A Apple confirmou ter removido os aplicativos de relacionamento gay Blued e Finka da App Store chinesa após uma ordem da Administração do Ciberespaço da China (CAC), órgão responsável pela censura e controle da internet.

“Seguimos as leis dos países onde operamos. Com base em uma ordem da Administração do Ciberespaço da China, removemos esses dois aplicativos apenas da loja da China”, informou a empresa em nota enviada à revista Wired.

A medida faz parte da política de endurecimento digital do regime chinês. Usuários nas redes sociais relataram que os dois aplicativos também desapareceram de lojas Android no fim de semana.

Embora quem já os tenha instalado ainda possa usá-los, novos downloads foram bloqueados.

O Blued é o maior aplicativo de relacionamento gay da China, com cerca de 49 milhões de usuários registrados.

Sua controladora, a BlueCity, adquiriu o Finka em 2020 por mais de R$174 milhões e, dois anos depois, foi comprada pela empresa de mídia social Newborn Town, de Hong Kong.

Em 2024, a versão internacional do Blued passou a se chamar HeeSay, popular em países como Índia, Paquistão e Filipinas. Fora da China, o app continua disponível normalmente.

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Censura e controle digital

Ainda não está claro se a remoção dos aplicativos será temporária ou definitiva. Em outros casos, plataformas foram restabelecidas após ajustes exigidos pelo governo.

A China já havia ordenado, em 2022, a retirada do Grindr da App Store local, e em 2024 bloqueou WhatsApp e Threads.

A BlueCity, dona dos apps, também opera o He Health, aplicativo voltado à saúde masculina e à prevenção de infecções sexualmente transmissíveis. A empresa mantém uma ONG reconhecida por programas de combate ao HIV/AIDS, um dos poucos espaços ainda tolerados pelo governo.

A homossexualidade foi descriminalizada nos anos 1990, mas o casamento entre pessoas do mesmo sexo não tem reconhecimento legal.

Nos últimos anos, a ditadura do partido comunista chinês tem censurado e bloqueado organizações e plataformas LGBTQ+ .

Com o banimento do Blued e do Finka, o governo chinês amplia o controle sobre plataformas digitais voltadas ao público gay. As empresas estrangeiras de tecnologia devem seguir as determinações de censura e regulação do país.