O governo dos Estados Unidos intensificou sua presença militar muito perto da Venezuela.
Foram mobilizados cerca de 10 mil soldados, oito navios de guerra, submarinos nucleares e aeronaves, essa é a maior mobilização americana na região em décadas.
Além disso, Trump autorizou a CIA a derrubar Maduro, e cogita operações terrestres contra o regime venezuelano.
O Brasil acompanha a situação de perto, ao passo que a tensão entre EUA e Venezuela está cada vez mais drástica. Lula comentou a questão durante um telefonema de 30 minutos com Trump no dia 6 de outubro.
O presidente brasileiro defendeu que qualquer tentativa de resolução deveria ser feita através do diálogo e não pelo uso da força.
Ele também disse que não fala com Maduro desde que cobrou as atas eleitorais ao ditador após as eleições de 2024.
Além disso, reforçou que o governo brasileiro defende uma transição negociada e democrática para o país, segundo a Folha de São Paulo.
Não é a primeira vez que o presidente se posiciona sobre a tensão. Ele disse que o Brasil manterá neutralidade em entrevista para o SBT no mês passado:
"Brasil vai ficar do lado que sempre teve, do lado da paz. Brasil é um país que não tem contencioso internacional, nem queremos contencioso internacional"
Lula seguiu defendendo uma solução diplomática para o conflito, afirmando ser a solução menos custosa:
"Se tem divergência entre duas nações, não tem coisa melhor, mais barata do que sentar numa mesa de negociação e conversar. Então o país ficará do lado da paz outra vez".
A linha segue o que o Brasil defendeu no discurso de abertura da Assembléia Geral das Nações Unidas:
“Outras partes do planeta já testemunharam intervenções que causaram danos maiores do que se pretendia evitar, com graves consequências humanitárias. A via do diálogo não deve estar fechada na Venezuela”
A tensão entre Brasil e Venezuela não é de hoje, os dois países têm problemas diplomáticos desde a ascensão de Hugo Chávez em 1999.
Em meio à complicada relação entre as duas nações, o governo americano já chegou a sondar o Brasil para articular uma invasão.
O ex-presidente Michel Temer contou que estava sentado com o argentino Maurício Macri, quando Trump propôs uma ação dos países agissem contra Maduro:
"Estávamos eu, Macri [ex-presidente da Argentina] e Santos [ex-presidente da Colômbia]. Trump se sentou e a primeira coisa que nos disse foi: 'Como é que vocês vão invadir a Venezuela?' Ficamos constrangidos, mas explicamos que nossa relação com a Venezuela era boa"
Essa conversa teria acontecido em 2017, momento em que a crise econômica e social venezuelana caminhava para seu apogeu. Temer afirma que Trump foi “facilmente dissuadido” da ação militar durante a conversa.
A última vez que o Brasil embarcou em uma operação militar com os EUA na América Latina aconteceu em 1965. Na ocasião, o governo Castelo Branco enviou 1.250 militares para integrarem as forças da OEA na República Dominicana.
O país passava por uma guerra civil após o assassianto do ditador Rafael Trujillo, objetivo da operação era cessar a guerra e promover uma eleição democrática.
O posicionamento do Brasil nos principais conflitos internacionais no mundo pode ser um indicador de como o país agiria em relação a uma operação no país vizinho.
Tanto o governo Bolsonaro quanto a gestão de Lula optaram por seguir uma posição de neutralidade na guerra entre Rússia e Ucrânia.
Desde o início da guerra, Bolsonaro anunciou que o Brasil não iria aderir às sanções internacionais contra Moscou.
No entanto, votou a favor de um documento da ONU que condenava a guerra. Na época, o país sofreu forte pressão da União Europeia.
Com Lula, o cenário não foi muito diferente. O presidente defendeu uma solução diplomática para o conflito, apesar de se ter relações mais próximas a Putin.
Ele chegou a ir para a celebração dos 80 anos da vitória russa na Segunda Guerra Mundial. A participação fez com que Zelenski recusasse um pedido de conversa por telefone.
O líder ucraniano também já criticou a postura de Lula, afirmando que o presidente brasileiro se atém às narrativas do Kremlin:
"As declarações de Lula não trazem paz de forma nenhuma… Eu simplesmente acredito que ele (Lula) tem sua própria opinião. Os pensamentos não precisariam coincidir com os de Putin".
O governo Lula foi ainda mais incisivo em seu posicionamento contra Israel na guerra ao grupo terrorista Hamas.
O presidente declarou repúdio ao atentado de 7 de outubro de 2023, mas foi muito incisivo sobre a reação israelense.
Ele afirmou em diversas ocasiões que o país estava fazendo um genocídio e chegou a comparar as ações do governo com o holocausto.
O Brasil também entrou em um processo instaurado pela África do Sul contra Israel por violação de direitos humanos na Corte Internacional de Justiça.
Uma das principais questões que uma operação americana poderia causar para o Brasil seria um aumento na entrada de imigrantes no país.
Segundo o Exército Brasileiro, mais de um milhão de venezuelanos entraram no país entre 2018 e 2024 através da Operação Acolhida.
A grande maioria deixou o Brasil em busca de uma oportunidade de se estabelecer em um país hispânico.
Hoje existem 271 mil imigrantes venezuelanos vivendo no Brasil, o grupo superou os portugueses como a maior comunidade estrangeira no país, de acordo com matéria do G1.
Atualmente, a Operação Acolhida conta com um contingente de aproximadamente 10 mil homens e custou R$630,9 milhões desde 2020.
Uma operação americana ou a desestabilização política da Venezuela provavelmente causaria um aumento no fluxo de imigrantes e demandaria uma ampliação da operação.
Além disso, poderia causar um impacto econômico relevante para o estado de Roraima.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, as exportações do estado para o país atingiram cerca de R$228 milhões entre janeiro e junho.
O governo do estado afirma que mais de 70% das exportações locais vão para a Venezuela.
Em termos gerais, o comércio entre Brasil e Venezuela movimentou cerca de R$4,1 bilhões.
As exportações brasileiras para o país caribenho no período foram estimadas em R$2.8 bilhões, o que representa 0,3% das exportações totais no período.
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