Guilherme Boulos (PSOL) teve um resultado semelhante ao de quatro anos atrás.
Apesar de ter investido 10 vezes mais, o psolista aumentou apenas 7,2% em relação à ocasião em que perdeu para Bruno Covas, então do PSDB.
Na ocasião, após o falecimento de Covas, devido a um câncer fulminante, ele foi substituído por seu vice, Ricardo Nunes (MDB).
O atual prefeito obteve 59,35% dos votos válidos, um percentual muito semelhante ao de Covas, que na eleição anterior teve 59,38%.
Boulos conquistou 40,65% dos votos válidos, também votação muito semelhante à da eleição anterior.
O investimento feito pela campanha do Psolista foi o mais alto da eleição municipal de São Paulo.
Ele gastou um total de R$81 milhões, dos quais R$44,1 milhões foram recebidos do PT, seu principal apoiador e R$36 milhões do PSOL, através do fundo partidário. Outros R$4 milhões foram levantados por meio de doações e financiamentos coletivos, totalizando R$81 milhões.
A campanha de seu principal oponente, Ricardo Nunes, investiu R$49 milhões do fundo eleitoral e partidário de 12 partidos da sua coligação.
Na campanha realizada há quatro anos, o psolista contou com apenas R$7,58 milhões. Em valores atuais seriam R$8,33 milhões hoje.
Dois anos depois, em 2024, ele gastou R$15,7 milhões de reais na contratação de impulsionamento para redes sociais e da prestação de serviços do publicitário Luiz Flavio Guimaraes Marques.
Não foi apenas o montante investido recursos investidos que mudou. O discurso adotado por Boulos também mudou.
Em análise publicada em sua coluna em O Globo, Lauro Jardim ressalta o esforço do candidato para se apresentar ao público como moderado:
“Em 2020, Boulos defendeu as ideias de esquerda que sempre defendeu, incluindo posições progressistas em relação às drogas, ao aborto e à segurança pública. Neste ano, mudou não só de camisa social e adotou um blazer nos debates como tentou adaptar-se ao figurino conservador. Abrandou suas posições de esquerda e até piscou para Pablo Marçal na reta final. O resultado da urna mostra o fracasso da tentativa.”
Também afirma que, embora não existam evidências de que, se tivesse mantido suas posições originais, Boulos teria conquistado mais eleitores, o fato concreto e mensurável é que sua tentativa de se apresentar como um candidato mais aceitável para os conservadores fracassou.
A mudança no discurso do candidato do Psol é clara. Ao longo do período eleitoral, quando era questionado sobre pontos sensíveis em sua trajetória, como sua atuação à frente do MTST, ressalta que trabalhava pelo acesso à moradia, sem fazer referência às estratégias de ocupações de propriedades privadas organizadas pelo grupo.
Também enfatizada que seus apoiadores, como a vice, Martha Suplicy, e o presidente Lula, não eram adeptos de estratégias radicais:
“Diziam que Lula ia fechar igrejas e isso nunca ocorreu”, foi uma das afirmações que realizou.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, após a derrota, comentou que "o PT vai ter que refletir sobre como voltar a ter protagonismo".
O vice-presidente da sigla disse que o partido errou ao apoiar Boulos: “Crônica de uma morte anunciada”. Washington Quaquá defende uma aliança com o “Centrão” para 2026.
O cientista político Christian Lohbauer afirmou que o PT terá de fazer sua autoavaliação. Em sua participação na Cobertura das Eleições Municipais do Brasil Paralelo, ressaltou que a luta eleitoral para 2026 está iniciada e que o desafio do grupo é o de transformar a agenda de reformas de que o Brasil necessita em votos.
Em sua campanha, além de recursos financeiros, Boulos contou com o apoio de figuras políticas de peso, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), e os ex-prefeitos Fernando Haddad, Luiza Erundina e Marta Suplicy.
Esta foi a primeira vez que o político enfrentou uma derrota eleitoral como líder político, e não apenas como representante de movimentos sociais.
Em 2018, ele concorreu à presidência e, em 2020, à prefeitura, ganhando destaque por sua militância.
Em 2022, ele se tornou o deputado federal mais votado por São Paulo, com 1.001.443 votos.
Em discurso nas redes sociais, após a derrota ele declarou que sua campanha restaurou a dignidade da esquerda brasileira.
Ao se pronunciar após a divulgação da derrota, ele afirmou que não faria um "discurso de perdedor". Também desejou que os paulistanos tenham forças para evitar o pior:
“Eu me preocupo com o futuro da nossa cidade, com o que é a infiltração do Bolsonaro e do crime organizado na maior prefeitura do Brasil. Eu espero que o povo de São Paulo e do Brasil tenha forças para evitar o pior”.
Disse também que é possível fazer política de um jeito diferente. E agradeceu a todos os seus apoiadores, principalmente de sua vice, Martha Suplicy e do presidente Lula:
“Nos momentos mais difíceis dessa campanha o Lula me falou: siga em frente se você é quem você é. A única luta que se perde é aquela que se abandona, e nós não vamos abandonar jamais”.
Os resultados do cenário eleitoral brasileiro indicam que a disputa para 2026 está aberta e que talvez seja necessária a reestruturação de partidos políticos tradicionais.
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