Em Camaçari, na Bahia, o que era para ser um passo promissor para a indústria automobilística se tornou manchete por motivos bem diferentes.
A gigante chinesa BYD, conhecida pela produção de veículos elétricos, está sendo processada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) por suspeita de manter trabalhadores em situação análoga à escravidão e por tráfico internacional de pessoas.
A ação civil pública foi protocolada nesta terça-feira (27) e pede que a Justiça condene a montadora e duas empreiteiras terceirizadas ao pagamento de R$257 milhões em danos morais coletivos. Mas os valores não param por aí.
Tudo começou em dezembro do ano passado, quando uma força-tarefa formada por diferentes órgãos, como o MPT, Polícia Federal e Ministério do Trabalho, resgatou 220 operários chineses da obra da futura fábrica da BYD no Polo Industrial de Camaçari.
O cenário descrito nos relatórios impressiona: os trabalhadores estavam amontoados em alojamentos precários, dormindo sem colchões, dividindo banheiros entre dezenas de pessoas e sendo vigiados por seguranças armados.
Os passaportes foram retidos, havia jornadas exaustivas sem folga e até cláusulas ilegais nos contratos, segundo o MPT.
Segundo a denúncia, os funcionários chegaram ao Brasil com vistos que não correspondiam às atividades que executavam na obra. Além disso:
Tudo isso caracteriza, segundo o Ministério Público, trabalho forçado e tráfico de pessoas.
Além da BYD, outras duas empreiteiras foram citadas no processo:
Essas empresas seriam responsáveis pela contratação e pelas condições degradantes impostas aos trabalhadores, embora prestassem serviços exclusivos para a montadora chinesa.
O Ministério Público do Trabalho solicita:
A montadora afirmou, em nota, que mantém um “compromisso inegociável com os direitos humanos” e que está colaborando com o Ministério Público do Trabalho desde o início das investigações. Também reforçou que vai se manifestar judicialmente.
“A BYD reafirma seu compromisso inegociável com os direitos humanos e trabalhistas, pautando suas atividades pelo respeito à legislação brasileira e às normas internacionais de proteção ao trabalho.
A empresa vem colaborando com o Ministério Público do Trabalho desde o primeiro momento e vai se manifestar nos autos sobre a ação movida pelo MPT”.
Na época do resgate, a empresa rompeu contrato com a JinJiang e transferiu parte dos trabalhadores para hotéis na região.
Apesar disso, o MPT a considera responsável direta pelas violações, uma vez que as empresas terceirizadas prestavam serviços exclusivos à montadora.
A ação corre na Justiça do Trabalho, e o desfecho pode estabelecer um precedente importante para a responsabilização de multinacionais envolvidas em irregularidades com prestadores de serviço.
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