O que prevê o plano de paz americano?
A proposta apoiada por Donald Trump estabelece um cessar-fogo imediato, mas exige profundas concessões da Ucrânia. Entre os pontos mais controversos, estão:
- Cessão de territórios: as regiões de Donetsk, Lugansk, parte do sul ucraniano e a Crimeia seriam reconhecidas de fato como russas pelos EUA.
- Renúncia à OTAN: Kiev abandonaria a intenção de aderir à aliança militar ocidental, embora pudesse manter aspirações à União Europeia.
- Limitação militar: o Exército ucraniano seria reduzido a 600 mil soldados.
- Eleições antecipadas: a Ucrânia deveria organizar eleições nacionais em até 100 dias.
- Proteção externa limitada: tropas da OTAN seriam proibidas no país, com apenas caças europeus estacionados na Polônia para defesa aérea.
- Levantamento gradual das sanções à Rússia, com reintegração ao G8.
- Investimento de ativos russos congelados na reconstrução da Ucrânia, estimado em US$ 100 bilhões.
Um dia após o governo americano apresentar uma proposta de paz para a guerra, líderes dos principais aliados ucranianos na Europa fizeram uma reunião com Zelensky.
Europa apoiará a Ucrânia
Os representantes da França, Alemanha e Reino Unido se reuniram para conversar com Zelensky um dia após os americanos entregarem o plano.
Um porta-voz de Berlim comentou que as potências europeias disseram que apoiarão a Ucrânia de maneira “inabalável e total” para construir “uma paz justa e duradoura”.
O chanceler da Alemanha resumiu a posição do bloco, defendendo que os europeus precisam participar das negociações:
“[Qualquer acordo de paz que] afete os Estados europeus, a União Europeia ou a Otan requer a aprovação dos parceiros europeus ou um consenso entre os aliados”.
O secretário do Conselho de Segurança Nacional da Ucrânia, Rustem Umerov, declarou que Kiev não aceitará nenhum plano que desrespeite sua soberania:
"[Não podem ser tomadas] decisões fora do limite da nossa soberania, da segurança do nosso povo ou outras de nossas linhas vermelhas".
Já o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, alertou que a Ucrânia deveria negociar enquanto ainda tem capacidade de defender seu ponto:
“O trabalho eficaz das Forças Armadas russas deve convencer Zelensky: é melhor negociar agora do que depois. O espaço para a liberdade de decisão está diminuindo para ele à medida que territórios são perdidos durante as ofensivas do Exército russo.”
A guerra entre Rússia e Ucrânia começou em fevereiro de 2022 e já custou a vida de 250 mil russos e 400 mil ucranianos.
Pôr um fim ao conflito foi uma das principais promessas de Trump durante a corrida presidencial do ano passado.