O tenente-coronel Mauro Cid declarou que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu, leu e pediu alterações em um decreto que, segundo o inquérito da Polícia Federal, iria anular o resultado das eleições e convocar um outro pleito.
Cid é o primeiro réu a ser ouvido na investigação sobre tentativa de golpe de Estado. Ele prestou depoimento antes dos demais por ter firmado acordo de delação premiada com a Justiça.
Segundo o ex-ajudante de ordens da Presidência, Bolsonaro “reduziu o tamanho” do texto, que inicialmente previa a prisão de diversas autoridades do Judiciário e do Congresso, incluindo ministros do STF e o então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG): “Ele de certa forma enxugou o documento. Basicamente retirando as autoridades das prisões. Somente o senhor (Alexandre de Moraes) ficaria preso”.
A minuta teria sido entregue a Bolsonaro pelo ex-assessor Filipe Martins, responsável por assuntos internacionais.
Segundo Cid, ele não apenas participou da reunião em que as alterações foram feitas como chegou a ler o documento alterado por Bolsonaro. “Quando ele (Martins) saiu, sentou do meu lado, e ali eu vi o documento. Já estava com as correções. Ele estava com o computador para fazer essas alterações solicitadas pelo presidente".
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O encontro foi o primeiro em que Cid e Bolsonaro estiveram frente a frente
informaçãoFoi um encontro inédito: pela primeira vez, o tenente-coronel Mauro Cid depôs pessoalmente diante do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros envolvidos na investigação sobre o plano golpista no país.
Segundo Cid, a pressão para uma ruptura institucional veio de generais da reserva, entre eles Walter Braga Netto e Mário Fernandes. . A intenção seria facilitar a adesão das Forças Armadas a um plano de ruptura.
O relato de Cid também implicou Braga Netto em uma articulação mais profunda: ele teria sido o elo entre o governo e os acampamentos golpistas nas portas de quartéis, e chegou a participar de um plano chamado “Punhal Verde e Amarelo”, cujo conteúdo incluiria prisões e até execuções de autoridades.
“O general Braga Netto trouxe uma quantia em dinheiro que eu também não sei precisar quanto foi. Mas com certeza não foi os R$100 mil, até pelo volume. Eu recebi do general Braga Netto no Palácio da Alvorada e no mesmo dia eu passei para o major De Oliveira.”
Segundo o depoente, o montante foi repassado ao major Rafael Martins de Oliveira, acusado de operacionalizar a trama golpista. A origem do dinheiro seria, “provavelmente”, empresários do agronegócio simpatizantes dos atos antidemocráticos.
Apesar das revelações, Cid foi categórico ao afirmar que não participou diretamente dos atos:
“Eu presenciei vários atos, mas não participei”, disse.
Em outra frente, o militar precisou se explicar sobre áudios vazados pela revista Veja, nos quais critica a Polícia Federal e sugere estar sendo pressionado a mentir. No Supremo Tribunal Federal, minimizou a importância dos áudios, chamando-os de desabafos pessoais, gravados sem seu conhecimento.
Nos áudios, Cid dizia: “Eles (os policiais) queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu. Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira.” Ao esclarecer as falas, afirmou que os áudios foram gravados sem seu consentimento e que refletiam apenas um “desabafo” em meio a uma crise pessoal. “Foi um momento difícil que eu e minha família estávamos passando”, explicou.
Também enfatizou que sua colaboração com as investigações foi voluntária — argumento que fragiliza a narrativa da defesa de Bolsonaro, que busca anular a delação com base em suposta coação.
Mauro Cid também descreveu os impactos psicológicos e familiares do processo: crises emocionais, prejuízos financeiros e um senso de isolamento. Foi neste contexto que, segundo ele, surgiram os desabafos registrados.
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