O ser humano é um animal que interpreta tudo aquilo que vê e interage. Mesmo que de maneira inconsciente, a mente humana está sempre tentando responder para si a pergunta “o que está acontecendo?”. Essa resposta é muito influenciada pelo imaginário.
A música que alguém escuta, as obras que admira, os filmes que assiste e, principalmente, os livros que se lê moldam a sua mente. Para dar mais vigor e força à imaginação humana, este artigo selecionou 10 livros clássicos da literatura universal que toda pessoa deveria ler.
Um livro de literatura clássico é a obra que consegue ir além de uma simples narrativa, mobilizando valores, sentimentos e beleza, alcançando o patamar de literatura universal. Ao lê-la, o leitor terá uma expansão do imaginário, sua mente será provocada a pensar e imaginar de novas formas, alcançando mudanças de perspectiva e maior conhecimento de vida.
Quando uma obra chega a esse nível de qualidade ela se torna referência para uma cultura, sobrevivendo aos testes do tempo, mantendo-se popular de geração em geração.
"A literatura clássica não é apenas uma fonte de prazer e entretenimento, mas também uma fonte de sabedoria e compreensão da condição humana", afirmou Harold Bloom.
O escritor Joseph Epstein desenvolveu essa tese, chegando a afirmar:
"A literatura clássica é um espelho que reflete as verdades universais da condição humana, independentemente da época em que foi escrita".
Poucas obras conseguiram ser tão marcantes e tão perenes, este artigo traz uma lista com 10 livros Clássicos da Literatura que vão expandir o seu imaginário.
Escrita pelo espanhol Miguel de Cervantes, Dom Quixote foi publicado em duas partes, uma em 1605 e a outra em 1615. O nome original do livro é Dom Quixote de La Mancha. Ele conta a história de um homem comum que era apaixonado por romances de cavalaria.
Após ler quase todos os livros desse gênero, Dom Quixote resolve que está na hora de viver a sua própria aventura. Ele vende seus livros e outros pertences para conseguir um cavalo e uma armadura. Em sua mente ele transforma a realidade em elementos de uma história cavalheiresca.
O mundo para ele se torna uma mistura de fantasia e realidade. Ele tenta provar seu amor por Dulcineia, uma donzela que é criada por sua imaginação. Também consegue um parceiro iludindo-o de que ele seria recompensado, esse é Sancho Pança.
Miguel de Cervantes consegue usar a vida de Quixote, que a princípio parece apenas cômica, para gerar profundas reflexões sobre a vida humana.
Obra prima de Dante Alighieri, A Divina Comédia foi escrita durante o Renascimento e publicado em algum momento entre 1304 e 1321. A obra é toda composta por versos, em um estilo poético.
A história do livro é a do próprio Dante Alighieri, o qual faz uma viagem passando pelo Inferno, Purgatório e pelo Paraíso. Dante encontra várias personalidades famosas da História, como no Inferno em que recebe a ajuda do poeta romano Virgílio.
Os personagens principais são:
Publicado em 1911 pelo escritor Gilbert Keith Chesterton, A Inocência do Padre Brown conta a história de um padre detetive que usa do seu profundo conhecimento sobre a alma humana para desvendar crimes.
Esse livro foi escrito em uma época em que os romances policiais eram muito populares na Europa. Um exemplo é As Aventuras de Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle. Sherlock Holmes também é um livro clássico da literatura e segue como uma sugestão extra de leitura.
A diferença do Sherlock Holmes para o Padre Brown é que o segundo possui um estilo diferente do esperado de um detetive. Ele não pula muros, não usa armas e não faz diversos interrogatórios.
A estratégia do personagem de Chesterton é justamente analisar a alma dos suspeitos, os seus valores, as suas visões de mundo, ver quem eles são para identificar se são culpados ou não. Só então o detetive padre procura provas materiais.
O método do famoso autor é considerado uma das mais impressionantes mudanças de perspectiva já promovidas. Chesterton foi elogiado por autores como Neil Gaiman, J.R.R. Tolkien e muitos outros.
Escrito pelo russo Liev Tolstói, Guerra e Paz foi publicado em dois volumes entre 1865 e 1869. A obra conta a história das monarquias europeias durante as guerras napoleônicas, o autor faz uma análise aguçada da psicologia dos principais nomes da época.
A história é longa e em algumas edições ultrapassa as 1500 páginas. É inovadora em seu estilo, fazendo uma mistura de tratado filosófico, pesquisa histórica e romance, alcançando o nível de literatura universal por seus importantes insights sobre o ser humano.
A história foi escrita por Fiódor Dostoiévski e publicada em 1866. Crime e Castigo é um dos principais nomes da literatura russa que entregou ao mundo grandes clássicos durante o século XX.
A narrativa apresenta a história de Ródion Ramanovich Raskolnikov, um ex-estudante que vive na pobreza em um pequeno apartamento na cidade de Petersburgo. Sentindo que a pobreza o prejudica a alcançar seus objetivos de vida, ele decide recorrer aos meios ilícitos para sair dela.
Raskolnikov acredita que na História determinadas pessoas são destinadas a grandes feitos. Alexandre, o Grande, e Napoleão são algumas figuras que ele toma como exemplo. Apesar dos erros e crimes cometidos por esses homens, todos são lembrados apenas pelos grandes feitos.
O protagonista se considera parte desse grupo seleto. A trama traz as contradições de Raskolnikov, o qual acredita que os fins justificam os meios, já que as suas ações são em prol de algo bom e maior. Dostoiévski trabalha de maneira profunda a psicologia do protagonista.
Publicado em 1900, Dom Casmurro foi uma das poucas obras do autor brasileiro Machado de Assis que não foi publicada em pequenos capítulos de jornais, os chamados “folhetins”, mas sim como um livro.
O romance narra o amor de Bento e Capitu. Eles se conhecem desde a infância e vão construindo um relacionamento ao longo dos anos.
A personalidade de Bento, chamado também de Bentinho, é o foco da análise do autor. Seu psicológico é carregado de contradições e problemas, feito o ciúme do relacionamento entre seu melhor amigo Escobar e Capitu; relação essa que se torna um dos grandes enigmas do livro.
A obra foi escrita por Clive Staples Lewis e teve o primeiro livro lançado em 1950. Inicialmente, a história de As Crônicas de Nárnia era dividida em seis livros, mas com o passar do tempo eles foram reunidos em um só volume, podendo ser adquirido nesse formato em qualquer livraria.
O livro conta a história de quatro irmãos: Lúcia, Edmundo, Susana e Pedro. Lúcia acidentalmente descobre um mundo secreto chamado Nárnia enquanto brincava de esconde-esconde.
O lugar era mágico e tinha criaturas que não existiam no mundo dos irmãos, mas essas belezas estão sofrendo com um inverno centenário imposto por Jadis, a Feiticeira Branca.
Lúcia consegue levar seus irmãos também para Nárnia e, com a ajuda do leão Aslam, eles precisam derrotar a feiticeira e acabar com esse insuportável inverno.
C.S Lewis era cristão e escreveu esse livro com uma evidente alegoria bíblica. O leão Aslam representa a figura de Jesus Cristo.
Lewis foi elogiado por diversos escritores famosos:
"Os livros de C. S. Lewis são essenciais para qualquer criança que queira entender a sua própria imaginação e criatividade" -J. K. Rowling.
"O trabalho de Lewis é um triunfo da imaginação, e um lembrete do poder da fantasia" - Neil Gaiman.
Escrita por George Orwell, um jornalista e romancista britânico, 1984 foi publicado em 1949, época em que o mundo acabava de derrotar o nazismo, e a ditadura da União Soviética estava em seu auge.
Exatamente como intitula o livro, a história se passa em 1984. A narrativa revela um futuro distópico em que o Estado é extremamente autoritário e impõe um regime de vigilância sobre a sociedade.
O romance acontece na cidade que um dia fora Londres, na fictícia Oceânia, território dominado pela repressão e pelo medo.
Nessa realidade, o partido Ingsoc impõe a vigilância do Grande Irmão, de cujo poder ninguém escapa. Segundo Albert Camus:
"Este romance é uma das maiores realizações da literatura mundial".
Esse livro é em formato de um poema épico escrito pelo português Luís de Camões, em 1572. Assim como o grego Homero narra as aventuras do herói Ulisses em A Odisseia, Camões narra, em Os Lusíadas, as aventuras dos portugueses ao desbravarem mares nunca antes navegados.
"A epopeia portuguesa de Camões é um monumento literário que captura a imaginação com a sua grandiosidade e beleza poética" - Fernando Pessoa.
"Luís de Camões é o maior poeta da língua portuguesa, e Os Lusíadas são a sua obra-prima" - Otto Maria Carpeaux.
Foi em uma das viagens por mares desconhecidos que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil. Enfrentando a incerteza e mares violentos, ele conseguiu chegar, no ano de 1500, à região que hoje é a Bahia.
A saga de três volumes que compõem O Senhor dos Anéis é uma continuação do livro O Hobbit, todas escritas por John Ronald Reuel Tolkien, conhecido como J.R.R. Tolkien. A saga conta a história de Frodo Bolseiro, uma criatura pacata denominada de hobbit, que tem sua vida transformada quando é convidado a viver uma grande aventura para vencer o vilão Sauron.
Tolkien não apenas escreveu livros, mas criou um universo mítico chamado Terra-média. Onde habitam criaturas mágicas e falam línguas estranhas aos humanos. O autor, inclusive, criou composições gramaticais e alfabetos originais para essas línguas.
A obra de Tolkien é considerada um marco por conseguir trabalhar valores muito importantes do cristianismo por meio da aplicabilidade. A aplicabilidade é algo diferente da alegoria.
A alegoria é quando um livro se baseia em coisas reais para criar personagens ou acontecimentos fictícios. Já a aplicabilidade é quando os personagens da obra são bem trabalhados ao ponto de o leitor conseguir trazer o ficcional para a sua vida e fazer um paralelo com coisas já existentes.
Tolkien escrevia de maneira profunda dando sentido e valores às ações dos personagens na trama, assim a pessoa conseguia trazer a Terra-média para a sua vida e identificar nela muitos valores do cristianismo.
Ele era muito amigo de C.S. Lewis, o autor de As Crônicas de Nárnia, inclusive Tolkien foi responsável pela sua conversão ao cristianismo. Ambos debatiam e conversavam sobre muitos assuntos, o que incluía a escrita de literatura fantástica.
Eles foram influenciados pelo intelectual G.K. Chesterton, autor de A Inocência de Padre Brown. Os três enxergavam na literatura uma forma de contribuir com a formação do imaginário das pessoas.
Os três autores viviam em um mundo onde as coisas estavam cada vez se tornando mais céticas, racionalistas e cientificistas. A tradição, a coragem e a bondade pareciam perder espaço na mentalidade da época.
Esses três autores encamparam uma verdadeira batalha e dedicaram as suas vidas em criar livros que mudaram a história da humanidade.
Toda essa trajetória está contada no documentário Guerra do Imaginário. Nessa superprodução, os maiores especialistas no assunto narram como foi a vida de Tolkien, Lewis e Chesterton.
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