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Como ler A Divina Comédia? Com este resumo e com estas dicas você vai conseguir

Aprenda como ler A Divina Comédia de Dante Alighieri, além de ver um resumo da obra e a análise de toda a narrativa. (Inferno, Purgatório e Paraíso).

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
3/9/2021 12:49

Na entrada do inferno, lê-se assim: “Abandonai toda esperança, vós que entrais”. Como ler A Divina Comédia é uma dúvida recorrente entre os aventureiros das leituras épicas. Esse clássico foi escrito em versos e segue métricas definidas, além de ter muitos significados possíveis.

No entanto, é possível ter mais facilidade na leitura entendendo melhor a obra e tendo algumas dicas, que serão apresentadas neste artigo.

O que você vai encontrar neste artigo?

Introdução e informações técnicas do livro A Divina Comédia de Dante Alighieri

A Divina Comédia (Divina Commedia) foi publicada entre 1304 e 1321, século XIV. Trata-se de uma publicação póstuma, ou seja, após a morte de Dante Alighieri.

Essa obra é um poema épico de cunho teológico, dividido em três partes: Inferno, Purgatório e Paraíso. Ela figura entre os maiores poemas do Ocidente e não há lista de clássicos que a ignore.

A Divina Comédia foi originalmente escrita em dialeto florentino ou toscano, língua matriz do italiano. Na época, era comum que todas as obras fossem escritas em latim. Dante foi pioneiro escrevendo na língua vernácula, já que o dialeto toscano era vulgar.

Inicialmente, houve muita rejeição em vários países, porque o vernáculo da região de Florença era considerado uma língua feia.

Porque a obra é considerada uma comédia?

Originalmente, Dante nomeou seu poema épico apenas com o nome de Comédia. Fez isso para se contrapor à tragédia.

A diferença é que uma tragédia começa bem e termina mal; e a comédia começa mal e termina bem. No caso, A Divina Comédia começa na escuridão, passa pelo inferno, pelo purgatório e termina na luz do Paraíso.

Não se entenda comédia no sentido de dar risadas, mas um conceito de enredo que possui um final feliz.

Donde surgiu então o nome conhecido hoje, A Divina Comédia?

Foi Giovanni Boccaccio que renomeou a obra após a morte de Dante. Ele foi um poeta italiano muito renomado, autor da famosa obra Decamerão. A primeira biografia de Dante Alighieri foi escrita por ele.

Boccaccio foi o responsável pela popularidade de A Divina Comédia, porque ele fazia leituras públicas da obra, aumentando o interesse das pessoas por ela. Isso aconteceu após a morte de Dante.

Grandes pintores de diferentes épocas criaram ilustrações para A Divina Comédia que marcaram a história. Os que mais se destacaram foram Botticelli, Gustave Doré e Dalí.

É interessante notar que o inferno é mais ilustrado que o paraíso, porque o inferno é algo mais próximo da humanidade. Já a vida no céu é mais difícil de imaginar. Os desenhos são mais brancos, para exaltar a presença de luz.  

  • Além de A Divina Comédia ter sido representada nas artes visuais, tornou-se também uma representação musical. É a famosa Dante Sonata de Franz Liszt. A união dessas artes foi tema do Clube da Música da Brasil Paralelo.

Estrutura

Como explicado, antes de entender como ler A Divina Comédia, alguns aspectos precisam ser ressaltados e um dos mais importantes é a simetria dos versos.

Toda a obra foi escrita em versos e está estruturada em uma simetria baseada no número três. No total, são 14.233 versos, que passaram a ser chamados de “tercetos dantescos”.

Várias trilogias podem ser percebidas:

  • Razão – Humano – Fé;
  • Onça – Leão – Loba;
  • Pai – Filho – Espírito Santo.

Nota-se a presença da terza rima (terça rima), onde as três últimas letras combinam e rimam durante todo o poema.

As estrofes possuem dez sílabas com três linhas cada, rimando na ordem ABA, BCB. CDC, DED, EFE. O verso do meio, de cada conjunto de três versos, rima com os versos marginais do terceto seguinte.  

A própria obra é dividida em três livros.

  • Inferno (34 contos – há um a mais por causa da introdução);
  • Purgatório (33 contos);
  • Paraíso (33 contos).

Somados, são 100 cantos, número da perfeição máxima. Cada canto tem 150 versos mais ou menos, divididos em tercetos.

Cada livro é separado em 9 círculos, compondo três conjuntos de nove.

Outro ponto interessante é que todos os livros que compõem A Divina Comédia de Dante Alighieri terminam com a mesma palavra: estrela.

Essas informações já são uma valiosa dicas, mas as outras, para quem deseja saber como ler A Divina Comédia, ainda serão explicadas. Primeiro, é recomendável ler este pequeno resumo da obra.

Resumo de A Divina Comédia

Como-ler-a-Divina-Comedia-de-Dante-Alighieri

Devido ao tamanho do poema épico de Dante, um resumo é uma empreitada árdua, sendo este tópico apenas uma linha condutora para o leitor se situar na trama principal.

Os personagens principais são:

  • Dante, protagonista que serve de símbolo para todos os homens;
  • Virgílio, poeta que guia Dante pelo Inferno e pelo Purgatório a pedido de Beatriz, considerado símbolo da razão.
  • Beatriz, guia no paraíso terrestre, amada de Dante e símbolo da fé;
  • São Bernardo, guida de Dante nas esferas celestes mais elevadas.

Tudo começa com Dante perdido em uma selva escura, cercado por três feras.

“Da nossa vida, em meio da jornada,
Achei-me numa selva tenebrosa,
Tendo perdido a verdadeira estrada.”
“Eis da subida quase ao mesmo instante
Assoma ágil e rápida pantera
Tendo a pele por malhas cambiante.”
“A hora amena e a quadra doce e mansa.
De um leão de repente surge o aspecto,
Que ao meu peito o pavor de novo lança.”
“Eis surge loba, que de magra espanta;
De ambições todas parecia cheia;
Foi causa a muitos de miséria tanta!”

Dante tem consciência de que se desviou do caminho de Deus. Diversos estudiosos dizem que todo o percurso durou uma semana e que ele se perdeu na sexta feira santa.

A sombra de Virgílio surge para salvá-lo guiá-lo a pedido de Beatriz. Dante estava angustiado, desesperado, e recebeu ajuda sobrenatural a pedido de Beatriz.

“Quando ao vale eu já ia baquear-me
Alguém fraco de voz diviso perto,
Que após largo silêncio quer falar-me.
Tanto que o vejo nesse grão deserto,
– Tem compaixão de mim – bradei transido –
Quem quer que sejas, sombra ou homem certo!”
“Agora, por teu prol, eu tenho o intento
De levar-te comigo; ir-te-ei guiando
Pela estância do eterno sofrimento,
Onde estridentes gritos escutando,
Verás almas antigas em tortura
Segunda morte a brados suplicando.”

Ela, sua amada, é a força libertadora de Dante diante das agruras da vida.

O processo de encontro com o humano começa enfrentando o que é doloroso. Assim, inicia-se o caminho de Dante pelo Inferno e pelo Purgatório até chegar ao paraíso.

Após a experiência do desespero, encontra-se a força da esperança, única coisa que ajuda a chegar ao fim da jornada.

Ao longo do caminho, Dante encontra personagens bíblicos do Antigo e do Novo Testamento, além de grandes nomes da história da humanidade até o século XIV.

Em A Divina Comédia, a terra dos vivos está localizada em meio a uma sucessão de círculos concêntricos. Eles foram a Esfera armilar e o meridiano onde se encontra a cidade de Jerusalém.

Quando Lúcifer caiu das esferas superiores, fez da Terra Santa um Portal do Inferno. Sua queda fez um buraco em formato de funil e toda a massa deslocada por seu corpo formou uma montanha, que é o purgatório.

A depressão do Mar Morto é resultado do buraco do inferno, para onde todas as águas convergem. E foi pelo submundo que seu guia começou com ela a jornada.

A presença de Virgílio.

Públio Virgílio Maro ou Marão foi um poeta romano clássico. É mais conhecido por sua obra Eneida, também um poema épico considerado um clássico ocidental.

Basicamente, Virgílio narra a saga de Eneias, troiano salvo dos gregos que viaja errante pelo Mediterrâneo até chegar à península Itálica. Seu destino era ser o ancestral de todos os romanos.

Tendo um poeta já conhecido guiando um outro poeta dentro de seu próprio texto, vê-se a literatura presente dentro da literatura.

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Inferno – O submundo

Divina-Comedia-Inferno

Os círculos do inferno correspondem aos pecados dos homens durante a vida. Por terem se obcecado nisso, cristalizaram essa realidade para toda a eternidade.

A passagem pelo inferno é angustiante, mas serve de alerta porque convida ao exame de consciência.

Dante mostra que o ser humano não é muito criativo para cometer pecados. O que está descrito lá, vê-se ainda hoje.

Uma das passagens mais marcantes é aquela em que se lê no portal do inferno:

“Por mim se vai das dores à morada,
Por mim se vai ao padecer eterno,
Por mim se vai à gente condenada.”
“No existir, ser nenhum a mim se avança,
Não sendo eterno, e eu eternal perduro:
Deixai, ó vós que entrais, toda esperança!”

Ele passa pelos nove círculos do Inferno tendo Virgílio como guia.

  • Primeiro Círculo, o Limbo (virtuosos pagãos);
  • Segundo Círculo, Vale dos Ventos (luxúria);
  • Terceiro Círculo, Lago de Lama (gula);
  • Quarto Círculo, Colinas de Rocha (ganância);
  • Quinto Círculo, Rio Estige (ira);
  • Sexto Círculo, Cemitério de Fogo (heresia);
  • Sétimo Círculo, Vale do Flegetonte (violência);
  • Oitavo Círculo, o Malebolge (fraude);
  • Nono Círculo, Lago Cocite (traição).

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