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Quem é Miguel Oliveira, conhecido como profeta mirim, que se tornou alvo de polêmica na internet
Adolescente que popularizou o bordão “of the King of the power” realiza cultos em que diz que doentes são curados e arrecada entre R$10 e 30 mil por pregação.
Em uma noite de março de 2025 e o ginásio de uma igreja em Carapicuíba, São Paulo, estava lotado. Centenas de fiéis tinham os olhos fixos em um jovem de 15 anos que estava no púlpito com um microfone na mão.
Miguel Oliveira, rosto juvenil e voz firme, ergue papéis que, segundo ele, simbolizam diagnósticos de câncer e leucemia.
“Eu rasgo o câncer, eu filtro o teu sangue,” proclama, rasgando os documentos diante de uma mulher em lágrimas.
A multidão aplaude. Com 1,3 milhão de seguidores, Oliveira, conhecido como “profeta mirim”, tornou-se um fenômeno nas redes sociais.
No entanto, suas práticas, queenvolvem pedidos de doações e alegações de curas questionadas por especialistas, geram uma série de questionamentos.
Jovem disse que nasceu sem tímpanos e dificuldades nas cordas vocais
Nascido em Carapicuíba, na Região Metropolitana de São Paulo, o adolescente afirma que sua trajetória religiosa começou aos três anos.
Nas pregações, costuma dizer que nasceu surdo e mudo, sem tímpanos nem cordas vocais, e foi curado por intercessão divina, iniciando sua missão. Enfatiza também ter apenas 20% da capacidade visual, informação que ainda não foi confirmada por especialistas renomados.
Membro da Igreja Assembleia de Deus Avivamento Profético, é cada vez mais convidado para pregar em eventos pelo Brasil, de igrejas locais a grandes congressos evangélicos.
Práticas polêmicas
As pregações de Oliveira são repletas de alegações de curas milagrosas de doenças graves, como o câncer.
Em um de seus vídeos mais populares, ele narra casos como o de um paralítico que teria abandonado as muletas e corrido pela igreja.
Em outro registro viral, rasga papéis apresentados como laudos de câncer, leucemia e pneumonia.
Sua assessoria esclareceu ao Metrópoles que os papéis são representações simbólicas, não laudos médicos, e que Oliveira não orienta abandonar tratamentos.
Até agora, não há provas médicas das curas que o jovem afirma fazer ou das condições de saúde que diz ter desde o nascimento.
Uma das pessoas supostamente curadas por Miguel de um câncer, gravou um vídeo em que disse foi curada, mas que o câncer havia voltado:
“Quem cura é Deus e a fé que a pessoa tem. Fui curada, sim, mas o câncer voltou, sim. Não precisam se preocupar que estou me cuidando bem, fazendo os tratamentos”.
Miguel afirma que os laudos de seu nascimento foram perdidos em uma mudança.
Miguel Oliveira pregando. Imagem: Blog do Esmael.
Pedidos de Pix são criticados
A solicitação de doações é outro ponto controverso nas pregações do jovem. Em um culto registrado em vídeo, Oliveira propôs um “desafio de fé”, no qual convidou 30 doadores a contribuírem com R$100 cada e outros quatro a doarem com R$1.000, totalizando R$34.000.
“A rapidez com que você se move é a rapidez com que o milagre [na sua vida] acontecerá”, desafiou Miguel.
De acordo com a assessoria do jovem, nenhum dos valores arrecadados nas celebrações é destinado a Miguel Oliveira:
“Todo o dinheiro vai para a igreja que o convida. Ele colabora com a igreja e o pastor dessa forma, mas não recebe nenhum pix na conta pessoal. Os valores são destinados à obra da igreja”.
Há semanas, o trabalho de Miguel é uma grande polêmica nas redes sociais.
As práticas do adolescente têm gerado um rebuliço na internet:
O pastor Renato Vargens publicou em sua coluna, no portal Pleno News:
“Está rolando um vídeo na internet onde o ‘profeta’ mirim rasga um laudo de leucemia. Se alguém fizer isso com você, rejeite imediatamente. Procure seu médico, faça os exames necessários”.
Outra figura pública que criticou Miguel foi o jornalista Paulo Mathias:
“O caso do tal ‘profeta mirim’ Miguel Oliveira é estarrecedor. Um menino de 15 anos rasgando exames e cobrando fortunas para pregar. Cadê a responsabilidade dos pais e da igreja?”, publicou em sua conta no X.
Apesar das críticas, Oliveira tem defensores.
O influenciador Pablo Marçal afirmou que Miguel Oliveira “não é falso profeta”.
Para o pastor Junior Trovão, as pessoas estão se excedendo ao criticar Miguel Oliveira e que “apesar de ele precisar ser moldado, é melhor que esteja na Igreja que no mundo”.
A assessoria do jovem reforça que ele é orientado por pastores experientes, como Marcinho Souza, e que as críticas frequentemente descontextualizam suas ações.
As críticas escalaram para ameaças nas redes sociais, com comentários no Instagram como: “Ele precisa de um susto, mas tem alguém por trás dele” e “Alguém tem que parar esse moleque o mais rápido possível”.
Isso levou os pais de Oliveira a registrarem queixa na polícia e a contratarem seguranças para eventos.
Em suas redes sociais, Oliveira disse que não quer problemas com ninguém:
“Não quero problema com ninguém. Não quero guerra com ninguém. Eu quero viver em paz. Quero ter todo mundo como meu amigo.
O único reino dividido é o reino cristão. Você não vê católico brigando contra católico. Eu estou fugindo do problema. Quero ter todo mundo como meu amigo”, afirmou em vídeo nas redes sociais.
A senadora Damares Alves manifestou apoio ao jovem e sua família:
“Miguel, soube que você está sendo ameaçado. Diga a seus pais que se quiserem entrar em contato comigo, estou à disposição da família”.
Nesta segunda-feira, o Conselho Tutelar decidiu proibir o adolescente de pregar em igrejas e comparecer a eventos agendados. Além disso, Miguel terá de se afastar temporariamente das redes sociais e retomar as aulas presenciais, onde acumula faltas.
A decisão foi comunicada após reunião com seus pais, Érica e Marcelo, e o pastor Marcinho Silva, da Assembleia de Deus Avivamento Profético.
Segundo o pastor Márcio Silva, a decisão será respeitada para que o adolescente seja preservado:
“Houve uma decisão radical do conselho tutelar, que proibiu o Miguel de viajar, de pregar e usar as redes sociais. Estamos tristes, mas optamos por afastá-lo para evitar mais exposição. Ele aceitou de boa a decisão”, relatou ao jornal O Globo. De acordo com o veículo, o jovem pregador fez uma publicação em seu Instagram afirmando que seu retorno para as redes sociais será “assustador”. No entanto, no fechamento desta redação nada constava no perfil do jovem.
No momento, Miguel verá sua exposição interrompida, enquanto o caso reacende debates sobre a exposição de adolescentes em papéis religiosos e os limites entre a fé e o ilusionismo.