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Carol de Toni deixará PL após perder espaço para Carlos Bolsonaro em Santa Catarina

Ana Campagnolo afirma que a parlamentar iniciou tratativas com outros partidos.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
3/11/2025 15:28
Giraba

Nos bastidores da política de Santa Catarina, uma disputa começou a se desenhar. A deputada federal Caroline de Toni, uma das principais aliadas da família Bolsonaro, avalia deixar o Partido Liberal para disputar o Senado em 2026.

O que motivou a decisão foi a preferência do PL pela candidatura de Carlos Bolsonaro, para uma das duas vagas ao Senado pelo estado.

Enquanto aguarda uma definição, Carol recebeu convite do Novo e já foi sondada por outros quatro partidos interessados em tê-la como candidata.

Em outubro, Carlos Bolsonaro visitou cidades do oeste do estado ao lado de Carol, reforçando a aliança entre os dois.

Mas a aproximação teve efeito colateral. A mudança de domicílio eleitoral do vereador carioca para São José (SC), prevista para ocorrer até dezembro, reorganizou o tabuleiro político dentro do PL.

Até então, o plano era claro: lançar duas candidaturas do PL ao Senado: Carlos e Carol.

Mas o projeto esbarrou no acordo com o Progressistas, partido do senador Esperidião Amin, aliado do governador Jorginho Mello, que tenta a reeleição.

O acerto previa que Amin concorreria com o apoio da base governista, enquanto o PL indicaria outro nome para a segunda vaga.

Com a chegada de Carlos, o equilíbrio mudou. Carol de Toni perdeu espaço e passou a considerar novos caminhos fora do partido.

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O que disse Carol de Toni?

Em entrevista, a deputada afirmou que pretende decidir o futuro partidário até março de 2026, prazo final da janela eleitoral.

“Até março, quando abrir a janela partidária, espero resolver isso dentro do meu partido. Se eu não conseguir, vou buscar outro partido para concorrer”.

A informação foi confirmada pela deputada Ana Campagnolo, que afirmou ter conversado com Carol de Toni. Ela afirma que o governador Jorginho Mello disse que não há mais espaço para De Toni no PL. Além disso, a deputada já teria iniciado tratativas com outros partidos após “se ver obrigada a deixar o PL”.

Story de Ana Campagnolo. Imagem: reprodução.

Carol, que entrará em licença-maternidade, afirmou anteriormente que preferiria disputar pelo PL. Mesmo assim, não descarta aceitar o convite de outra legenda, entre elas o Novo, que já formalizou o interesse em tê-la como candidata.

O governador Jorginho Mello (PL) tenta equilibrar a aliança com o PP e a lealdade ao bolsonarismo.

Ao ser questionado, Mello confirmou apoio à candidatura de Carlos Bolsonaro:

“É o candidato do presidente Bolsonaro, então é o meu candidato também.”

Mas evitou se comprometer com os demais nomes:

“Carol e Amin são grandes nomes e estarão conosco. Ainda temos um ano até a eleição e muita conversa pela frente.”

Romper o acordo com o PP poderia isolar o governo estadual, já que a federação União-PP garante tempo de TV e estrutura política que o PL, sozinho, não teria.

Reação de Ana Campagnolo

O impasse gerou desconforto dentro do próprio partido. A deputada estadual Ana Campagnolo confirmou publicamente que o acordo original previa a candidatura de De Toni ao Senado.

“A vaga do nosso PL era da deputada Carol, agora será dada ao Carlos. Eu só disse que as pessoas precisam saber disso, saber das coisas como são”, escreveu nas redes.

Campagnolo destacou que a chegada de Carlos Bolsonaro é bem-vinda, mas alertou para o risco de desunião interna.

“Você é bem-vindo ao nosso estado, amamos receber todos vocês da família Bolsonaro. Mas peço encarecidamente que sua chegada não seja marcada por desunião e que nosso trabalho de base não seja punido.”

Após as declarações, Carlos Bolsonaro reagiu nas redes sociais, afirmando que há “um plano cristalino e diário para desconstruir Jair Bolsonaro” e garantindo que os dois pré-candidatos ao Senado apoiados pelo pai são ele e Carol de Toni.

Publicação de Carlos Bolsonaro. Imagem: reprodução

Campagnolo respondeu novamente, pedindo respeito e transparência:

“Acusar sua sempre aliada de mentira é grave desrespeito. Se o que eu sei é mentira, revele você a verdade. Eu afirmo que a segunda vaga do PL foi prometida ao Esperidião Amin. Se Carlos não está ocupando a vaga que era de Caroline De Toni, por que ela precisa ir para outro partido?”

A parlamentar ainda acusou Carlos de desrespeito e concluiu:

“Eu sou do seu partido, aliada da sua família e competente no meu mandato. Você tem a oportunidade de me tratar com respeito no privado, mas prefere me atacar em público.”

Story de Ana Campagnolo. Imagem: reprodução.

Cenário eleitoral e pesquisas

Segundo levantamento da Paraná Pesquisas, divulgado em outubro, Carlos Bolsonaro lidera a corrida ao Senado em Santa Catarina com 22,2% das intenções de voto.

Carol de Toni aparece logo atrás, com 19,9%, seguida por Décio Lima (PT), com 17,2%, e Esperidião Amin (PP), com 14,5%.

Mesmo sem definição partidária, Carol acredita que representa o eleitorado conservador do estado e que pode disputar com competitividade, dentro ou fora do PL.

A visão é compartilhada por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que publicou nas redes:

“Bolsonarista não se importa com partido, desde que não seja PT e seus puxadinhos. Quem ignora isso vive numa bolha e acaba se desgastando.”

A eleição de 2026 em Santa Catarina deve testar a unidade dos partidos de direita. De um lado, Jorginho Mello busca manter a coligação com o PP para a reeleição.

Do outro, Carlos Bolsonaro e Carol de Toni articulam candidaturas ao Senado, enquanto Ana Campagnolo defende que a chegada do vereador ao estado não afete o trabalho de base do PL no estado.

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