamitas, essa era uma palavra depreciativa, eles não se referiam a si mesmos dessa forma.
Os vietcongues surgiram com a independência do Vietnã após a guerra da Indochina (1946 -1954). O país se dividiu em dois, o Vietnã do Norte e o Vietnã do Sul.
Em 1884, época em que os impérios europeus controlavam vários territórios na África e na Ásia, os franceses assumiram o poder na Indochina, região do sudeste asiático. Em 1925, o líder Ho Chi Minh fundou o Partido Comunista Indochinês (PCI). Cinco anos depois, esse partido iniciou revoltas violentas no norte, afirma o historiador Hoang Van Chi. Os movimentos foram derrotados, mas já davam um sinal de reação da colônia.
Na Segunda Guerra Mundial a França foi derrotada pela Alemanha. O enfraquecimento desse país gerou uma oportunidade para que o Japão, aliado da Alemanha, tentasse ocupar a Indochina.
Ho Chi Minh tinha planos próprios, queria a independência do Vietnã e criou um movimento chamado Vietminh para conseguir isso pela força. Esse era um movimento comunista e nacionalista.
Esse movimento foi bem-visto pelos americanos que lutavam contra o Japão. O objetivo do apoio era conter a expansão do Eixo, que era composto pelos japoneses e pelos nazistas.
A França ficou dividida, a parte dominada pelos nazistas foi contra esse movimento, a chamada República de Vichy. Já a parte próxima aos Aliados, de Charles de Gaulle, apoiou os vietnamitas.
Com o fim da guerra, a Conferência de Potsdam definiu que o Vietnã seria dividido em dois: Sul e Norte. Em agosto do mesmo ano, Ho Chi Minh iniciou uma insurreição para tomar o país inteiro. Ele proclamou a República Democrática do Vietnã.
Em 1946, a reação francesa dominou a região equivalente ao Vietnã do Sul. Diante dessa disputa, os franceses bombardearam o porto de Haiphong dando origem à Guerra da Indochina, narra o historiador Stanley Karnow, formado pela Universidade de Harvard.
O exército vietnamita era menor, menos equipado e tinha menos treinamento do que o exército francês. Por isso eles empregaram táticas de guerrilha para conseguirem vencer. O general Giap, homem responsável por liderar os vietnamitas, disse:
“Será a guerra entre um tigre e um elefante. Se acaso o tigre parar, o elefante o transpassará com suas poderosas presas: só que o tigre não vai parar; ele se esconde na selva durante o dia para só sair à noite; ele se lançará sobre o elefante e lhe arrancará o dorso por grandes nacos, depois desaparecerá e, lentamente, o elefante morrerá de exaustão e de hemorragia”.
A lógica da Segunda Guerra Mundial agora estava invertida. Os países que compunham os Aliados não apoiavam mais Ho Chi Minh, ele era um líder comunista apoiado pela União Soviética e China, inimigas dos ocidentais. Os Estados Unidos e a Inglaterra estavam ao lado da França.
A ação tática e militar de Giap, que liderava os vietnamitas nas guerrilhas, surpreendeu os franceses. Eles sofreram duras perdas e ficaram em uma situação insustentável.
Charles Piroth, líder de artilharia da França, chegou a tirar a própria vida após se sentir humilhado pela vitória de Giap. Cercados, os franceses passaram a negociar a sua retirada do Vietnã.
O Vietnã, o Laos e o Camboja passaram a ser reconhecidos internacionalmente como estados independentes. Contudo, o Vietnã foi dividido entre Sul e Norte, o que mantinha a tensão da Guerra Fria no país e transformava a nação em um barril de pólvora pronto para explodir. Os habitantes do Vietnã do Norte foram apelidados de vietcongues pelos sul-vietnamitas.
Os sul-vietnamitas se aliaram aos americanos na guerra contra os vietcongues. Os soldados comunistas estavam em menor número, um confronto direto seria pouco estratégico. Por isso eles adoram táticas de guerrilha.
Ataques surpresa, realizados de forma rápida e letal. As táticas de guerrilha consistiam nesse princípio. Os vietcongues buscavam momentos em que a tropa americana estava distraída, fora de forma ou fragilizada de qualquer forma para impedir qualquer reação, escreveu Neil Sheehan, jornalista do The New York Times que foi correspondente do jornal durante a guerra.
Para aplicar com sucesso a estratégia, os vietcongues contavam com a vantagem de conhecer o território e estarem habituados ao clima. Isso permitia ações rápidas e pontuais contra o exército inimigo.
Os guerrilheiros do Vietnã do Norte criaram um sistema para fortalecer a estratégia. Uma rede de túneis foi escavada para que os soldados pudessem se mover sem serem vistos.
Os americanos enviaram 2.709.918 soldados para o Vietnã, desses, 58.281 morreram. Do lado do Vietnã do Norte, foram mais de 700.000 mortos. Esse número poderia ser militarmente positivo aos Estados Unidos caso eles estivessem combatendo uma outra potência, mas o Vietnã do Norte era um país pequeno e sem recursos.
A repercussão internacional e dentro da América sobre o conflito foi uma preocupação para os presidentes do país. Eles não queriam que a potência rival, União Soviética, utilizasse esses dados para desmoralizar sua nação.
Além desses americanos, cerca de 300.000 sul-vietnamitas foram mortos.
A vantagem numérica para os Estados Unidos era clara. A repercussão midiática soube usar os números contra os americanos. O Vietnã era um país pequeno e com poucos recursos, o massacre que os americanos promoveram no local não foi bem-visto pela mídia nacional e internacional.
A violência aplicada de ambos os lados está bem registrada em documentos e gravações. Um exemplo é o relato feito por Sam Johnson após ser capturado pelos vietcongues:
“Durante uma sessão de tortura de rotina com um gancho de ferro que pendia do teto, os vietnamitas amarravam as mãos e pés de um prisioneiro e depois ligavam-nas a seus tornozelos — às vezes atrás das costas, às vezes na frente. As cordas eram apertadas a tal ponto que impediam a respiração, e o prisioneiro era içado no gancho”.
Os guerrilheiros criavam narrativas sobre os americanos para que eles fossem vistos pelos vietnamitas como inimigos do país. Entre o que era dito, misturavam-se elementos reais e mentiras. Assim os vietcongues conseguiam se esconder em meio aos civis e até incentivá-los a sabotarem os americanos.
A tática trouxe resultados, afirma o historiador Stanley A. Kochanek. A ideia de excessos de violência dos soldados americanos foi difundida. Alguns dos fatos divulgados correspondiam à realidade, outros não. Um exemplo é o massacre de My Lai, onde mais de 500 civis foram assassinados.
A guerra do Vietnã acumulou gravações e áudios reais, gerando documentos que permitem entender todo o conflito.
O documentário A Guerra do Vietnã: um filme de Ken Burns e Lynn Novick conta todos os detalhes desse conflito usando essas imagens reais gravadas na época.
Ele impressiona pela riqueza de detalhes e por trazer os fatos sem tentar favorecer qualquer um dos lados.
É um relato histórico que você poderá assistir em breve no streaming da Brasil Paralelo. Clique no link e saiba exatamente como assistir.
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