O youtuber Felca publicou um vídeo de cerca de 50 minutos reunindo denúncias sobre como perfis e produtores de conteúdo lucram com a exposição e a sexualização de menores.
O material, que mistura trechos de programas, postagens e investigações em aberto, percorre um caminho que começa na “exposição por like”, passa pela chamada “adultização” de crianças e chega a casos graves de exploração, inclusive com indícios de participação de responsáveis.
Segundo Felca, grupos de pedófilos driblam a moderação das plataformas usando códigos, como GIFs, mais difíceis de rastrear por sistemas automatizados, e palavras em inglês.
Um exemplo é “trade” (“troca”), que, segundo ele, indica que o usuário possui material infantil e quer negociar em privado.
“Protejam suas crianças”, pede Felca, dirigindo-se a pais, educadores e qualquer adulto responsável. Assista ao vídeo completo:
Felca estrutura a denúncia em fases. Primeiro, aponta pais e responsáveis submetendo filhos a situações de constrangimento para ganhar visualizações.
Em seguida, entra na adultização: crianças ensinando investimentos, discutindo política, repetindo “mindsets” de influenciadores, para ele, um mau gosto que prepara terreno para algo pior.
Entre os exemplos iniciais, Felca cita o canal “Bel para Meninas”, em que a mãe teria induzido a filha a situações desconfortáveis (inclusive enjoo) para aumentar o engajamento.
Segundo Felca, o influenciador Hytalo Santos acumulava milhões de seguidores nas plataformas. Em seus conteúdos, apresentados como um “reality” com adolescentes, ele se referia às meninas como “filhas” e aos meninos como “genros” e afirmava que todos eram emancipados.
O ponto central da crítica é a sexualização dos menores: beijos, dormir de conchinha, conversas explícitas sobre sexo.
Uma das envolvidas é Kamylinha, que teria começado a gravar aos 12 anos (hoje com 17) e, conforme a denúncia, passou por processo de crescente sexualização, incluindo implante de silicone, shows com coreografias sexualizadas e festas com álcool na presença de adultos.
Felca destaca como mais grave o caso de Caroliny Dreher. Ela teria começado nas redes aos 11 anos, com a mãe gerindo os perfis. Com o tempo, homens adultos passaram a deixar comentários de cunho sexual. Em vez de proteger a filha, o conteúdo teria ficado mais sugestivo com roupas íntimas e danças sexualizadas.
Aos 14 anos, segundo a denúncia, conteúdos explícitos foram comercializados em plataformas +18 sob supervisão da mãe. Parte desse material vazou para fóruns de pedofilia. Pessoas próximas relataram que a adolescente foi afastada da mãe e está com a avó.
Para mostrar o papel das plataformas, Felca criou uma conta do zero e interagiu apenas com vídeos que mostravam crianças.
Em pouco tempo, os algoritmos passaram a recomendar conteúdos que levavam a comunidades onde material sensível circulava.
A crítica central: as plataformas têm tecnologia para coibir a circulação desse material, mas não agem na velocidade necessária. Para qualificar o debate, o vídeo traz ainda uma psicóloga, que explica os efeitos psíquicos duradouros do abuso em crianças e adolescentes.
De acordo com o vídeo e com informações publicamente conhecidas, perfis ligados a Hytalo Santos e Kamylinha foram derrubados pelo Ministério Público para investigação. Sobre Caroliny, o caso segue em apuração; relatos indicam que a adolescente estaria com a avó.
Assista abaixo o episódio do podcast da Brasil Paralelo sobre abuso infantil. Ele trará mais luz a esse problema:
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