Carreira e obra de Mario Amorós: especialista em ditadura chilena deu entrevista a Brasil Paralelo sobre a formação do fascismo

Infância e formação de Mario Amorós

Mario Amorós Quiles nasceu em Alicante, no dia 11 de agosto de 1973, e passou seus primeiros anos em Novelda, na mesma província espanhola. Formou-se em Jornalismo pela Universidade Complutense de Madrid (UCM).

Posteriormente, concluiu Licenciatura e Doutorado em História na Universidade de Barcelona (UB), tendo obtido a nota máxima “com distinção e louvor por unanimidade”. Sua tese de doutorado foi uma pesquisa sobre o sacerdote valenciano Antonio Llidó, que desapareceu no Chile em 1974, e foi dirigida pelo professor Miquel Izard.

Carreira como jornalista

Com sólida atuação, tanto como jornalista quanto historiador, Amorós publicou entrevistas, reportagens e artigos em importantes veículos da Espanha. Jornais como El País, La Vanguardia, La Voz de Galicia, Público e La Razón citam Mario como referência. 

Também produziu para Le Monde Diplomatique e revistas especializadas como Historia 16 e La Aventura de la Historia.

No Chile, colaborou com El Siglo, Punto Final, La Tercera. De 2003 a 2013, foi coeditor da seção sobre o Chile no jornal Rebelión, ao lado do historiador Franck Gaudichaud. 

Também contribuiu com o livro Cuando hicimos historia. La experiencia de la Unidad Popular (LOM Ediciones, Santiago de Chile, 2005). Ele escreveu o artigo “La Iglesia que nace del pueblo: Relevancia histórica del movimiento Cristianos por el Socialismo”. 

Seus trabalhos biográficos sobre Salvador Allende, Miguel Enríquez, Pablo Neruda, Augusto Pinochet e outros são frequentemente citados como referências na área. 

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Principais temas de pesquisa de Mario Amorós 

Amorós se posiciona como um historiador comprometido com a rigorosa reconstrução histórica. Ele enfatiza a importância da memória democrática e dos direitos humanos, sem adotar visões apologéticas de regimes autoritários. Seus principais focos de estudo são:

• História contemporânea do Chile: Amorós é especialista na análise do período da Unidade Popular (1970-1973), incluindo a eleição de Salvador Allende, reformas sociais, nacionalização do cobre e políticas educacionais e de saúde
• Ditadura de Augusto Pinochet: estudo da repressão política, prisões, desaparecimentos forçados e impacto social, com destaque para obras como Pinochet. Biografía militar y política (2019).
• Movimentos de esquerda latino-americanos: análise de grupos como o MIR (Movimiento de Izquierda Revolucionaria) e figuras como Miguel Enríquez, explorando militância, repressão e legado histórico.
• Biografias políticas e culturais: produção de biografias detalhadas de Salvador Allende, Víctor Jara, Pablo Neruda, Dolores Ibárruri e Antonio Llidó, mostrando como vidas individuais se entrelaçam com processos históricos e políticos.
• Memória histórica e direitos humanos: enfoque na preservação da memória de vítimas de regimes autoritários e ditaduras, contribuindo para exposições, documentários e seminários educativos.

Para aprender mais sobre Pinochet e seu regime ditatorial, leia o artigo da Brasil Paralelo sobre os 51 anos da ascensão de Pinochet.

Principais livros de Mario Amorós

Autor de obras consultadas internacionalmente, seus livros estão presentes em cerca de mil bibliotecas ao redor do mundo. 

São usados como referência em estudos sobre Salvador Allende, Augusto Pinochet, Víctor Jara, Pablo Neruda e outros personagens históricos. Conheça os principais:

• Chile, a ferida aberta (2001): oferece numa análise inicial o contexto histórico e político do Chile, destacando as tensões sociais que antecederam a ditadura.
• Depois da chuva. Chile, a memória ferida (2004): aborda a urgência da memória histórica sobre abusos políticos e sociais após o regime.
• Antonio Llidó, um sacerdote revolucionário (2007): narra a vida do padre espanhol Antonio Llidó, sua militância em favor dos pobres no Chile e seu desaparecimento sob a ditadura de Pinochet.
• A memória rebelde. Testemunhos sobre o extermínio do MIR: de Pisagua a Malloco (2008): reúne depoimentos sobre a repressão contra o Movimento de Esquerda Revolucionária no Chile. 
• Camarada Presidente. Salvador Allende, uma vida pela democracia e o socialismo (2008): biografia política que retrata a trajetória de Allende desde sua militância até seu legado histórico.
• Sombras sobre Isla Negra (2012): explora aspectos culturais e pessoais relacionados à vida de Pablo Neruda e à região de Isla Negra.
• Allende. A biografia (2013): uma análise detalhada da vida e obra política de Salvador Allende.
• Miguel Enríquez. Um nome nas estrelas (2014): retrata a trajetória do líder do Movimento de Esquerda Revolucionária chileno, Miguel Enríquez.
• Neruda. O príncipe dos poetas (2015): biografia de Pablo Neruda, destacando sua poesia e engajamento político.
• Uma marca inesquecível. Antonio Llidó, o sacerdote detido-desaparecido (2016): revisita a vida e militância de Antonio Llidó, ressaltando seu desaparecimento político.
• Uma lenda feita guitarra. Eulogio Dávalos. Memórias (2016): biografia intimista de Eulogio Dávalos, com prólogo de Joan Manuel Serrat.
• Conversação íntima com Karen (2017): relato pessoal sobre Karen, ligado à memória democrática e histórica chilena.
• Rapa Nui. Uma ferida no oceano (2018): estudo sobre a situação política, cultural e ambiental da Ilha de Páscoa.
• Pinochet. Biografia militar e política (2019): detalha a carreira militar e política de Augusto Pinochet no Chile.
• Entre a aranha e a flecha. A trama civil contra a Unidade Popular (2020): analisa a participação de setores civis na desestabilização do governo de Allende.
• A vida é eterna. Biografia de Víctor Jara (2023): biografia do músico e ativista chileno Víctor Jara, destacando sua arte e martírio.
• Salvador Allende. Biografia política, semblança humana (2023): nova versão da biografia de Allende, oferecendo um olhar renovado sobre sua figura histórica.
• O único caminho, edição com memórias inéditas de Amaya Ruiz Ibárruri (2023): reúne as memórias de Amaya Ruiz, filha de Dolores Ibárruri, a Pasionária.

Confira a lista de obras de Mario no site do evento Ayuntamiento de Mieres do qual participou.

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Posições de destaque que Mario Amorós ocupou

Os trabalhos de Amorós lhe renderam convites para palcos de grande prestígio no cenário acadêmico. Dentre os principais verifica-se: 

Foi professor convidado na Faculdade de Filosofia e Humanidades da Universidade do Chile. Ministrou cursos e palestras sobre história contemporânea chilena.

Participou do Conselho Assessor da Cátedra de Memória Histórica do Século XX, na Universidade Complutense de Madrid. Contribuiu com expertise acadêmica em projetos de memória histórica.

Ministrou palestras temáticas em que abordou temas como ditaduras latino-americanas, Salvador Allende, Unidade Popular, Augusto Pinochet e memória histórica do Chile.

Recebeu convites para entrevistas e colaborações em meios internacionais. CNN Internacional, Clarín, Radio Cooperativa, entre outros, o convidaram para participações, atestando sua reputação como especialista confiável.

Trabalhou como assessor histórico em projetos culturais e acadêmicos. Contribuiu com exposições, documentários e séries de TV, integrando sua pesquisa acadêmica à divulgação histórica. 

Alguns exemplos incluem: 

• Los mil días de Allende (TVN Chile e TVE Espanha, 2023): Minissérie histórica que retrata os três anos do governo de Salvador Allende, desde sua eleição até o golpe de Estado de 11 de setembro de 1973.
• Exposição “A história é nossa. Salvador Allende e a Unidade Popular” (2023): Realizada no Museu Nacional de Antropologia em Madrid. Apresentou uma narrativa visual e documental sobre o governo de Salvador Allende e a coalizão política da Unidade Popular, que governou o Chile entre 1970 e 1973.
• Documentário Dolores Ibárruri, Pasionaria (2025): Biografia da líder comunista espanhola, Dolores Ibárruri, conhecida como La Pasionaria.

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Foi conferencista internacional. Participou de seminários e conferências em universidades e instituições como:

• Instituto de Estudos Latino-Americanos, Universidade de Estocolmo (Suécia)
• Várias universidades espanholas: Complutense de Madrid, Universidade de Barcelona, de Valência, Autônoma de Madrid, Alicante, Sevilha, País Basco
• Instituições chilenas: Universidad Central, Universidad ARCIS, Universidad de Chile e Pontifícia Universidad Católica do Chile

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