Qual o significado da frase: “O Homem é o Lobo do Homem”?
Para Thomas Hobbes, o lobo é um predador feroz, perigoso e agressivo. Quando o autor pontua que o homem é o lobo do homem, ele quer dizer que essa violência própria do animal, os riscos que ele oferece, é algo que o homem é capaz de infligir em si mesmo e nos demais ao seu redor, explica o pesquisador Quentin Skinner no livro Hobbes e a Liberdade Republicana.
Por isto o homem é o lobo de si mesmo. A metáfora, publicada no livro Leviatã, em 1651, apresenta uma visão de Hobbes acerca da conduta do homem.
A Origem da frase “O Homem é o Lobo do Homem”
A frase original é de autoria do dramaturgo romano Titus Maccius Plautus (254 a.C-184 a.C.). Segundo registros históricos, a sentença original está presente em sua comédia intitulada Asinaria.
A frase original é um pouco diferente da que foi popularizada por Hobbes:
“O homem que não se conheça tal como é, é lobo para o homem”, Lupus est homo homini, non homo, quom qualis sit non novit.
A peça de Plautus também ficou conhecida como A comédia dos Burros ou Comédia do Asno. A história narra a vida de Demêneto, um senhor avarento que ludibriou sua rica mulher de todas as formas possíveis para conseguir seu dinheiro.
Há uma distinção das frases de Hobbes e Plauto, mas apesar disso o significado que transmitem se assemelha. Desse modo, Hobbes popularizou a sentença.
A divulgação da frase: “O Homem é o Lobo do Homem”
Em 1651, Thomas Hobbes publicou seu livro Leviatã. A obra é seu tratado político mais importante, onde o autor divulga suas principais ideias. Ele faz a defesa do Estado absolutista e a ideia do contrato social.
Estes conceitos serão cruciais para entender o significado da frase “O homem é o lobo do homem”.
Por conta da relevância da obra Leviatã, a ideia do dramaturgo que foi reproduzida se popularizou.
Hobbes e sua obra seguem continuam estudados nas disciplinas de sociologia e teoria política. O tema, inclusive, faz parte do currículo escolar do Ensino Médio brasileiro.
A ideia que a sentença transmite já é bem conhecida.
Estado de natureza
Para o autor, o homem em estado de natureza é um ser agressivo, violento e que possui um instinto de sobrevivência selvagem.
O homem, sem o limite das leis, de um Estado ou sociedade, é um ser agressivo, egoísta e preocupado apenas com sua autopreservação. Estas características afloram justamente pela necessidade de sobrevivência.
Contrato social
Com essa percepção da natureza humana, o filósofo justifica a necessidade da vida em sociedade, com um Estado que rege as pessoas por meio de leis. Esta transição é o contrato social, importante ideia que Hobbes defendeu, afirma o pesquisador Richar Tuck no livro Hobbes: A Very Short Introduction.
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No estado de natureza, o homem vive em liberdade absoluta, mas está sujeito à barbárie de sua natureza violenta. Um grupo de pessoas se reúne, abdica dessa liberdade, entrega o poder a um governante ou a um grupo e firma um contrato.
O contrato social impõe direitos e deveres para líderes e liderados. Hobbes era um defensor do Estado absolutista. Com sua visão da natureza humana violenta, buscou justificar a organização da sociedade sob um Estado forte e centralizador.
Nas palavras de Hobbes:
“Na falta de um poder maior que mantenha todos em paz, o convívio humano se torna uma ‘guerra de todos contra todos’”.
Devido a teoria de Hobbes abordar conceitos como estado de natureza anterior ao governo e um elaboração de um contrato social para instituir sociedades, Hobbes foi classificado como um contratualista junto com Jean Jacques Rousseau e John Locke.