A Polícia Militar de São Paulo registrou quase 3.500 pedidos de afastamento de policiais por motivos de saúde mental desde 2020.
Em 2024, a corporação chegou a um recorde no número de agentes que pediram para deixar voluntariamente o serviço, em um "boom" de saídas que expõe o desgaste e a pressão enfrentados pela tropa.
Apenas no ano passado, 788 policiais militares pediram exoneração, o maior patamar desde 2018 e um aumento de quase 20% em relação ao ano anterior. A maioria das desistências ocorre entre soldados de baixa patente.Paralelamente, os afastamentos por causas psiquiátricas explodiram. Foram 653 licenças no ano passado – quase duas por dia.
O número saltou de 476 em 2020, e a tendência para 2025 é ainda pior, com uma projeção de mais de 800 casos, com base nos 206 pedidos registrados apenas nos três primeiros meses do ano.
Mais da metade (57%) dos policiais afastados no período foi diagnosticada com algum nível de depressão ou ansiedade.
Em média, os agentes passam cerca de 36 dias afastados por esse tipo de questão.
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam que mais policiais tiraram própria vida do que morreram em combate durante 2023.
Ao todo 110 agentes da polícia militar e civil se suicidaram naquele ano, enquanto 107 morreram em combate.
O número representou um aumento de 20% em comparação com os dados do ano anterior.
Em São Paulo o número de agentes que se suicidaram subiu em mais de 80% em 2023.
No estado da Paraíba, por exemplo, os casos de suicídio chegarama a aumentar mais de 700% em apenas cinco anos.
A taxa de suicídio entre policiais é de 20 por 100 mil habitantes, quase três vezes maior que a da população geral.
A psiquiatra Alexandrina Meleiro, que atende policiais e atuou por 32 anos no Hospital das Clínicas da USP, confirmou que a situação "vem piorando ano após ano" durante entrevista para o jornal O Globo.
Ela conta que muitos agentes desenvolvem transtornos de estresse pós-traumático e problemas de saúde física por influência do trabalho:
“Atendo 15 policiais em meu consultório, a maioria com transtorno de estresse pós-traumático. São vários os pacientes que desenvolvem obesidade, colesterol alto, problemas cardíacos, alcoolismo, muito por influência do trabalho que praticam. Não é uma situação nova, mas vem piorando ano após ano”
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo afirma que garante acesso a assistência para seus agentes:
“A instituição oferece atendimento e suporte psicológico aos seus integrantes em todas as regiões do estado, por meio do Sistema de Saúde Mental da PM-SP… Além disso são desenvolvidas ações preventivas e campanhas permanentes de valorização da vida, entre outras iniciativas voltadas ao bem-estar dos profissionais”.
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