A teoria do apego, criada por John Bowlby, inicialmente buscava entender a psicologia do bebê em seu apego aos pais. Posteriormente, os estudos de Bowlby descobriram dependências sociais existentes na vida adulta, podendo elucidar problemas de relacionamento e ajudar a resolvê-los através do teste presente neste artigo.
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A teoria do apego é uma corrente da psicologia que estuda o processo de formação dos relacionamentos humanos, especialmente a importância do vínculo com os pais para a formação da personalidade.
A teoria foca em explicar como a relação com os pais afeta o desenvolvimento da personalidade do filho. As pesquisas do ramo, especialmente de John Bowlby, demonstram a necessidade do ser humano de viver em sociedade, especialmente em família.
O pioneiro do campo foi John Bowlby, a partir da publicação do livro Apego e Perda, o primeiro da trilogia de mesmo nome.
A teoria do apego afirma que a necessidade de sobrevivência dos filhos para com os pais não afeta apenas a vida biológica, mas também a psicológica.
Por afirmar a importância do meio familiar no comportamento, muitos alegaram que a teoria do apego é uma corrente do behaviorismo. John Bowlby, porém, negou tal alegação.
Após a publicação das teorias de Bowlby, o psicólogo Harry Harlow realizou um experimento polêmico, que serviu para dar maior sustentação à teoria do apego.
Experimento de Harlow
O psicólogo estadunidense, Harry Harlow, realizou um longo estudo para comprovar a teoria do apego, em meados do século XX.
Existe um tipo de macacos que se aproximam do modo de convivência humana, os macacos rhesus. Usando estes macacos, Harlow separou um grupo de filhotes de suas mães para analisar quais seriam os efeitos do distanciamento.
Na jaula dos filhotes isolados, Harlow deixou uma mamadeira (que os macacos sabem usar) e um boneco de pelúcia semelhante a um macaco adulto.
Os filhotinhos sabem usar a mamadeira, mas mesmo assim, após um longo período sem alimentação, a escolha primeira e definitiva era pelo macaco de pelúcia.
Os macaquinhos se agarravam na pelúcia e não a soltavam. Passavam horas abraçados à ela.
Harry Harlow fazendo seu experimento. Macaco Rhesus agarrado ao macaco adulto de pelúcia.
Radicalização do experimento
Para ter uma consciência ainda maior do efeito do isolamento nos macacos, Harlow isolou outros macacos rhesus em jaulas menores e os deixou sozinhos por anos.
Sem relacionamentos, os macacos mudaram todo seu comportamento. Ao serem privados do relacionamento com os pais, consequências graves foram observadas:
muitos ficavam parados olhando para nada;
andavam em círculos;
outros se auto-mutilavam.
Eles não conseguiam se relacionar com outros macacos na idade adulta. Não procriavam e não conviviam com outros macacos de forma natural. Grande parte deixou de comer e morreu após uma vida em estado catatônico.
Para alcançar ainda maiores resultados na sua pesquisa, Harlow usou inseminação artificial para engravidar a força algumas das fêmeas isoladas durante a infância.
As mães isoladas não conseguiam conviver com seus filhotes. Muitas não os alimentavam, outras os ignoravam completamente. Alguns dos macacos isolados na infância passaram por práticas de ressocialização, mas nenhuma foi totalmente bem sucedida.
Harlow concluiu que a necessidade de contato e carinho por parte dos pais é essencial para o desenvolvimento de uma personalidade saudável.
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Na época que o resultado foi divulgado, muitos ficaram surpresos: o elemento transcendente prevaleceu ao utilitarista.
E se o experimento fosse com pessoas?
As conclusões do experimento podem ser levadas aos seres humanos. Não é exagero afirmar que as crianças que não recebem o afeto necessário desde pequenas têm mais dificuldades em desenvolver relações saudáveis.
O que acontece com as famílias quando há interferências em suas relações de afeto?
Para entender como os experimentos sociais do século passado afetam nossa vida hoje, Brasil Paralelo convidou um time de especialistas internacionais para apresentar uma tese inédita no país.
Tudo foi revelado em detalhes no próximo documentário, O Fim da Beleza, que estreia no dia 21 de fevereiro.
O estudo de Harlow também demonstrou o que as fases da teoria do apego já afirmavam.
As 3 fases da teoria do apego
Uma mãe apaixonada com seu filhinho.
As fases da teoria do apego são:
estabelecimento do laço principal;
cuidados contínuos (fase do perigo da ansiedade);
formação do comportamento e dos valores;
Estabelecimento do laço principal
Para Bowlby, o laço principal é formado com a mãe biológica. Segundo ele, o laço era formado durante a gestação. Hoje em dia sabe-se que o bebê humano consegue reconhecer e distinguir a voz da sua mãe biológica dos demais, diz o médico neurologista Leandro Teles.
Bowlby afirma que caso a união do bebê com a mãe for cortada, a criança sofrerá consequências negativas drásticas durante sua vida, mesmo que a separação ocorra logo após o nascimento.
Cuidados contínuos
A teoria do apego afirma que o contato da mãe com o filho deve ser contínuo. Se a mãe se separar de seu filho por um tempo longo e voltar aos cuidados dele, mesmo ele ainda sendo um bebê, problemas comportamentais graves podem ser gerados.
Uma ansiedade semelhante à demonstrada no experimento de Harlow pode surgir.
Bowlby estabeleceu a fase principal de cuidados contínuos sendo dos seis meses aos dois anos de idade, afirmou Tatiana Pimenta, fundadora do site de psicologia Vittude.
Alguns dos possíveis problemas resultantes são:
depressão;
agressividade;
delinquência.
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O psicólogo Lipot Szondi também falou sobre a importância da família para a mente em sua Teoria do Inconsciente Familiar.
Ele diz que é possível explicar o que motiva as pessoas, entendendo que seus antepassados pedem a repetição de seus sucessos e fracassos. Para o Dr. Lipot Szondi, há nas pessoas uma inclinação a repetir os processos de seus familiares antepassados.
Ao teorizar sobre o inconsciente familiar, é como se pensássemos em uma linha pelas gerações. Ela começa nos parentes que vieram antes e sua ponta desenrolada está com a pessoa do presente. O recém-nascido sofre o impacto das condições físicas externas e adversas ou de tendências mórbidas de sua hereditariedade.
Formação do comportamento e dos valores
Após os dois anos de idade, a criança começa a fase da formação do imaginário na teoria de John Bowlby.
Nessa fase a pessoa projeta sua vida a partir do que ela entende ser sua realização. Essa projeção é formada a partir das histórias - narrativas - e exemplos que ela teve ao longo de sua vida.
Bowlby dava destaque para a influência que os responsáveis da criança têm no desenvolvimento da personalidade.
Se o exemplo e o relacionamento entre as duas partes for bom, o adulto provavelmente crescerá confiante. Se o exemplo e a relação forem negativos, a pessoa pode tornar-se insegura, não compreendendo o mundo sentimental e afetivo adequadamente.