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Joana d'Arc, a jovem que mudou a história da França

Mesmo sendo uma jovem do interior, ela comandou exércitos e se tornou uma das figuras mais próximas ao rei, mas tudo isso a levaria a ser sentenciada à morte na fogueira. Saiba mais.

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Redação Brasil Paralelo
Publicado em
15/7/2024 20:09
Imagem da capa: Ingres Jean-Auguste-Dominique, Joana d'Arc ao Sagrado Coração de Carlos VII na Catedral de Reims , 1854, Museu do Louvre, Paris.

Joana D"arc é uma guerreira e santa francesa que marcou a história por vencer o exército inglês mesmo sendo apenas uma jovem camponesa sem treinamento.

Dona de uma história controversa, Jehanne D'Arc nasceu em Domrémy-la-Pucelle, na região nordeste da França, filha de Jacques D'Arc e Isabelle Romée. Desde cedo, viveu uma vida de trabalho no campo e uma profunda devoção religiosa.

Foi durante momentos de oração que ela afirmou ter recebido mensagens que mudariam a história da França: segundo ela, o Arcanjo São Miguel e outras Santas vieram do Paraíso para lhe dar uma missão, salvar a França do domínio da Inglaterra e fortalecer a fé católica no país.

Mesmo sendo uma jovem do interior, ela comandou exércitos e se tornou uma das figuras mais próximas ao rei, mas tudo isso a levaria a ser sentenciada à morte na fogueira.

  • Por que Joana foi queimada viva?
  • Ela era uma bruxa, louca, ou via imagens do Paraíso?
  • Como ela conseguiu comandar exércitos sem nenhuma experiência?

Essas são algumas das perguntas mais frequentes sobre Joana D'Arc. Ainda existem muitos outros mistérios que cercam aquela que hoje é considerada patrona da França, como as antigas profecias da virgem salvadora e a traição dos companheiros de exército.

Conheça agora algumas das principais respostas sobre Joana D´Arc. 

O que você vai encontrar neste artigo?

A vida de Joana d’Arc

Joana d'Arc nasceu em 1412 e foi criada como uma camponesa comum de seu tempo, desenvolvendo uma vida de trabalho e piedade sob a orientação de sua mãe, Isabelle Romée.

Durante sua infância assistiu a várias invasões inglesas e viu a pequena comuna de Domrémy ser destruída várias vezes. Cada invasão trazia medo e violência contra a população local.

Desde sua infância, Joana D´Arc frequentava a Igreja e participava das práticas religiosas. No livro “Joana d’Arc, a Cristera francesa”, a Irmã Marie de la Sagessetraz narra um testemunho do tio da Santa, Durand Laxart, que diz:

"Joana era parente minha por parte de minha esposa (...). Ela tinha um comportamento bom, era devota e paciente, ia com gosto à Igreja, com gosto se confessava e, quando podia, dava esmola aos pobres; com gosto trabalhava, fiava e cuidava dos animais”.

Os Santos aparecem a Joana para revelar sua missão

Aos 13 anos, Joana começou a ouvir vozes que alegava serem de São Miguel Arcanjo, Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida de Antioquia. No início, as mensagens eram sobre seu comportamento e crescimento pessoal. Com o tempo, o verdadeiro propósito de sua missão foi revelado.

O Arcanjo Miguel disse-lhe:

"Joana, é necessário viver de outro modo e cumprir atos surpreendentes. Pois tu és aquela que o Rei do Céu escolheu para realizar a reparação do reino da França e para dar auxílio e proteção ao Delfim Carlos, expulso de seu domínio. Vestir-te-ás de homem e, tomando as armas, serás chefe de guerra. Todos os assuntos serão regidos por teu conselho.”

Convencida de sua missão divina e motivada pelas admoestações do Arcanjo e das santas, Joana D'Arc consagrou sua virgindade a Deus em prol de sua missão, adotando o título de Pucelle, a Virgem ou Donzela em tradução livre.

A reparação da França, predita pelo Arcanjo, referia-se a manter a soberania francesa com a coroação do Delfim Carlos e a expulsão dos ingleses. Segundo o episódio do Investigação Paralela, as vozes acompanharam Joana d’Arc durante toda sua vida, dando a ela o direcionamento para o cumprimento de sua missão.

Joana D'Arc foi incumbida de levar o legítimo rei para Reims, local do nascimento do reino da França, já que No Natal de 496, o bispo Remi batizou na cidade o rei Clóvis, selando a união dos francos sob o cristianismo. Por esse motivo todos os reis franceses deveriam ser coroados na cidade.

Para cumprir sua missão, Joana D´Arc foi instruída a procurar Robert de Baudricourt e convencê-lo a levá-la até o Delfim.

Nesse momento, Joana recebeu um pedido providencial: seu tio, Durand Laxart, queria a ajuda da jovem para cuidar de seu filho recém-nascido. Ele que morava próximo a Vaucouleurs, dando a Joana a oportunidade de iniciar oficialmente sua missão militar.

A Virgem das profecias

Convencer seu tio de sua missão e da necessidade de visitar Robert de Baudricourt não foi tarefa fácil. Joana usou profecias conhecidas de sua época para mostrar que ela era a virgem que restauraria o reino da França.

Várias profecias de séculos anteriores a Joana falavam sobre uma virgem que salvaria a França, comentou o historiador Raphael Tonon no Original BP Investigação Paralela

Durand Laxart relata:

"Eu mesmo fui buscar Joana na casa de seu pai e a levei comigo. Ela me dizia que queria ir à França diante do Delfim para fazê-lo coroar-se, afirmando: ‘Não escutaste dizer que a França se perderia por uma mulher e que em seguida seria restaurada por uma virgem?’".

O historiador Raphael Tonon ressalta que as profecias vinham de santos e monges franceses, convergindo na ideia de que uma virgem viria de Lorraine para salvar a França, região do rio Loire de onde vinha Joana.

Essas profecias eram famosas no país, sendo o motivo pelo qual Iolanda de Aragão convenceu seu esposo, o rei Delphim Carlos, a receber Joana.

Antes de se encontrar com o rei, Joana tinha que convencer Robert de Baudricourt, tarefa que não foi fácil. Ao chegar diante do capitão, Joana declarou com determinação:

"Meu senhor capitão, sabei que Deus há muito tempo me fez saber e me mandou que vá junto ao gentil Delfim, que deve ser e é verdadeiro rei da França, e que ele me dará soldados, e que eu levantarei o sítio de Orleans e o levarei a ser consagrado em Reims”.

Jean de Metz, um jovem cavaleiro, uniu-se à Pucelle e tornou-se uma das testemunhas mais próximas de Joana D'Arc. Muito do que se sabe hoje sobre a donzela de orleans vem dos testemunhos desse jovem durante os processos de reabilitação da Santa Francesa. 

O herdeiro do trono, Delphim Carlos, encontrava-se no castelo de Chinon, e Joana D'Arc partiu para lá com um pequeno grupo designado por Robert de Baudricourt. A Santa redigiu uma carta ao Delfim, informando-o de sua chegada. 

O rei, para testá-la, disfarçou-se entre os membros da corte e colocou um nobre em seu trono. Quando Joana D'Arc entrou, ignorou o falso Delfim e dirigiu-se diretamente ao verdadeiro no meio dos nobres, dizendo:

"Gentil Delfim, chamo-me Joana, a Pucelle, e o Rei dos Céus vos ordena que, por meu intermédio, sejais consagrado e coroado na cidade de Reims como lugar-tenente do Rei dos Céus, que é o Rei da França…"

O tribunal francês

Espantado, o rei concedeu-lhe uma audiência privada, já que ela disse que não poderia falar no meio dos demais. Para convencer o rei que ela era enviada por Deus, Joana revelou-lhe três pedidos que ele havia feito em oração silenciosa no Castelo de Loches.

O episódio “Os mistérios de Joana d’Arc” do investigação paralela traz a revelação da santa francesa sobre os três pedidos de Delphim Carlos :

“A primeira petição que fizeste a Deus foi que se vós não fôsseis o verdadeiro herdeiro da França, que fosse a vontade de Deus tirar-vos o ânimo para continuar a guerra (...). 

A segunda foi que se as grandes tribulações que sofria o povo da França fossem causadas por vossos pecados, que se fizesse Sua vontade de não castigar mais o povo, mas o próprio Carlos com penitência e inclusive com a morte, se deus assim o quisesse. 

E a terceira foi que se os pecados do povo fossem a causa de ditas adversidades, que Deus quisesse perdoá-lo e pôr seu reino fora das tribulações, as quais já sofria há doze anos ou mais.


Após tal revelação o rei ficou radiante, pois não havia falado de tais pedidos nem para seu confessor. Neste momento, segundo o cronista Chartier, Delphim Carlos afirmou que “fora visitado pelo Espírito Santo”.

O rei concedeu à Joana d’Arc lugar no castelo de Chinon, para que provasse sua integridade diante de todos.

Após ser sabatinada pela corte, Joana provou sua pureza e a natureza divina de seus propósitos. Um grupo de mulheres a examinou e atestou sua virgindade.

A Pucelle foi considerada digna de marchar à frente dos exércitos do Delphim Carlos. Começava então sua missão militar de expulsar os ingleses daquelas terras e tirar a França da situação que estava.

A França nos tempos de Joana d’Arc

Durante o período que ficou conhecido como a “Guerra dos cem anos” a França estava dividida entre os que eram leais a Delphim Carlos e os ingleses com seus apoiadores. Tal conflito foi resultado de tentativas políticas de unificação dos dois países através de casamentos e acordos.

Entre esses acordos estava a afirmação de Isabel da Baviera, esposa de Carlos VI, de que o Delfim Carlos não era filho legítimo e, portanto, não era o herdeiro do trono da França. Tal acordo transferia o território da França para a coroa inglesa.

Muitos encararam a ação de Isabel da Baviera como o cumprimento da parte da profecia que dizia que a França se perderia por uma mulher.

Carlos, que teve que se refugiar em muitos lugares antes de se instalar no castelo de Chinon, mantinha consigo aqueles que lhe eram fiéis. 

Em outubro de 1428, a cidade de Orleans foi sitiada por um exército numeroso de ingleses. A cidade estava localizada em uma importante zona estratégica. 

Todas as ofensivas anteriores de Carlos contra os ingleses falharam, mantendo o cerco até a chegada de Joana D'Arc, a Donzela de Orleans, que finalmente destruiria a ofensiva inglesa.

Os feitos de guerra de Joana d’Arc

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