Um novo horizonte no combate ao Alzheimer
Cientistas estão desenvolvendo uma vacina promissora que ataca a proteína tau, uma das responsáveis pelo Alzheimer.
- Essa proteína, que ajuda a manter os neurônios saudáveis, torna-se tóxica na doença, formando emaranhados que atrapalham a comunicação entre as células do cérebro. Isso leva à morte dos neurônios e a sintomas como perda de memória.
Diferente dos tratamentos atuais, que focam nas placas de beta-amiloide fora dos neurônios, essa vacina mira diretamente esses emaranhados dentro das células, um desafio maior, mas com chance de resultados mais eficazes.
Testes em camundongos e primatas já mostraram sucesso. Nos testes, a vacina reduziu o acúmulo da proteína tau e protegendo o cérebro.
Agora, os pesquisadores se preparam para testes em humanos, um passo decisivo que depende de mais recursos e estudos rigorosos. Se funcionar, essa vacina pode frear ou até prevenir o Alzheimer, trazendo esperança para milhões de pessoas no mundo todo.
O futuro da pesquisa e a esperança de um tratamento
Com a plataforma de partículas pseudovirais, já reconhecida por sua segurança e eficácia, a vacina tem um caminho promissor pela frente. No entanto, os cientistas alertam que os testes em humanos são essenciais para confirmar a segurança e a eficácia da abordagem.
O sucesso dessa vacina pode redefinir o tratamento do Alzheimer, oferecendo não apenas alívio sintomático, mas uma solução que ataca a raiz do problema.
Mais de um milhão de pessoas têm Alzheimer no Brasil
O Brasil convive hoje com um desafio silencioso e crescente: estimativas oficiais apontam que cerca de 1,2 milhão de pessoas vivem com demência, e aproximadamente 100 mil novos casos são diagnosticados a cada ano.
Mas esse número pode estar aquém da realidade. Um Relatório Nacional sobre a Demência, divulgado em setembro de 2024, revela que 8,5% da população acima de 60 anos está afetada – o que equivale a cerca de 1,8 milhão de casos, e cerca de 70% desse total correspondem ao Alzheimer.
Esses dados mostram uma provável subnotificação significativa e sugerem que o número real de pessoas com Alzheimer no Brasil possa ultrapassar 1,2 milhão, situando-se potencialmente entre 1,3 e 1,8 milhão.
Tratamentos disponíveis para o Alzheimer
Terapias convencionais (oferecidas via SUS)
- Inibidores da colinesterase — donepezila, rivastigmina (inclusive em forma de adesivo) e galantamina — destinados a fases leves e moderadas da doença;
- Memantina, para casos moderados a graves.
Esses fármacos não interrompem o curso da doença, mas ajudam a retardar o declínio cognitivo e a preservar a funcionalidade diária, ainda que de forma limitada.
Abordagens não farmacológicas
A assistência é complementada por estratégias de reabilitação multimodal:
- Estimulação cognitiva, terapias de reminiscência e validação;
- Incentivo a exercícios físicos, alimentação saudável (dieta mediterrânea, antioxidantes), controle cardiovascular;
- Suporte psicossocial e treinamento para cuidadores, com foco no bem-estar familiar e na qualidade de vida.
Donanemabe (Kisunla)
Aprovado pela Anvisa em 22/04/2025, é um medicamento biológico que retarda a progressão do Alzheimer.
Como funciona:
- Indicado para pacientes com comprometimento cognitivo leve ou demência leve, com placas beta-amiloide (confirmadas por PET ou líquor) e sem gene ApoE ε4 homozigoto.
- Reduz progressão em 35%, desacelera declínio cognitivo em 22% e risco de piora em 39%.
- Remove placas amiloides: 30% em 6 meses, até 76% em 18 meses.
Efeitos adversos e cuidados:
- Risco de inchaço ou micro-hemorragias cerebrais.
- Efeitos incluem reações à infusão, dor de cabeça e alergias.
- Requer exames (PET/líquor), ressonâncias regulares, equipe especializada e suporte para complicações.
Lecanemab (Leqembi): aprovado nos EUA, esperando registro no Brasil
Embora aprovado em janeiro de 2023 nos Estados Unidos, o lecanemab ainda não recebeu autorização da Anvisa. Atua também na remoção de placas amilóide e desaceleração cognitiva, mas continua restrito ao uso em centros clínicos fora do país.
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